A pandemia que leva vidas, amores e sonhos, também não perdoa nossos ídolos. Tampouco nossa idolatria. A mais recente dessas perdas foi Nelson Sargento. O tipo de personalidade que encanta não apenas pela obra, mas por ser quem foi. Cantor, c...
A pandemia que leva vidas, amores e sonhos, também não perdoa nossos ídolos. Tampouco nossa idolatria. A mais recente dessas perdas foi Nelson Sargento. O tipo de personalidade que encanta não apenas pela obra, mas por ser quem foi. Cantor, compositor, artista visual. Um talento raro, digno de nossa plena admiração. Sambista, vascaíno e mangueirense, qualidade que qualquer um de nós levaria com orgulho. E, obviamente, sem a mesma autoridade, fidalguia e simpatia. | ||
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Nelson carregava a patente mais alta do samba de maneira inocente e pé-no-chão, com uma doçura de dar vergonha aos ritos hierárquicos. Sargento era dos maiores e nunca precisou ser chamado de general. Ainda bem. Foram mais de nove décadas cumprindo a missão de construir e aperfeiçoar o gênero musical que confere identidade ao nosso país. Chegou a hora de nosso suntuoso personagem avistar o morro de outra paisagem. Com toda sua simplicidade, ferramenta de uma obra extensa, histórica e sofisticada. | ||
Ainda que contrarie as famosas palavras do mestre, o samba, hoje, agoniza e morre um pouco com a partida de Nelson Sargento. |