Por que a conquista de Taiwan e o controle do Mar do Sul da China é vital para Pequim?
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Por que a conquista de Taiwan e o controle do Mar do Sul da China é vital para Pequim?

Quando uma nação decide se expandir e se transformar numa grande potência regional ou até mesmo global, uma das prioridades deve ser garantir a sua segurança territorial e também a segurança das suas linhas de suprimentos e fontes de matérias...

Hoje no Mundo Militar
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Quando uma nação decide se expandir e se transformar numa grande potência regional ou até mesmo global, uma das prioridades deve ser garantir a sua segurança territorial e também a segurança das suas linhas de suprimentos e fontes de matérias-primas.

Por exemplo, em 1941 o Japão era, de longe, a maior potência militar do Pacífico, dominando toda a península coreana e grandes porções da China, mas naquele ano os japoneses estavam acuados por outros potências igualmente fortes na região, com destaque para os EUA que, naquela época, controlavam as Filipinas.

Territórios ocupados pelo Japão em 1940
Territórios ocupados pelo Japão em 1940

A expansão japonesa chocou-se frontalmente contra a posição norte-americana, britânica e holandesa na região, com os EUA atuando de forma firme para defender os seus interesses, impondo ao Japão um grande embargo sobre a venda de petróleo, obrigando Tóquio a desistir das suas conquistas na Coreia e na China para voltar a ter acesso ao petróleo norte-americano.

Jornal dos anos 30 mostrando as principais potências regionais e coloniais no Pacífico
Jornal dos anos 30 mostrando as principais potências regionais e coloniais no Pacífico

Como o Japão não era autossuficiente em praticamente nada, com 80% do seu petróleo vindo dos EUA, em 1941 estavam numa encruzilhada: aceitavam o ultimato norte-americano e abandonavam a Coreia e a China, voltando a ser uma pequena e tímida potência regional de segunda categoria, ou mantinham firme a sua posição, mesmo que isso conduzisse à uma guerra?

Charge da época satirizando o embargo dos EUA à venda de petróleo para o Japão
Charge da época satirizando o embargo dos EUA à venda de petróleo para o Japão

O Japão, que apenas meio século antes tinha começado a emergir de um regime feudal autenticamente medieval, queria ser uma grande potência não apenas regional mas também global e para isso, como referi no início, precisava garantir a segurança das suas fontes de matérias-primas.

Como os EUA não queriam vender uma das matérias-primas mais importantes para qualquer nação que quer crescer e se expandir, os japoneses não tiveram outra escolha a não ser tomar à força essa e outras matérias-primas vitais para a sua indústria, garantindo assim a segurança das suas fontes, uma opção que conduziu ao início da terrível Guerra do Pacífico.

Jornal da época indicando os alvos atacados pelo Japão entre os dias 7 e 8 de dezembro de 1941
Jornal da época indicando os alvos atacados pelo Japão entre os dias 7 e 8 de dezembro de 1941

A China hoje, em 2021, está numa encruzilhada semelhante à do Japão em 1941.

Apesar dos chineses já controlarem as suas fontes de matérias-primas através de uma abordagem comercial bastante agressiva, adquirindo a produção completa de países inteiras, a questão da sua segurança territorial ainda se mantém como um ponto em aberto.

Para a China concretizar o seu plano de se transformar, até 2050, na potência hegemônica global, precisa primeiro garantir a segurança do seu próprio quintal, representado pelo Mar do Sul da China e também por Taiwan.

Mapa indicando, a vermelho, as pretensões territoriais chinesas no Mar do Sul da China
Mapa indicando, a vermelho, as pretensões territoriais chinesas no Mar do Sul da China

Ninguém parte para conquistar o mundo sem antes ter conquistado o seu próprio quintal e é por isso que a conquista de Taiwan e o controle absoluto do Mar do Sul da China são pontos tão importantes para Pequim.

No entanto, assim como em 1941 os interesses japoneses colidiram com os interesses dos EUA, hoje em 2021 os interesses dos chineses colidem com os interesses dos EUA e de muitas outras nações banhadas por aquele mar que, como devem bem imaginar, não gostam nada de ver a China explorando os ricos recursos que estão dentro das suas respectivas zonas econômicas exclusivas.

A forma como a China, os EUA e os outros países da região lidarão com esse impasse será a diferença entre uma resolução pacífica ou o início de uma nova e potencialmente terrível Guerra do Pacífico.