Dorival, o mago?
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Dorival, o mago?

E o Flamengo vence pela primeira vez na história o Avaí, na Ressacada. Quebras de tabus fazem muito bem para o espírito de um time e, essa em particular,  obtida debaixo de um sol à pino, com estreia de Arturo Vidal e mais uma grande atuação ...

Fernando Escobar
4 min
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E o Flamengo vence pela primeira vez na história o Avaí, na Ressacada. Quebras de tabus fazem muito bem para o espírito de um time e, essa em particular,  obtida debaixo de um sol à pino, com estreia de Arturo Vidal e mais uma grande atuação de Pedro, mostra que o time de fato "virou a chave" e se torna um grande candidato a brigar em todas as frentes que disputa. 

Corneteiros em geral, lobistas dos técnicos brasileiros e outros caçadores de cliques arvoram-se em elevar Dorival à categoria de "grande técnico", aproveitar para esculhambar Paulo Sousa como se sempre tivessem tido razão e ignorar que o campeonato brasileiro ainda tem nas duas primeiras posições, dois times comandados por treinadores portugueses. 

Mas, será que Dorival é isso tudo, mesmo? Antes de ser mal interpretado, quero deixar claro que acredito que Dorival Júnior seja um grande técnico, dentre os brasileiros em atividade, indiscutivelmente, um dos melhores (e nem acho que a falta de títulos expressivos seja um desabonador de seu trabalho). É ousado, gosta de jogar com a bola nos pés (incrível haver técnicos que gostem de jogar "sem a bola" e ainda sejam chamados de bons!), ofensivo e, no aspecto pessoal, é calmo, centrado e conciliador.

Só que, a exemplo de 2019 (guardadas as proporções) uma conjunção de fatores parece que vai ajudar o time em campo a esconder as trapalhadas e a ineficiência da diretoria e, como JJ, Dorival é apenas mais um deles. Senão, vejamos:

1) Quais técnicos aceitariam treinar um clube sabendo que viriam para se submeter aos caprichos de uma panelinha de mimados, sem garantia de continuação do trabalho, mesmo que seja campeão (vide Ceni) e sem qualquer respaldo da diretoria? Você aceitaria? Ah, mas é o Flamengo! Lógico, uma vitrine que fez Paulo Sousa largar a Copa do Mundo, mas que não conseguiu um Vitor Pereira, foi rejeitada  por Cuca (ainda bem!) e outros mais. 

2) Sem alarde, a diretoria também mexeu no DM (ainda estou devendo um texto), o time já não se cansa nem se lesiona mais como no início do ano e, além disso, vai chegando ao auge da forma, quanto mais se aproxima o fim da temporada. 

3) Um dos principais aspectos é, para mim, a entrega do time e o "comprometimento da panela" (legal, a gente joga com vontade, mas o Diego Ribas tem que entrar nem que seja no final do jogo, o Filipe Luís também, no começo). Dorival está fazendo o oposto do que a diretoria pediu a Paulo Sousa, acomodou os ânimos e (aqui não sei se foi ele ou se foi senso de preservação dos jogadores) fez com que as estrelinhas mimadas percebessem que não poderiam fritar mais um técnico sob o risco de se transformarem nos primeiros ídolos a sair pela porta dos fundos de um clube. 

No meu primeiro texto aqui na pingback, escrevi sobre o aspecto psicológico da equipe e de como, naquele momento, estaria "caindo a ficha" para os jogadores de que 2019 e 2020 ficaram no passado e que precisavam se entregar mais em campo, acho que agora a ficha caiu de vez.

Reforços estão chegando, alguns medalhões já se foram (Renê, Arão), Diego Ribas disse que ainda vai tentar jogar nos EEUU  (que seja feliz), Filipe Luís diz que joga mais um ano, Gabigol aceita jogar mais de garçom do que de matador, Everton Ribeiro, corre mais do que seu corpo  parece poder, Diego Alves se recolheu à sua insignificância (atual, ele foi relevante no passado), mas o importante é que o time está de espírito renovado e forte na briga pelos títulos.

Dorival tem grande percentual nesse sucesso, mas, certamente não é um mago!

Fique bem.