Ainda bem
Se há alguns anos tivessem me pedido para imaginar os meus dias atuais, eu teria errado na mosca. Talvez até me visse como pai, mas não fazia ideia do pacote de transformações que viria junto com esse pequeno ser. |
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Filho te transforma de um jeito que você se vê perdido em muitos momentos. E sua parceira que seu parceira também está em situação semelhante. Já ouviu aquela expressão “igual cego em tiroteio”? Pois bem... são dois cegos nesse caso. |
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A gente se perde no choque de emoções. Na inexperiência do dia a dia. Na falta de paciência. Na vontade de fugir sem saber pra onde. Nas noites mal dormidas. Nas consultas ao pediatra. |
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“Calma, vai passar”! |
Mas até passar é duro. E às vezes, na maioria das vezes, não estamos no melhor da nossa forma física e mental pra simplesmente esperar passar. Não necessariamente tudo passa. Na verdade, tudo se transforma. E muito pela força que tiramos sei lá de onde pra conseguirmos evoluir. |
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E sabe quem vai estar ao seu lado nesses momentos? Aquele outro cego... com as mãos estendidas na escuridão procurando um toque, um aperto de mão. Um “vem comigo”. São vocês dois que vão passar por isso juntos. E se não se derem as mãos, talvez deem com a cara num muro. Talvez se machuquem. Talvez machuquem o outro. |
No escuro, é melhor estender a sua mão. |
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Ninguém disse que seria fácil, e se tivessem dito que seria difícil, sumariamente teria ignorado. Ainda bem que segui em frente... |