"Oh, Sister" é a quinta canção do álbum Desire (1976), que seguiu o aclamado Blood On The Tracks (1975). Incomum para Dylan, o seu disco de sabor cigano traz composições em parceria com Jacques Levy. Ao apresentar esta canção num programa de ...
"Oh, Sister" é a quinta canção do álbum Desire (1976), que seguiu o aclamado Blood On The Tracks (1975). Incomum para Dylan, o seu disco de sabor cigano traz composições em parceria com Jacques Levy. Ao apresentar esta canção num programa de televisão, Dylan a dedica a alguém que está na plateia, certamente se referindo a Joan Baez: | ||
O grande destaque desta canção é o violino de Scarlet Rivera. Já em relação à letra, os críticos reconhecem a sua complexidade: fala tanto da união e distanciamento entre a alma e o ser divino quanto o ser amado. O meu verso preferido é "Time is an ocean but it ends at the shore". Há uma urgência nesta canção que clama por reconciliação - e também por arrependimento se o pedido não for atendido: "You may not see me tomorrow". | ||
Composta no Greenwich Village em junho de 75, depois de uma viagem à França, "Oh, Sister" viu as luzes dos palcos num curtíssimo período de tempo, saindo do setlist em 78. Foram apenas 67 execuções desta canção. Curiosamente, a partir do momento em que Dylan teria encontrado o Deus cristão, esta canção de ressonância mística foi abandonada - o que talvez reforce a interpretação de que a estrutura religiosa que a ampara seria degradada por sentimentos menos superiores. Tim Riley afirmou: "Foi a primeira vez que Dylan invocou Deus como método de cortejar uma mulher". | ||
Dois anos antes, em 1974, Joan Baez lançara "Diamonds and Rust", na qual reflete sobre a sua conturbada relação com Dylan: | ||
E após "Oh, Sister", Baez voltou à carga com uma canção chamada..."Oh, Brother": | ||
Vale notar que neste período, no meio dos anos 70, ambos já haviam se reconciliado após os desentendimentos durante a turnê britânica de Dylan na década passada. Esta discussão da relação em público, via canções, lembra um pouco as farpas trocadas entre Stevie Nicks e Lindsey Buckingham nos Fleetwood Mac, especialmente no seu clássico Rumours (1976). De fato, DR em cima do palco parecia uma tendência naquela época... | ||
Hoje, em 2021, circula nos fóruns um setlist de canções ensaiadas para o show noir Shadow Kingdom, no qual consta "Oh, Sister" como uma das músicas que teria sido ao menos tocada pelos músicos de apoio (com ou sem o vocal de Bob). A ver se no futuro os outtakes deste concerto ao vivo verão a luz do dia. | ||
Por fim, um cover de Cat Power, a deusa indie da virada do milênio que transformou esta canção num apelo de pura luxúria e desespero (repare como ela alonga o "tomorrow" no fim): | ||
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