A arte de conhecer o desconhecido

Pode reparar. É só abrir uma conversa em que amigos trocam informações sobre artistas e músicas que surge alguém citando / indicando algum "desconhecido". Dizem que as pessoas fazem isso para parecerem descoladas (esse termo é muito cringe, concordo), ou tentarem se mostrar superiores às demais do grupo. Pode até ser, em alguns casos, mas discordo que isso possa ser generalizado.

Lembro de uma ocasião em que amigos estavam comentando que "o povo gosta sempre das mesmas bandas antigas". Daí um citou "mas não valorizam o Simple Minds". Alguém soltou um "verdade!". Outro emendou: "Já ouviram Ocean Colour Scene? Se não ouviram, deveriam". Saiu um "bem lembrado" de outro do grupo. Veio mais um. "Curto Kula Shaker". "Ah, Kula Shaker, lembrei. Boa".

Na minha vez, achei que nem valeria a pena recomendar nada porque o povo ali era muito conhecedor de música. Mas arrisquei: "Die Tosen Hosen". Silêncio! "Que p...é essa, Flesch?". "Busca no YouTube uma música chamada 'Here Comes Alex".

Saí do debate com "mérito" de especialista, mas acho que o ponto é que às vezes você não quer mostrar que sabe mais, mas que sabe, que tem conteúdo para permanecer na conversa. É apenas uma pessoa que gosta do papo que está rolando, quer ir adiante, mas nem por isso  vai perguntar para os integrantes da conversa se eles conhecem U2.

O importante é aprender com todo mundo. Outro dia fiz um post no Twitter sobre Mau y Ricky, dupla latina que está bombando na Argentina. Confesso que fui atrás de músicas do duo para saber de que se tratava. A indicação veio justamente de um amigo argentino.

O ideal é não perder a oportunidade. Uma vez, na faculdade, um sujeito sugeriu para mim e para um amigo que saíssemos "ao menos um pouco" do rock e do pop, e ouvíssemos mais música instrumental. Um tempo depois o Metallica gravou com orquestra regida pelo Michael Kamen. Se eu encontrar o sujeito de novo, vou perguntar "Já saiu ao menos um pouco da música instrumental para escutar rock?"