Quando uma nação decide se expandir e se transformar numa grande potência regional ou até mesmo global, uma das prioridades deve ser garantir a sua segurança territorial e também a segurança das suas linhas de suprimentos e fontes de matérias...
Quando uma nação decide se expandir e se transformar numa grande potência regional ou até mesmo global, uma das prioridades deve ser garantir a sua segurança territorial e também a segurança das suas linhas de suprimentos e fontes de matérias-primas. | ||
Por exemplo, em 1941 o Japão era, de longe, a maior potência militar do Pacífico, dominando toda a península coreana e grandes porções da China, mas naquele ano os japoneses estavam acuados por outros potências igualmente fortes na região, com destaque para os EUA que, naquela época, controlavam as Filipinas. | ||
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A expansão japonesa chocou-se frontalmente contra a posição norte-americana, britânica e holandesa na região, com os EUA atuando de forma firme para defender os seus interesses, impondo ao Japão um grande embargo sobre a venda de petróleo, obrigando Tóquio a desistir das suas conquistas na Coreia e na China para voltar a ter acesso ao petróleo norte-americano. | ||
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Como o Japão não era autossuficiente em praticamente nada, com 80% do seu petróleo vindo dos EUA, em 1941 estavam numa encruzilhada: aceitavam o ultimato norte-americano e abandonavam a Coreia e a China, voltando a ser uma pequena e tímida potência regional de segunda categoria, ou mantinham firme a sua posição, mesmo que isso conduzisse à uma guerra? | ||
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O Japão, que apenas meio século antes tinha começado a emergir de um regime feudal autenticamente medieval, queria ser uma grande potência não apenas regional mas também global e para isso, como referi no início, precisava garantir a segurança das suas fontes de matérias-primas. | ||
Como os EUA não queriam vender uma das matérias-primas mais importantes para qualquer nação que quer crescer e se expandir, os japoneses não tiveram outra escolha a não ser tomar à força essa e outras matérias-primas vitais para a sua indústria, garantindo assim a segurança das suas fontes, uma opção que conduziu ao início da terrível Guerra do Pacífico. | ||
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A China hoje, em 2021, está numa encruzilhada semelhante à do Japão em 1941. | ||
Apesar dos chineses já controlarem as suas fontes de matérias-primas através de uma abordagem comercial bastante agressiva, adquirindo a produção completa de países inteiras, a questão da sua segurança territorial ainda se mantém como um ponto em aberto. | ||
Para a China concretizar o seu plano de se transformar, até 2050, na potência hegemônica global, precisa primeiro garantir a segurança do seu próprio quintal, representado pelo Mar do Sul da China e também por Taiwan. | ||
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Ninguém parte para conquistar o mundo sem antes ter conquistado o seu próprio quintal e é por isso que a conquista de Taiwan e o controle absoluto do Mar do Sul da China são pontos tão importantes para Pequim. | ||
No entanto, assim como em 1941 os interesses japoneses colidiram com os interesses dos EUA, hoje em 2021 os interesses dos chineses colidem com os interesses dos EUA e de muitas outras nações banhadas por aquele mar que, como devem bem imaginar, não gostam nada de ver a China explorando os ricos recursos que estão dentro das suas respectivas zonas econômicas exclusivas. | ||
A forma como a China, os EUA e os outros países da região lidarão com esse impasse será a diferença entre uma resolução pacífica ou o início de uma nova e potencialmente terrível Guerra do Pacífico. |