"Dr. Doom" alerta sobre crise econômica sem precedentes que está por vir

Crítico feroz do sistema financeiro global, que lhe valeu o apelido de Dr. Doom, o economista Nouriel Roubini ficou famoso por prever a crise imobiliária dos EUA em 2008. Agora em seu novo livro "Megathreats", Roubini alerta para novas ameaças que estão por vir, resumidas em um artigo do Financial Times e publicado pelo Valor:

Dívida pública e privada

A dívida pública e privada, que já ultrapassa 350% do PIB mundial, deverá provocar uma crise sem precedentes na próxima década. E cada possível remédio para impedir esse iminente desastre traz seus próprios perigos: o paradoxo da poupança, o caos de um calote, o “risco moral” de um pacote de socorro, os impostos sobre a riqueza ou o trabalho, que matam o investimento ou atingem os mais necessitados, a inflação que encolhe o valor a ser recebido pelos credores. “Escolha seu veneno”, escreve Roubini. E manter as taxas de juros baixas enquanto se permite o acúmulo de mais dívidas, apenas levará a uma forma diferente de prestação de contas.

Déficit atuarial

Bomba-relógio do déficit atuarial: Mesmo as sociedades mais ricas não são ricas o suficiente para honrar todos os compromissos assumidos com as crescentes fileiras de aposentados. Estima-se que o déficit atuarial dos sistemas previdenciários governamentais nas 20 principais economias soma impressionantes US$ 78 trilhões.

Colapsos cambiais

Colapsos cambiais e instabilidade econômica podem desencadear um colapso da união monetária europeia. A turbulência financeira também levará a mais protecionismo e à reorientação da produção industrial, provocando a desglobalização e a fragmentação do nosso mundo interconectado.

Briga EUA x China

A luta pela supremacia tecnológica entre EUA e China agravará ainda mais as tensões geopolíticas existentes. Isso poderia desencadear uma guerra entre as duas superpotências rivais.

Mudanças climáticas

As previsões não são menos pessimistas em relação às mudanças climáticas. Para o economista, todos os consertos econômicos ou tecnológicos que teriam alguma chance de resolver um problema dessa escala (pense nos impostos mundiais sobre a emissão de carbono) são politicamente impossíveis ou proibitivamente caros.

A única jogada salvadora que Roubini enxerga é a chance de que a inovação tecnológica leve a uma aceleração tanto da produtividade econômica quanto dos avanços ambientais. Um crescimento econômico forte, inclusivo e sustentável de mais de 5% ao ano poderia conter muitas dessas tendências perigosas e nos permitir arcar com uma renda básica universal.

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