Como os dados de doação de órgãos nos ensina um princípio básico de análise
Caiu de paraquedas por aqui? Assine a newsletter. Toda quinta de manhã em sua caixa. | ||
| ||
Tirado do TED Talks de Dan Ariely(considerado um clássico) | ||
O gráfico abaixo mostra a adesão consentidade doadores de órgãos em diferentes países da Europa em 2003 e registrada na licença de habilitação. No final acaba valendo bastante a vontade dos familiares e outros fatores, mas o consentimento prévio da pessoa é o que está descrito no gráfico. | ||
| ||
Observando a diferença entre os países, há uma diferença colossal entre os dois grupos. Podemos apontar diferenças religiosas, tradições locais, condições econômicas e entre outros fatores para o resultado, mas diversos países são bastante similares entre si. Então qual seria o fator que influencia nesses resultados? | ||
Aqui temos uma das lições que considero essencial para qualquer analista: as premissas de coleta | ||
No começo do texto e no gráfico, aponta-se que o consentimento está na licença de habilitação para motorista. Nos países com menores adesões consentidas, no formulário de habilitação, aparece uma opção de opt-in: | ||
“Assinale se você QUERparticipar do programa de doação de órgãos” | ||
| ||
E aí que temos a solução. Nos países com adesões maiores, a opção que aparece é de opt-out: | ||
“Assinale se você NÃO QUERparticipar do programa de doação de órgãos” | ||
| ||
E o que acontece nos dois casos? A aplicação da lei do mínimo esforço: a pessoa deixa a opção padrão (default), ou seja, não assinala. | ||
Ou seja, olhando apenas o gráfico, levantamos uma série de hipóteses, mas esquece que a coleta é responsável pelos dados estarem ali. No livro Como Mentir com Estatística, o autor ressalta que a forma de coleta e a correspondente amostra interferem muito na leitura dos dados. Então, quando você se deparar com um gráfico, busque olhar: | ||
E por curiosidade: no site da Global Observatory on Donation and Transplantationtemos dados mais recentes de 2018 na taxa entre doadores de órgãos por um milhão de habitantes. O Brasil está na média, apesar de muitos países não terem dados coletados. | ||
| ||
NOVIDADE DA SEMANA | ||
Número de sites que passam em todos os testes do Web para Todos aumenta, mas há pouco a comemorar | ||
| ||
O Movimento Web para Todos e BigData Corpacessou os 14,65 milhões de endereços ativos da web brasileira para avaliar o seu nível de acessibilidade com foco na experiência do usuário com algum tipo de deficiência. É o segundo teste rodado desde agosto de 2019. | ||
Ainda percebe-se que praticamente toda web brasileira é inacessível para deficientes. No primeiro teste em 2019, os sites que passaram com sucesso eram 0,61% e, no teste rodado no final de abril de 2020 foram 0,74%. | ||
O lado positivo veio nos sites que não atendiam nenhumrequisito: em 2019 eram 5,6% dos sites e nesse ano foram apenas 0,01%. | ||
Mais dados dos testes estão aqui no próprio site da MWPT. |