Despedimos de Dexter, um serial killer que morreu mas não foi enterrado.
Despedimos de Dexter, um serial killer que morreu, mas não foi enterrado. | ||
Foi isso que os produtores de Dexter quiseram nos mostrar. A morte para ele seria pouco para pagar pelos crimes que cometeu, dando a ele a dor eterna, forjando sua morte (após tentativa de suicídio) e se separando de seu filho para viver uma vida pacata, até que a morte humana o levasse. Foi isso o que eles fizeram e que não deveriam ter feito, de jeito algum. | ||
Primeiramente, Dexter não precisava de punição. A premissa do personagem indica que suas ações são decorrentes de uma necessidade incontrolável de matar, e que desvia-as para quem merece morrer, da mesma forma que um viciado não consegue largar as drogas ou quando um doente mental comete algum crime devido a sua situação neurológica. Dexter é sim uma boa pessoa, apesar da sociopatia, e isso que fez-nos apaixonar pelo personagem, na maioria das vezes, avalizando as suas ações. | ||
A morte talvez caísse bem para o personagem, dependendo da forma que fosse inserida, porém difícil acreditar num fim digno para o personagem criado pelas mãos dos roteiristas e produtores que estragaram a série após a sua quarta temporada e que nos deu uma temporada final para ser esquecida, de longe, a pior temporada que a série já teve. | ||
Porém, conseguimos destacar algo positivo do series finale, como a finalmente ousadia que tanto pedimos durante anos. Matar Debra foi uma boa saída para dar a Dexter (mais uma vez) a dor da morte que tanto causou, ainda mais sendo responsável direto por ela. O problema é que ao pensarmos nos motivos que levaram a morte de Debra, a ânsia de vômito é sentida em nossos estômagos, pois alguns fatos denigriram a situação, que poderia ter sido encarada com bem mais louvor. | ||
Debra é levada a um estado calamitoso de saúde por um psicopata que não é nem de longe um dos mais perigosos que a série já teve, e que foi inserido "meio nas coxas" na reta final da temporada após mais uma atitude pífia e negligente de Dexter. E como se não bastasse, Dexter pratica a eutanásia em sua irmã, tirando sim a vida dela desnecessariamente. Quem é ele pra dizer que Debra poderia ou não viver daquela forma? Ele não acredita em milagres, mas não era a pele dele que estava em jogo. Outras dúzias de situações eu poderia colocar para refutar a atitude de Dexter, que até levou a um fim interessante, porém desenvolvido de forma amadora, completamente. | ||
Mais uma vez o amadorismo daqueles que deveriam ser profissionais jogam na tela coisas inverossímeis ao desenvolvimento básico da dramaturgia. Repugnante a cena onde Dexter sai do hospital na maior tranquilidade com o corpo de sua irmã nos braços, sem segurança, sem câmeras, sem nada ou ninguém para impedi-lo. Alerta de furacão não é justificativa, poupe-me. Da mesma forma repugnante vê-lo enfrentando com um talher o seu rival armado, sendo salvo bisonhamente por Batista. | ||
Incrível a rapidez que tudo foi mostrado. Em poucas horas, Debra já é operada, passa bem, sofre um revertério, e o diagnóstico é dado instantaneamente, causando uma decisão ainda mais instantânea de Dexter. Aquilo é situação para dias ou semanas. Dexter nem precisava matar sua irmã naquele momento. Com todos mortos, sem ninguém para atrapalhá-lo, com Hannah a salvo, sua atitude desesperadora não condiz com os fatos. Uma sequência imensa de atropelamentos. | ||
Atitudes como essas marcaram a série de forma negativa e foi mais uma vez notada em dezenas de momentos nessa última temporada. Além de um desenvolvimento infeliz, os produtores seguiram um caminho novelesco, aquele que até Deus duvida. Pífio, extremamente. | ||
Sem contar que a história não chegou ao fim. Inadmissível o fim da série com Dexter vivo. Inaceitável sabermos que ele viverá aquela pacata vidinha normal, para não colocar mais em perigo as pessoas que ama e não cairá em "tentação sanguínea". Além disso, todos os personagens terminaram de forma pífia, sem o sentido de existência: | ||
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Não vem com essa história que o que importa é o fim de Dexter porque não é. Isso é desculpa dos produtores por não terem sidos capazes de desenvolver um fim digno para todos, por pura incompetência. | ||
Perguntas, perguntas e mais perguntas. A série termina bisonhamente, pois ainda dá margem para muita, mas muita história. Se fosse um season finale, até poderíamos "aceitar um pouco", mas "series finale" não dá. Aliás, os lampejos que a série nos deu após a quarta temporada foram nos iludindo a continuar com a série, fazendo-nos torcer para que a série voltasse aos bons tempos. Tudo em vão. Se parássemos no fim da quarta temporada e víssemos apenas o "series finale", teríamos sofrido menos, muito menos. | ||
Mas nem é bom especularmos o que será a vida de Dexter após ter ido de encontro ao furacão, em busca da morte, sem êxito. Vai que o "Showtime" anima e continua com a série, ou encomenda uma espécie de spin-off. Melhor aceitarmos essa atrocidade e esquecer os últimos anos da série, aquela que tinha tudo para ser uma das melhores de todos os tempos, e que nos dá uma temporada final irreciclável, medíocre, abominável. | ||
Despeço-me de Dexter após 103 publicações no "Viciado em Série" com mágoa. Não apenas pelo series finale - que se pormos na balança não foi o pior episódio da temporada - mas por ser testemunha da decadência gritante de uma das séries responsáveis por eu entrar no mundo das séries e ainda lamentando eternamente por ter acreditado nela após a quarta temporada. | ||
Da mesma forma que seu "Dark Passenger", Dexter, nos livramos de você. |