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Não tenho nenhuma pretensão de reescrever o clássico “O Campeão”, de Luiz Antônio Feliciano Marcondes. O famoso Neguinho da Beija-Flor. A música adaptável a todas as torcidas cariocas, expressa com rara precisão o sentimento do torcedor comum, independente da camisa amada. Lamentavelmente desta vez o cântico não se encaixa, nem no domingo e, muito menos no “vou”. Flamengo e Fluminense decidem mais uma vez o Campeonato Carioca, porém num sábado e sem público. Mais um ano privados do incomparável clima de decisão. | ||
Não é exagero considerar que a partida decisiva começa na noite anterior, ou antes, para os mais ansiosos. Já na manhã definitiva o clima começa a esquentar ainda na busca pela quentura do pão e do cafezinho. A confiança vai aumentando a cada similar avistado na rua, compartilhando sorrisos e gestos além das mesmas cores. A cervejinha o mais cedo possível, enfrentando o primeiro adversário do dia: o julgamento social. O churrasquinho na vizinhança, a batucada no trem e nos ônibus ou o buzinaço dos carros. | ||
O cenário comum a milhões de torcedores tem espaço para características individuais. Cada um tem o seu ritual, superstição ou preferências. Vale também para quem não vai ao Maracanã e faz da sala, do quintal ou até do radinho de pilha o seu Maior do Mundo. O domingo vira qualquer dia e cada torcedor vai aonde quiser, sem nem precisar sair do lugar. | ||
Essa licença poética é mais importante ainda neste momento. Em outro ano sem público nos estádios e, agora, em dia e horários estranhos ao jogo, as bandeiras ficam em casa e as cadeiras numeradas podem ser as da cozinha, o sofá, as poltronas, os banquinhos. Mesmo se for para dispensar todos os assentos e ficar de pé como na música de Neguinho. Seja lá qual for o time que você é fã, ser campeão hoje também é saber viver a emoção do futebol à distância. | ||