Liberté, egualité, Mbappé #2
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Liberté, egualité, Mbappé #2

A França levantou a taça de campeão do mundo pela segunda vez, em 2018. O elenco repete a dose após 20 anos (clique aqui), sendo um time multiétnico dentro de campo. Só que fora dele, ainda há intolerância contra imigrantes e marginalização d...

Augusto MR
3 min
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A França levantou a taça de campeão do mundo pela segunda vez, em 2018. O elenco repete a dose após 20 anos, sendo um time multiétnico dentro de campo. Só que fora dele, ainda há intolerância contra imigrantes e marginalização de negros e árabes. A imigração é algo polêmico no país, e que divide opiniões. A Europa vive uma crise migratória nos últimos anos, seja por guerras, miséria ou violação de direitos humanos, o continente recebe, principalmente, pessoas vindas da África.

Há quem diga haver imigrantes demais na França. Alguns políticos consideram a seleção "artificial", por conter muitos "estrangeiros". Após os títulos da Copa e da Euro (2000), a seleção francesa colecionou fracassos e decepções. Defendendo o título mundial em 2002, caiu na primeira fase. Em 2010, idem. Em 2006, perdeu a final, nos pênaltis, para a Itália. E, simultâneo a isso, o país sofria com o desemprego crescente e ameaças terroristas. A seleção antes, motivo de orgulho nacional, passou a servir de bode expiatório. Se quando ganha, é símbolo de um país miscigenado, quando perde, vira um alvo fácil para a xenofobia e o preconceito.

Parte da população francesa defende uma política de imigração mais exigente, endurecendo o fluxo imigratório e deportando imigrantes ilegais. Caso ideias assim sejam implementadas, o país seria afetado, e, claramente, sua seleção nacional não passaria batido. Dos 23 campeões do mundo, em 2018, 14 são descendentes de africanos ou africanos de fato, por exemplo.

Uma seleção de contrastes
Uma seleção de contrastes

Analisar a seleção francesa, é analisar a história do país. O passado colonialista de muitas nações, se reflete em suas respectivas seleções dentro de campo. Assim, com o apoio de suas ex-colônias, a França se sagrou campeã do mundo por duas vezes. Mostrando que, a relação entre alguns países ainda segue bastante enraizada, e tende a ser assim.

Os "estrangeiros"

O garoto Mbappé, revelação do mundial, tem pai camaronês e mãe com ascendência argelina. Os pais de Kanté, são de Mali. O Guiné é a terra natal dos pais de Pogba. Samuel Umtiti nasceu em Camarões. Mandanda, na República Democrática do Congo. Além de jogadores com antepassados vindos de Marrocos, Angola, Togo e Senegal.

A imigração "deu" o título para a França
A imigração "deu" o título para a França

No elenco vitorioso, apenas 4 jogadores não tem ascendência estrangeira. O goleiro e capitão, Hugo Lloris; Pavard, autor do gol mais bonito daquela Copa; e os atacantes Giroud e Thauvin. Já nas veias de Griezmann, há sangue alemão e português. Os pais de Areola vieram das Filipinas. A mãe de Lucas Hernandez, da Espanha. Lemar nasceu em Guadalupe. O pai de Varane, veio de Martinica. Esses dois últimos casos se tornam interessantes, pois as duas ilhas caribenhas (Guadalupe e Martinica) são domínios ultramarinos da França.

A miscigenação na seleção francesa, não é uma novidade da Copa de 2018, e tampouco foi da de 1998. É algo histórico, a seleção é um reflexo da sociedade local. Muitos saem da colônia para tentar uma vida melhor na metrópole. O crescimento de "estrangeiros" na seleção, está ligado a esse passado de migração, e aponta para um fenômeno que se torna cada vez mais constante, além das gerações anteriores, que veem seus filhos e netos fincarem raízes em solo francês.