As lições que Gabi dá a Pedro
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As lições que Gabi dá a Pedro

No último sábado o Flamengo venceu o Goiás pelo campeonato brasileiro. Mais do que o placar, ou do que a atuação do time, e mais importante até do que a esperada entrevista coletiva sobre o imbróglio envolvendo o treinador e um goleiro que só...

Fernando Rodrigues Borges
4 min
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No último sábado o Flamengo venceu o Goiás pelo campeonato brasileiro. Mais do que o placar, ou do que a atuação do time, e mais importante até do que a esperada entrevista coletiva sobre o imbróglio envolvendo o treinador e um goleiro que só treina no time à espera do fim do seu contrato, algo chamou a atenção da maioria dos entendedores de futebol. A atuação de Gabi.

Paulo Sousa, que é constantemente criticado porque não é Jorge Jesus, escalou o time com apenas um volante (Willian Arão) e colocou Pedro em campo. A ideia era clara, povoar a última linha defensiva do Goiás que claramente iria ao Maracanã para se defender (como todo time brasileiro que abdica de tentar vencer para não perder). O que talvez ninguém esperasse fosse a movimentação de Gabi, que surpreendeu a marcação do adversário e proporcionou ao ataque rubro negro espaços para subidas de meias, alas e para o centroavante de origem, o Pedro. Uma atuação excelente do camisa 9 do Flamengo, elogiado por toda a crítica esportiva que merece ser ouvida.

O que tem de legal nisso? Há muito, torcedores do Flamengo, corneteiros por natureza e mesmo sem entender patavinas de futebol, pedem Gabi no banco para dar lugar a Pedro. Eu vejo que, a cada partida de Gabi, Pedro se torna mais reserva. E entendo que ele deveria aproveitar esse tempo no banco para observar as atuações do seu "rival" pela posição. Pedro caiu no imaginário da torcida brasileira como o principal centroavante do país, mesmo que seus números não mostrem tanta efetividade. Com quase 25 anos (mesma faixa etária do Gabi), ele ainda não chegou aos 100 gols. Gabi já marcou mais de 200 gols na carreira, mesmo sem atuar como um centroavante clássico em toda a sua trajetória. Mas a torcida brasileira, carente do surgimento de atacantes de grande qualidade nos últimos dez anos pelo menos, acredita que Pedro pode ser um dos maiores, na posição que talvez seja a mais reinventada do futebol nas últimas temporadas. Seus números e suas atuações não dão essa esperança, pelo menos até agora.

Mas como o atacante que veio da base do Fluminense ainda é jovem, há espaço para crescimento, e Gabi pode contribuir para isso. A movimentação do camisa 9 em campo, confundindo a marcação e abrindo espaços na defesa adversária, é um ponto que serve de exemplo ao número 21 do time. Gabi não é um atacante estático, e este tipo de jogador está cada vez mais em desuso no futebol mundial. Os principais centroavantes do mundo (Haaland, Lewandowski, Lukaku, Lautaro Martinez, Benzema, Harry Kane, Vlahovic, só para citar alguns) se caracterizam por muita mobilidade, refino no passe, capacidade de armar jogadas saindo da última linha defensiva do adversário e poder de definição. Gabi possui muitas dessas características, Pedro tem apenas uma. A leitura de jogo, a capacidade tática e o QI de Futebol do Camisa 9 também é outra condição que merece uma atenção por parte do reserva imediato. Gabi tem desenvolvido uma importante capacidade de leitura de jogo durante as partidas, modificando a sua movimentação e melhorando de forma admirável a sua importância tática para o time dentro das partidas. Pedro ainda é um centroavante à moda antiga, que entra para prender a bola no ataque, fazer uma jogada de pivô, enfiar-se no meio dos zagueiros e finalizar o mais próximo possível do gol. Se ele conseguisse melhorar em outras características, fatalmente seria titular do time, mas esse processo é lento, e depende exclusivamente do próprio atleta.

Pedro tem condições de ser um grande centroavante, as possibilidades estão próximas dele, os exemplos também. Cabe a ele ser autocrítico com seu trabalho (coisa que falta a muitos atletas brasileiros) e buscar a melhoria constante. Estamos na torcida!!