Eu sempre coloquei o amor como a merda mais superestimada, que o relacionamento era a real solidão, pois para conceber um, teria que sacrificar de dar pedaços meus para outra pessoa, esperando, com sorte, receber pedaços (ou migalhas) dela d...
Eu sempre coloquei o amor como a merda mais superestimada, que o relacionamento era a real solidão, pois para conceber um, teria que sacrificar de dar pedaços meus para outra pessoa, esperando, com sorte, receber pedaços (ou migalhas) dela de volta... e me convenci que não posso, pois mal tenho pedaços meus suficientes para mim mesmo. |
Desde então ignorei o amor, achei que se ignorasse-o e o sobrepusesse com arte ganharia a vida. |
"Paixão é chata, literatura e ficção é beeem melhor" |
Desde que eu me focasse na arte, não precisaria de amor, mas ao perceber que a droga do amor está em todas as biqueiras, pensei em trocar a estratégia de ignorar a minha melancolia, solidão e sentimento de não pertencimento a nenhum dos grupos que frequentei, por canaliza-los na arte. |
E se em vez de extrair, eu chupasse e me embriagasse desse veneno de cobra? E se eu fizesse desse veneno degenerado o néctar da minha arte esqusita, e em vez de suprimir desgraça com uma desgraça pior, eu unisse as duas desgraças para fazer uma desgrassolândia? |
Afinal, eu comecei à escrever ficção porque eu precisava que ela fosse pior do que a realidade. |
Aceitaria a porra da minha vontade imbecil de amar e me renderia ao amarguramento de sarjeta mais patético que destilado de pêssego e cigarro amentolado, mesmo que essa frustração fosse às vezes, (ou a maioria das vezes) simulada. |
Nao ignoraria, e sim procuraria me adocicar nesse sofrimento até que ficasse diabético, e assim, apreciar os frutos que vem dele. |
Me enjooar desse sabor doce, dar um tempo, e voltar nele assim que a melancolia fosse renovada por outra razão ou outra mulher. |
Afinal, nem tudo é sobre amor, mas alguma coisa é. |
"O amor é uma névoa que queima com a primeira luz de realidade" - Charles Bukowski. |