MANUAL DA SOLITÁRIA (E MAIS UM MONTE DE CONCEITOS)MANUAL DA SOLITÁRIA (E MAIS UM MONTE DE CONCEITOS)
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MANUAL DA SOLITÁRIA (E MAIS UM MONTE DE CONCEITOS)MANUAL DA SOLITÁRIA (E MAIS UM MONTE DE CONCEITOS)

MANUAL DA SOLITÁRIA: O QUE É ISSO, QUAL A HISTÓRIA DO LIVRO, E QUAL A HISTÓRIA POR TRÁS DA HISTÓRIA?

Junior Medeiros
105 min
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MANUAL DA SOLITÁRIA: O QUE É ISSO, QUAL A HISTÓRIA DO LIVRO, E QUAL A HISTÓRIA POR TRÁS DA HISTÓRIA?

(E outros conceitos)

Certa vez, Carl Sagan disse... “Somos a única espécie no planeta (até onde sabemos) a inventar uma memória pública.” (...) Livros são a forma de entrar dentro da mente de outra pessoa”

Mas eu discordo. Quer dizer... mais ou menos.

Claro que assim...

Carl Sagan é um cientista planetário fudido, filósofo, astrônomo, astrofísico, ativista científico, escreveu Cosmos, e fez parte da produção da série de TV do mesmo nome, (que inclusive, é o melhor programa documentário da TV de todos os tempos) os caralho aquático, e eu sou... eu.

Mas eu vou explicar o porquê de eu discordar dele, e onde quero chegar com uma negação aparentemente tão sem nexo.

Dá para entrar sim, na mente de quem escreve (obviamente, limitado à sua percepção). Escrever, algo não necessariamente significa expressar o que você sente, mas todas as vezes expressar o que você pensa. E com pensar, eu não quero dizer convicções imutáveis, eu quero dizer que, um pensamento passa pela sua cabeça, você coloca ele no papel, isso é um pensamento.

Alguns autores não gostam (ou gostam, mas não concordam) com as próprias obras. JK.Rowling por exemplo, escreveu Harry Potter; uma obra que, dentro das suas metáforas sutis, exalta pessoas “desajustadas e marginalizadas” e toca na ferida do autoritarismo, (assim como XMen) e na vida real, a autora minimiza o problema de pessoas neurodivergentes ou de orientação de gênero fora do padrão, e chegou até a vender broches com frases suas transfóbicas.

A gente poderia chegar longe e falar que ela não entendeu a própria obra. Uma frase se popularizou na internet durante o BBB21 que foi “O Projota precisa ouvir as músicas do Projota”

Claramente, as obras nesse caso, não representam as convicções ou práticas dos autores dela, (e nem precisam) e eles provavelmente entendem a própria obra, talvez só discordem, mas o fato de eles  discordarem, não significa que suas obras não dizem o que eles pensam.

A gente tem por exemplo o caso do autor de Watchmen, Alan Moore, que tem uma visão da sua obra diferente da dos fãs e da crítica, e o último caso foi seu descontentamento com a adaptação da HBO, da qual a crítica e os fãs gostaram, mas ele não.

Temos 3 versões de Watchmen diferentes, e três interpretações sobre cada. Os quadrinhos // O filme // A série. Essas três possuem mensagens diferentes, interpretadas diferentemente pelo autor, pelos fãs e pela crítica.

Algo semelhante aconteceu recentemente com Sandman.

O que não é uma crítica. Eu por exemplo, como autor, já escrevi contos diferentes, que tem como o alvo principal de críticas, alvos diferentes entre si, e contos que possuem diferentes posicionamentos morais e geopolíticos diferentes. Alguns, no entanto, tem só a crítica geopolítica e não moral, e outros  simplesmente não tem um alvo de crítica.  

Mas então qual desses contos representa a minha opinião pessoal? Isso importa?

Não. Talvez importe para você, caso você queira saber sobre mim, mas se o seu alvo de análise é a obra, não.

Eu dei todo esse rodeio para dizer que... Dá sim pra entrar sim na mente de quem escreve. (limitado a sua percepção) Claro que esse são exemplos de casos mais polêmicos, e talvez, possa ser considerado até problemático, mas não ofereço uma crítica a isso.

Facilitando... passou pela cabeça, é um pensamento.

Mas a questão que eu quero dizer é que uma obra é muito mais que o seu criador.

Uma obra independe e transcende do seu criador.

Uma obra tem vida própria

Então onde o Carl Sagan acerta nessa frase?

Ele acerta ao dizer que escrever é um registro, que essa é a forma mais precisa de ter um registro de memória de algo, e note ao dizer que ele disse “mais precisa” e não “incondicionalmente precisa”

Isso porque as suas memórias são todas uma mentira.

MEMÓRIAS SÃO FABRICADAS.

1.1 - Efeito Mandela

Pera aí gente ,eu confundi. Esse tema é de outro roteiro.

Mas antes disso eu vou falar um pouquinho de mim, depois o lance da vida própria e depois a obra em si.

1.0 - SOBRE MIM.

Eu adoraria dizer que eu sou um pequeno gênio e que eu comecei a escrever desde criança mas ia ser mentira. A verdade é que eu corri atrás de muita coisa que eu perdi há pouco tempo, esse ano eu li mais do que eu li na vida inteira.

* Mas eu já tinha uma boa base, eu já tinha uma boa referência...

Acho que qualquer um que nasceu depois de 2000 viu mais o Youtube que a cara dos próprios pais. (além de usar sem supervisão) E foi em 2012, através do Youtube que eu conheci o terror com o Ambuplay.

...

Na verdade, foi um pouquinho antes.

(efeito sonoro de retroceder)

Foi quando criança mesmo, com filmes Slasher. Eu tava menos consciente do que tava acontecendo naquele tempo, mas havia algo importante acontecendo ali, uma sementinha de interesse se plantando...

““Antes da internet”” (entre muitas aspas) Eu assistia Halloween em looping, eu me cagava de medo quando aparecia o palhacinho dos jogos mortais na TV e saia correndo, me cagava de medo. Mas eu gostaaaava do medo.

Todo mundo gosta de sentir medo

2.0 - ADRENALINA

Por que vc vê um filme? Ah... porque vc quer ver uma história... a gente é viciado em contar histórias e tal.. isso também. Mas é porque quando você vê um filme, isso te desperta coisas, coisas químicas... alegria, tensão tristeza... MAS O medo é a sensação que mais provoca estímulos sensoriais do corpo que todas as outras. A gente não gosta de tomar susto... mas a gente vai ver Anabelle no cinema pra tomar sustinho. A gente ama essa porra.

Fontes sobre o assunto:

https://www.ecycle.com.br/filmes-de-terror/

https://hospitalsantamonica.com.br/filmes-de-terror/

https://www.ufsm.br/midias/arco/porque-sentimos-medo/

https://www.medley.com.br/blog/saude-mental/qual-filme-devo-assistir

https://vejasp.abril.com.br/coluna/filmes-e-series/reacoes-filmes-de-terror-provocam/

Entre muitos outros reagentes, o principal é a adrenalina...

A Adrenalina tá na primeira entrevista de emprego

No primeiro beijo

No bungee jump

No avião

No casamento

Na traição

No café na cafeína, na coca cola na cocaína, na endorfina no ecstasy na bebida. No rapé. Na ritalina na anfetamina

Até a nicotina que é pra acalmar tem um pouquinho de adrenalina no ato. Hoje, depois de muita propaganda feita para “desglamourizar” o fumo, cigarro se tornou mal visto, muitas pessoas não suportam o cheiro. É necessário um pouco de coragem para fumar.

a vida é movida a adrenalina

Só que às vezes é muito mais fácil acessar a adrenalina e o apego emocional no conforto do sofá do que saindo e vivendo a vida. Esse é outro motivo do porquê vemos filmes.

Somos um bando de voyeurs

Mas não só isso, é também uma outra coisa...

A adrenalina em paradoxo com a zona de conforto

Não importa quem, todo mundo vai querer enfrentar a adrenalina e ficar na zona de conforto ao

mesmo tempo (dadas as devidas proporções)

Pra você talvez, pular de paraquedas é adrenalina demais, então você prefere ficar na zona de conforto, mas ir na montanha russa é um desafio aceitável. Para outra pessoa, montanha russa já é demais, mas um filminho de terror já é adrenalina o suficiente. Talvez para outra pessoa, ser um jornalista de guerra, que faz um link ao vivo na Ucrânia é uma adrenalina boa, mas ela tem medo de altura... então uma montanha russa já é demais.

A gente está sempre buscando sair e ao mesmo tempo ficar na zona de conforto.  Isso também está atrelado à segurança atual. A gente não precisa mais caçar, é só pedir um Ifood.

Na verdade, vai ter um moonte de paradoxo e de definição

Mas vamos com um de cada vez...

adrenalina X zona de conforto

Repulsa x Atração = pelo desconhecido (Sublime)

De onde vem o medo? (Intelectual & Físico)

Busca & Fuga = do desconhecido/ adrenalina

Medo x susto x terror x horror

3 TERRORES - Stephen King

2 HORRORES - Ann Radcliffe  

O MEDO É UM MECANISMO DE DEFESA PRA Q VC FUJA DAS COISAS, SOQ A GNT PROCURA AS COISAS, PRA QUERER FUGIR DELAS

O fato da gente buscar adrenalina está atrelado à segurança atual...

Onde eu tava mesmo?

Ata, no Youtube.

1.1 - SOBRE MIM. (de novo)

Eu lembro do primeiro vídeo de terror que eu vi no Youtube. The sims.exe.

Eu fui ver esses dia de novo antes de escrever o roteiro e a história é uma bosta, mas eu tive uma nostalgia quando eu re-ouvi e descobri que o primo que deu o cd pra menina tinha se matado com o jogo e que quando vc matava alguém no jogo ele morria na vida real... eu me imaginei facinho nos 10 anos ficando “nossssaaasssinhoooraa q genial!!”

Até descobrir que todas as histórias .exe eram assim. Sonic, mortal kombat, Pokemón, até o dollynho.exe tem.

Mentira. Na verdade, veio antes.

Veio nos mistérios do GTA...Alguém lembra?

No Gta Sa tinha o Misteryx, o chefão da Epsilon, os ossos do castillo del Diablo, o fotógrafo suicida, o carro fantasma, o fantasma da mãe do CJ, O Pé Grande...

No Gta IV tinha o fantasma da fábrica, o Ratman, o carrinho de bebê vazio que chorava quando você atirava nele, o coração da estátua da liberdade, o brasileiro que falava palavrão... por aí vai

Era brabo demais...

Porque boa parte dessas coisas a gente não via, mas estava na nossa cabeça. Simplesmente andar pela região em que esses boatos circulavam nos dava medo. Mas medo do quê?

É aí que entra a questão do mistério...

Que já já a gente explica.

Mas sabe qual é a maior dessas brisa? O mais interessante sobre os mitos do Gta?

É que toda essa aura de oculto que tem nos jogos não foi planejada pelos criadores. A maioria disso foi acidental. Acidental, ou mentira.

E aí a gente entra num debate complicado que é: O quanto uma fã-base tem influência numa obra?

O carro fantasma, era um bug. (o carro estava numa descida, e a física só era ativada quando o jogador chegava perto, só daí, por conta da renderização, era aplicada a física e ele descia a ribanceira)

O fotógrafo suicida era um bug.

O balanço que arremessava o carro era um bug

O Ratman e o fantasma da fábrica era simplesmente MENTIRA.

O Fantasma da mãe do CJ era MENTIRA.

O chefão da Epsilon era uma modificação.

O pé grande era MENTIRA.

Ou seja, grande parte da aura sobrenatural que a obra tinha foi causada por acidentes e por uma comunidade mentirosa. Mas mesmo assim não deixa de fazer parte da obra.

Tanto que anos depois, nos próximos jogos, alguns desses mitos chegaram a ser colocados (propositalmente agora) como o Pé Grande em Red Dead Redemption.

O que eu quero dizer, é que ampliado pelos bugs e pela comunidade, a obra passou a ter uma outra visão, que não foi planejada pelos autores.

A obra adquiriu Vida própria.

Depois disso foi só o ouro... O jogo da esquerda e direita / penpal / uma vida despedaçada / até eu descobrir que na minha paixão tinha um cupido chamado Stephen King.

3.0 - TERROR X HORROR

Medo e susto (é e não é) a mesma coisa... O susto vem daquele medo instintivo

O medo intelectual provoca ainda mais.

A sensação de quem tem alguém te observando

De quem tem algo à espreita

De que aquele monte de roupas na cadeira parece uma pessoa.

De que a gente consegue sair do planeta mas não chegar ao fundo do mar (pra ter um ideia, a gente tem mais registro do espaço, que é infinito, do que dos mares, que tão aqui)

Que a gente só descobriu 20% do oceano

E que enquanto a gente afundou no máximo 10 mil metros

E registrou 11

Existem ainda umas 20 mil léguas de espécies não registradas, de fossas...

De que você vai descobrir algo grande do qual nem fazia ideia...

O desespero que dá quando a gente vê que não compreende alguma coisa.

A curiosidade....

**** Stephen King também tem a mesma concepção (vou falar concepção porque não é nem opinião) sobre terror.

O Terror é para ele a mais apurada das sensações produzidas pelas narrativas sobrenaturais.

O que significa isso? É que de todas as obras de ficção, terror é a que mais consegue te desprender da própria realidade e se prender naquela criada.

A que mais fala sobre a natureza humana e a que mais gera estímulos químicos

Ele define o terror, no entanto, em três tipos

Nojento/Gross out - choque pela aparência, mas ainda “natural” “possível”

Foca no instinto, na sensação de urgência, na nossa associação do “vermelho” à perigo (que é por conta da cor do sangue)

Um membro amputado, alguém dando uma facada no olho, um moonte de zangue zorrando no joguinho de tiro, havaianas de pau...  

Horror - choca pela aparência. Mas horror é aquilo que não é natural. Ele ainda é apresentado do mesmo jeito que o gross out, mas foca em outro motivo do medo. Também instintivo, mas mais moderno.

Um peixe morto com perna de aranha que na verdade é uma perna mecânica produzida pelo império japonês que funciona com gás fedido. Um criatura com milhares de olhos, e rodas com olhos em volta dos olhos...

E já já eu vou explicar porque o medo intelectual da incompreensão e o do instinto são iguais.

Terror - é aqui que de fato interessa.

O Terror não vai te apresentar a insanidade logo de cara para você congelar, ele vai mostrar coisas esquisitas pra instigar a sua SUGESTÃO. Pra você imaginar o que pode acontecer.

Claro, o terror pode ter cenas horrorosas. Mas se isso não for apresentado direito não vira nada (porque dor demais anestesia) algo impressionante demais perde o choque e a imersão.

Terror é quando você tá passando por um pontilhão super altão e você pensa

*“e se eu jogasse meu celular dali?” e aí cê segura o celular mais forte, sabe?

É estar sendo observado 

É seu filho dizer “Papai, acho que tem alguma coisa debaixo da cama” e aí você olha em baixo, e lá está seu filho, dizendo “Papai, acho que tem alguma coisa em cima da cama”

“O horror visível tem menos poder sobre a alma do que o horror imaginado” - Sheakspeare.

A história de terror mais curta conhecida:

 - Vendo sapatinhos de bebê. Nunca usados.

Tem outro mestre além do King... no caso uma mestra

Ann Radcliffe. Ela foi a primeira romancista gótica conhecida, pioneira em descrever o sobrenatural. Drácula Frankenstein Cthulhu, Iluminado... tudo isso veio DEPOIS DELA.  

Ela é a “mãe dos góticos”

Mas eu gosto de falar que ela é a avó, porque a mãe mesmo é a Amy Lee, do Evanescence

Ela divide esse gênero meio difícil de definir em dois

Horror (e na definição dela, o nojento e o horror são horror do mesmo jeito) (natural ou antropomórfico)

&

Terror

E diz que os dois são completamente opostos.

Porque um expande a alma e o outro a congela.

É a possibilidade em contrapartida com o choque

Mas tem como fazer os dois...

Às vezes o horror pode ser uma ferramenta para o terror

Depende de como você interpreta & também de qual é o meio e qual é o fim

O horror pode ser um meio para o terror, como fim. Ex: Mythos do Lovecraft

Ou o terror pode ser meio para o horror, como o fim. Ex: Penpal (Amigo por correspondência)

Por exemplo, se você está andando na rua perto de casa, e se depara com a horrível cena de ver sua mãe tomando 3 tiros na cara por conta de um latrocínio, é apenas horror. Não tem muito o que imaginar.

Mas se você acorda no sofá de uma sala que você não reconhece, curioso, você começa a explorar a casa e entra numa sala cheia de morte, sangue, e vísceras para todo lado... pode ser terror.

Tipo, houve o choque. Você viu uma carnificina, não tem nada mais grotesco que isso. Só que ao ver uma sala tão sanguinária, sua mente pode imaginar... O que, ou quem causou isso?

Resumindo...

Terror pra preceder o peso que o horror vai ter

Horror pra potencializar a sensação de terror

*Ler humanos também sabem lamber

https://www.youtube.com/watch?v=UAnaonRppFw

Essa história, além de ser um clássico da internet (ela tem mais de 10 anos, e até hoje é de autoria desconhecida) mostra de um jeito curto e prático como o terror está para o horror assim como o contrário. Essa história usa o horror como meio e o terror como fim.

Cachorro daquele jeito - horror

Reticências deixada pela mensagem - terror

Tem muiiita abordagem sobre terror e horror diferente

Esse é um exemplo. Mas tem mais um monte.

Allan Poe - usa o terror da psicanálise

Junji Ito - da obsessão

Lovecraft: do medo do mar...

Imagina o seguinte: Você olha para o espelho, começa a se admirar, e de repente o seu reflexo sorri para você de volta.

Isso é terror ou horror?

Errou se você respondeu terror

Errou se você respondeu horror.

Acertou se você disse “os dois” ou se disse que “depende da vítima”

Você pode ver o sorriso e congelar. Por que aquilo já basta de horroroso para você.

Ou você pode começar a imaginar como. Porquê?  (Aliás é curioso como existem tantas histórias e mitos populares envolvendo espelhos)

Você inclusive pode preferir não pensar sobre o assunto, mas fazendo isso, você já vai ter pensado. E terror. Numa situação de horror, estamos falando onde isso nem passa pela cabeça do receptor, ou vítima. Poderia ser desde um caso onde ela já saiba a razão daquilo (ampliada por um contexto) ou onde a situação já seja o choque, o fim.

Sabe PQ PQ PQ PQ PQ???

Porque uma obra tem vida própria.

A interpretação do consumidor da obra é importante, mas a intenção do autor também é importante. Os dois juntos formam a vida própria da obra

Mas horror ou terror... todas elas falam de uma coisa só.

Do desconhecido (ou pelo ou menos daquilo que a gente não tá acostumado)

Se me permitirem, eu vou entrar um pouquinho no mar...

4.0 - MEDO DO MAR

Além de por si só a água já ser meio esquisita, por poder causar afogamentos... (segundo a OMS, cerca de 236 mil pessoas morrem afogadas por ano) por a gente vê-lá azul e na verdade ser transparente... ainda tem todos aqueles dados.

*Até 2050, o nível do mar pode subir até 30 centímetros

* O volume do mar cobre mais de 70% da superfície

* Menos de 20% dos oceanos já foi explorado

*7% dos oceanos foram designados como Áreas Marinhas Protegidas

Esses dados nos fazem lembrar da nossa falta de respostas sobre os mares

Mas como se isso não bastasse, a estética dos animais marinhos são horríveis (como aqueles que tem uns dentão e uma lâmpada na cabeça). Na questão de padrões físicos e estéticos do que reconhecemos como “normal” ou “bonito” as ameaças terrestres (cobra, onça, escorpiões, crocodilos...) estão mais dentro dos nossos padrões do que as ameaças marítimas.

Se aqui mesmo na superfície tem um peixe que entra no seu pau e explode, imagina lá no fundo, se não deve ter uns bichão que usa uma baleia orca como fio dental.

Isso tudo fortalece:

1 - a especulação,

2 - a nossa incapacidade humana de aceitar que a gente não tem resposta pra tudo.

A gente trata o mar como algo traiçoeiro. Os próprios mitos que são sobre a água são de criaturas traiçoeiras.

A Iara, tem o poder de atrair os homens com sua aparência superficial e seu canto, para depois cegá-los e arrastá-los para o fundo do rio. Basicamente a mesma história das sereias,mudando só a questão de origem. (Essa história possui diversos nomes em diversos lugares... Iara, Sereia, Nokken, Ningyo) (muda o contexto mas não muda o texto)

O boto cor de rosa, é um animal que assume a forma de um caboclo sedutor, que seduz mulheres solteiras e casadas, engravida-as e some.

O triângulo das bermudas, que serviu para explicar os acidentes de avião misteriosamente semelhantes.

Os monstros marinhos, que eram desenhados em mapas medievais em territórios não-navegados.

Isso tudo é potencializado e ampliado com o...

4.1 - HP LOVECRAFT

Este cabra é conhecido como “O Pai do Horror cósmico”

E eu digo Horror não porque as obras dele são todas do horror da Radcliffe, e sim porquê, diferente dela, o Lovecraft era estadunidense, e a Radcliffe era britânica.

No inglês dos Estados Unidos, a palavra “terror” não foi adaptada, ela não existe no vocabulário. Horror e Terror meio que são uma coisa só. Ambos os gêneros são definidos com a mesma palavra.

Ficção que dá medo.

Medo de quê?

Aqui a gente vai para o que compõe o medo lovecraftiano.

1 - (medo do desconhecido)

2 - (medo da incompreensão humana)

3 - (terror e horror)

4 - Criaturas fisicamente horrorosas e indescritíveis

(algumas ele explica, e dá aquelas descrições fudidas de 3,4 páginas)

(outras ele te sacaneia dizendo que elas são: inexplicáveis, ou indescritíveis)

Sim... Lovecraft é um escritor que descreve as coisas como “indescritível”

O legal, no entanto, é que ninguém nunca vê essas criaturas, e quando alguém vê, essa pessoa entra no...

5 - (Frenesi)

As suas histórias geralmente são descritas em primeira pessoa, às vezes em terceira, mas com um narrador personagem, e não um narrador onisciente. Os de primeira pessoa são taxados como loucos... Até não serem mais.

1 - (Repulsa pela falta de respostas pra tudo)

E DIANTE DESSA FALTA DE RESPOSTA...

6 - (Criar cultos, deuses, MATAR em nome dos deuses)

Mas lembra que em um momento os frenéticos loucos deixam de ser rotulados como loucos?

Isso acontece porque as outras pessoas começam a ver que, diferente do deus cristão,  os deuses que elas criaram existem.

E não só existem como são

4 - Horrorosos e indescritíveis.

Só um adendo... Isso não quer dizer que o Deus cristão não exista, e nem que ele exista. A verdade, é que tanto a existência quanto a inexistência dele é pautada na fé e na lógica.

Mas tanto a fé quanto a lógica estão limitadas à linguagem.

As pessoas que dizem que vêem Deus, não veem Literalmente ele, e sim uma manifestação dele. Só que no universo Lovecraftiano a gente é apresentado a uma realidade em que os deuses são cientificamente comprovados, plurais e malevolentes ou benevolentes, dependendo de quais...

E diante dessa existência científica deles... a gente volta pro medo do desconhecido e entra na

7 - pequenez nossa diante do cosmos e do mar. Já que existem tantos deuses no espaço quanto no mar. Mas adianto que as melhores histórias são sobre os deuses do mar.

Muito tempoooo depois, aquilo que era só colocado como texto surgiu em formato de desenhos.

O Cthulhu (que por sinal nem é o deus mais poderoso do Mythos) se tornou um símbolo da Cultura POP, os seus tentáculos e seu rosto verde e imenso viraram um ícone facilmente identificável. Só que isso tirou o que tem de mais mágico no horror cósmico.

Que é o fato de que ele é um terror.

Um terror único e diferenciado.

Ler duas páginas da descrição de um bicho caótico e ir imaginando o seu formato enquanto lê é beeem diferente de bater o olho em uma imagem e já ver todo esse horrorzão logo de cara. Na verdade, é bem mais limitante que isso desenhá-los, porque durante as descrições dos monstros é dito...

Tal coisa se parecia com tal coisa... lembra isso misturado com aquilo...

Então é sempre TIPO alguma coisa, e não exatamente aquela coisa.

É por isso ( e por outros motivos) que os melhores filmes sobre horror lovecraftiano não são histórias lovecraftianas

MELHORES: Enigma de outro mundo // Nevoeiro // The Void // Uzumaki

Exemplos de elementos de horror cósmico em obras que não são de horror cósmico

Stranger Things S04 (Por conta do Eddie)

O Eddie foi um dos personagens mais completos de Stranger Things desde a Max, é uma pena que ele não tenha durado pouco...

Enquanto a gente vê um bando de molecada de 14 anos dando estilingada em demônio como se fosse pombo, a gente vê um personagem consistente. Um adulto, que tem fascínio pelo oculto e paga de demoníaco, mas que quando realmente vê alguma coisa incompreensível, impossível e inexplicável, entra em Frenesi.

Ninguém acredita quando ele diz que é inocente, ninguém acredita quando ele descreve exatamente o que viu, e ele demora para conseguir descrever inclusive. Ele fica doido, trêmulo e com medo.

É óbvio que como é uma obra que com o tempo foi ficando mais ação que terror, o Frenesi dele dura pouco, mas ainda é um bom exemplo

Minhas obras favoritas dele: Sussurros na escuridão // A cor que caiu do espaço // Dagon

Todas que eu li de horror cósmico são bem mais terror que horror, mas o horror tá em quando um dos “frenesis” volta para contar a história.Isso quando volta

Ele junta o pior do terror que é o lance das seitas insanas (como em Midsommar)

E o pior do horror que é aquelas criaturona gigante

Essa é a diferença entre Ferramenta e fim

1.2 - SOBRE MIM. (de novo)

.....Aí um dia quando eu tinha 14 um professor falou: vocês vão ter que fazer um conto!

Ai eu pensei... não... é a minha hora!

Foi aí que surgiu: Diário de um homem arrependido VOL.2

Era uma história sobre um homem solteiro que queria ser pai, e aí ele adota um filho, aí ele descobre que o filho é um cachorro, ele adota outro e vai num laboratório russo que transforme o cachorro dele em humano. Só que aí o filho vira gente, ele vira cachorro, depois ele mata, come e come a própria mãe.... enfim.

Ano passado inclusive eu corrigi essa história porque ela tava bem inconsistente, mas eu li aquilo eu fiquei... caralho que muleque escroto...

Eu me surpreendi pela intensidade do gross out, do quão sarcástico ela era, da forma tosca que foi colocada uma piada sobre a Dilma daquela frase em que ela diz que por trás de toda criança tem um cachorro... Aquilo era horror, mas era meio infantil. Mas ainda tinha nela , parte do meu humor de agora, e parte de uma estrutura que eu sigo de primeira pessoa. E de um jeito bem esquisito, dizia muito sobre mim...

Naquela época, 2017, eu já tinha desistido do amor e aceitado que eu vou ficar sozinho, mas ainda assim eu queria ter um filho no futuro (por isso o personagem era um pai solteiro) Talvez porque eu me sentia incompreendido pelas pessoas, então criar alguém aos meus moldes parecia uma opção; com certeza também porque eu achava adotar um gesto bem mais bonito do que fazer um filho (e ainda acho)...

Olhando desse jeito, eu não mudei muito...

Eu também usei algumas das técnicas que aprendi em outras obras de ficção. Como por exemplo a ideia de que tudo faz parte de um ciclo do qual ele não consegue quebrar, uma maldição hereditária entre gerações, o Plot Twist que revelava que ele sempre foi um cachorro, essa corda bem fina entre instinto e razão que a gente tá sempre cambaleando... a ideia do oprimido virar um opressor (algo que nunca dá errado)

E o meu uso do “terror nojento”. O fato dele ter feito aquilo com a mãe foi totalmente parte da ficção (juro que não tenho nenhum complexo freudiano) foi uma intenção de pegar aquilo que incomoda e propositalmente usar dessa forma para chocar. Eu lembro inclusive, de me sentir meio enojado escrevendo aquela parte... escrever gross out é uma sensação meio estranha, e requer ou um pouco de desprendimento do seu ego, ou você aceitar que é um doente maluco doido bilu tetéia, (porque foi isso que eu senti escrevendo ela)

Inclusive minha maior influência naquela época foi um conto que COM CERTEZA eu não tinha a idade adequada para ler.

https://www.ahoradomedo.com.br/conto-visceras/

Mas como eu disse, era meio inconsistente, então por isso eu tive que mudar algumas coisas.

Agora é a história de um viúvo de uma mulher infértil, não tem a piada da Dilma, e o final acontece um pouco diferente... Infelizmente ela ficou um pouco mais light, mas ainda tem os mesmos dilemas.

E você pode lê-la em...

https://www.wattpad.com/1163298783-di%C3%A1rio-de-um-homem-arrependido-vol-2-volume-2

Depois eu fiquei um tempo parado...

Aí quando eu tava com 17 eu fiz a mesma coisa. Projetei minhas tristezas e frustrações num “””personagem”””” e fiz meu segundo conto, que tá no Youtube inclusive. Chamada os Amigos de Adrian.

https://www.youtube.com/watch?v=6V3Gl1qjPWk

Eu tava numa fase muito ruim da vida e eu precisava que a ficção fosse pior do que a vida real. Foi assim que eu voltei meus olhos para tudo aquilo que eu sempre amei consumir, e decidi que era a minha hora de criar.

À partir daí eu fui alçando voo... comecei a gravar para o Youtube e a escrever uns contos aqui e a ali.  

Até que eu vi uma história que era meio ruim... mas que tinha uma ideia muito boa.

Fato curioso... Adrian foi a primeira história que eu criei com finais interpretativos.

Fato curioso 2... Adrian aparece futuramente em outros contos... alguns dos quais vocês vão ver futuramente...

Fato curioso 3 ... um dos “amigos” de Adrian é o Medo em pessoa.

E falando em medo... de onde ele vem?

Ta, da incompreensão humana...

Então de onde vem a incompreensão humana?

(olha esse gancho)

5.0 - AS ORIGENS DO MEDO (E SUAS VARIANTES)

Se você pegar o seu Manual da Solitária agora e grifar a palavra “medo” todas as vezes que você a ver, no fim do dia você vai ter grifado 31 vezes a palavra medo.

Voltando só mais uma vez ao pai do horror cósmico (e infelizmente do racismo) ele tem uma frase sobre o assunto que eu gosto muito.

“A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo. E o mais antigo e o mais antigo e o mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido”  - HP.Lovecraft.

O que eu também discordo. Eu diria que esse é o único medo possível, e não o mais potente.

Afinal, você só tem medo daquilo q vc não compreende...

O resto é cautela, razão, dor, ou qualquer outra coisa...

E antes de explicar a origem neurológica do medo (ou dos medos) eu vou dividi-lo em dois.

5.1 - MEDO INSTINTIVO X MEDO INTELECTUAL

O Medo é a sensação de adrenalina gerada pelo instinto de fuga (ou luta) de algo que ameace a sua segurança

Existe no entanto, o medo intelectual e o medo instintivo. O medo instintivo é aquele que dispara sensação de perigo quando você vê uma onça, que pode te matar, o medo intelectual é aquele que você tem quando não compreende alguma coisa, quando algo te diz que você é burro, é quando alguns padrões não são reconhecidos pelo seu cérebro.

Inicialmente, esse tipo de medo não parece vir de algo que você não compreende. Um medo de onça ou de cobra não é motivado pela falta de compreensão do que é uma onça pintada. Certo?

Errado.

A incompreensão não vem do total desconhecimento da existência de algo, e sim do conhecimento superficial da coisa.

Essa é uma distinção FALSA. E eu vou provar para vocês, porque todos os medos vem da incompreensão humana.

Mas antes...

Alguém sabe me falar o que tem nessa foto?

5.1.1 - AQUELA FOTO...

E nessa, alguém sabe o que que tem?

Eu duvido qualquer um de vocês DIZER O NOME DE UMA COISA NESSA FOTO

UMA SÓ

O que é isso então?

Sério, de todas as fotos que eu vi na internet, essa é a que mais me deu medo, uma aflição, uma agonia que só piorava quanto mais eu via.

Vale da estranheza... basilisco de roko... experimento russo do sono... nada é pior do que isso aqui.

O engraçado é que a leitura dela foi completamente das três idades da leitura da semiótica

Porque quanto mais eu olhava, menos fazia sentido.

1º - mulher triste... mudança - ursinho...

2º parece um cabelo parece um sofá...

3º vi que eu literalmente não descobri nada

Eu sempre dizia algo como “parece tal coisa” e de fato... parece tanta coisa, mas é surpreendentemente como nada nela não é nenhuma das coisas que parecem. Depois que eu despausei o vídeo que falava o que essa foto significava me foi revelado. Isso não é nada menos que um Acidente Vascular Cerebral.

Não literalmente... assim... é uma simulação de um AVC feita por uma inteligência artificial.

Sem entrar no mérito do quanto a inteligência artificial avançou tecnologicamente, e do quanto isso pode ser perigoso... vou só parafrasear o tweet do Átila Iamarino sobre o assunto. (com algumas alterações de licença poética)

As imagens dão essa aflição porque não são reais, foram geradas por inteligência artificial misturando fotos. Então elas misturam vários padrões que reconhecemos, mas que não formam nada realmente reconhecível, apenas um pouco familiar. Dá pra brincar disso com o Artbreeder

https://twitter.com/oatila/status/1264023991020331014

O Artbreeder não serve especificamente para essas coisas. Você pode brincar com os padrões de rosto, fazendo algo meio “Vale da estranheza”, você pode usar para fazer artes muito bonitas e normais, com pouco trabalho, ou só fazer uma arte abstrata qualquer.

Essa imagem não foi feita pelo Artbreeder, o artbreeder é só uma simplificação dessa inteligência artificial para uso gratuito.

Mas essas duas imagens em específico tentam colocar a gente na pele de quem teve um acidente vascular cerebral e teve a memória prejudicada; não chega a ser tãão parecido quanto com um AVC, mas o princípio dessa sensação também é semelhante com  Alzheimer.

Não chega a ser tãão parecido quanto com um AVC, mas o princípio dessa sensação também é semelhante com  Alzheimer.

Manual da solitária... o que é isso?

Certa vez, Carl Sagan disse...

Perdão a piada de mau-gosto

Voltando... Essa sensação de que tudo é familiar mas que nada é conhecido simula a agonia de alguém que tem um AVC tem.

Não sei dizer o que mudou, mas nada está igual - Medo do desconhecido

Isso acontece porque o nosso cérebro foi programado para identificar e reconhecer padrões. Desde o início dos tempos, até agora.

Nosso cérebro odeia a falta de informação, e por isso, precisa dar significado às coisas. Então o jeito de tentarmos entender uma situação em particular, é comparando com a maioria daquelas que a gente viu. Isso facilita o processo de raciocínio, e o seu cérebro é programado para entender o mundo gastando o mínimo de neurônios com isso... Então a gente....

 Cria padrões para gerar associações com significado. Isso nos ajuda a entender o mundo à nossa volta e a nos manter seguros de ameaças repentinas e desconhecidas.

Quando alguma coisa aparentemente não tem um significado óbvio e esperado, o nosso cérebro as simplifica, e impõe nela um padrão a se identificar e ser seguido. Quem faz isso é o nosso CÓRTEX CEREBRAL.

5.1.2 - CÓRTEX X AMÍGDALA.

O nosso Córtex Cerebral processa: Linguagem, comunicação, percepção e memória. Ironicamente, um mecanismo de defesa relacionado à nossa ignorância sobre a visão de mundo vem da zona do cérebro que realiza o processamento neuronal mais complexo

E quando ela falha em reconhecer esses padrões... é que entra o medo.

O medo é liberado para a gente pela...

Amígdala Cerebral, que por sinal não tem nada a ver com a amígdala da boca.

Essa parte monitora: nossos sentidos em busca de sinal de perigo.

E lembra que a gente não tem acesso à realidade, e sim à nossa percepção dela?

Nos esperamos que as coisas se comportem de acordo com a associação que criamos, e quando isso não acontece, a gente fica confuso. A confusão causa ansiedade.  

Nosso cérebro fica “como assim eu não CONSIGO ENTENDER?” 

A ansiedade cria fobias.Tudo isso é derivado da liberação de um pique anormal de Adrenalina.

Pra que isso não aconteça uma tomada vira um rosto, uma nuvem vira um cavalo, uma torrada embolorada vira Jesus Cristo, um trecho mal-interpretado da bíblia vira um movimento anti-vacina, um desenho de um chapéu vira uma cobra que engoliu um elefante...

O nome disso é PAREIDOLIA.

Em resumo...

Dói pra caralho falar “não sei”. Por isso q muita gente que quando quer pagar de gostoso, você pergunta pra ela um assunto que ela não domina, e em vez de admitir que não sabe, ela vai falar q não-sei-o-que,não-sei-o-que... e piriri popopo

E é por isso que o Sócrates falou “quanto mais sei, menos sei q sei”

Ou

O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância.

Dá medo não entender alguma coisa porque o próprio medo instintivo vem disso

Quando algo foge do nosso padrão,a gente fica com medo. A gente cria fobias, é daí que vem os preconceitos

Isso que dá medo, e que luta contra a nossa programação de fábrica.

5.1.3 - PRECONCEITOS.

Homofobia - não significa que o homofóbico tem medo de viado do mesmo jeito que eu tenho de aranha.

Ele só não entende aquela pessoa, porque isso buga a cabeça dele, e esse bug mental da ansiedade, adrenalina, medo.

E o medo pode se manifestar como fuga, mas também como luta. Não entendo? Lampadada.

Mas será que a fobia do homofóbico é mesmo diferente da minha de aranha?

Fobia, resumindo, é um medo irracional, mas todo medo vem da irracionalidade. Então, fobia é só um medo descabido e em altas doses de adrenalina, que desencadeia crises de ansiedade.

Então a homofobia pode ser irracional, pois o homossexual não oferece nenhuma ameaça à sua integridade, mas a aranha também não me oferece nenhum. Sim, não oferece. Não existem aranhas venenosas no Brasil, e saber disso, reduziu minha fobia descabida para uma leve cautela, mas uma cautela ainda irracional, uma vez que eu entendo como e o porquê meu cérebro faz isso.

Há motivos. O homofóbico pode não entender por conceitos errados, ideias erradas, fake news, ou mesmo um exagero da desconstrução, de por alguns movimentos que banalizem a causa. O meu medo de aranha é originário de genes ancestrais que tinham que temer aranhas, as obras de terror que eu acompanhei a infância toda, os filmes animados que mostravam aranhas como “maus” o tempo todo...

Inclusive essa incompreensão pode explicar porque é tão crescente a nossa poluição ambiental, e o porquê, mesmo tão grande, a vida no mar sofre ameaça, e inclusive os oceanos que são tão imensamente maiores a nós...

https://super.abril.com.br/ideias/o-fim-do-oceanos/

https://escolakids.uol.com.br/ciencias/poluicao-do-mar.htm

Medo do mar = joga lixo lá

E talvez você ateu vai falar: Hááá... É pra isso que serve a religião pra tapar o buraco da nossa incompreensão do mundo!

E vc tá certo... mas não é só o crente q faz isso

Tem uma coisinha q chama viés de confirmação. (da qual eu não vou me aprofundar muito aqui, eu já fiz um vídeo sobre)

https://www.youtube.com/watch?v=EKPA0rQEhHU

É por causa dela que quando você tá estudando um determinado assunto político você vai mais atrás dos argumentos que já fortalecem seu ponto estabelecido, dos que podem, potencialmente provar que você estava errado.

Na busca de estatísticas, você vai atrás de

Dados que comprovem que... (o que eu penso está certo)

Por exemplo, existem a pessoa A, que é Armamentista, e a pessoa D, que é Desarmamentista.

Tanto uma quanto a outra, quando forem pesquisar argumentos “para saber” se estão certas ou erradas, elas vão atrás de países em que a estatística fortaleça o seu ponto, sem se importar inclusive, com as outras questões que precisam estar alinhadas, para correlacionar os dados com o seu argumento.

Faz a prova..

Simplesmente pesquise no Google: refutando (alguma coisa) e depois procura essa (alguma coisa) sem o refutando atrás, e vê a diferença nessas buscas.

Ou pesquisa no Youtube um tema. Você vai perceber que as “tentativas de refutações” são, muitas vezes, mais buscadas que as apresentações da ideia. Independente da ideia.

Na religião a gente vê isso vindo mais do lado dos crentes do que dos céticos, masss....

Eu posso citar um exemplo de um ateu que fez todo um vídeo para apresentar o seu argumento, baseado numa premissa errada sobre o cristianismo. (Epifania Experiência)

Ele disse que todo o conceito da existência de Deus se limita à própria bíblia, e que isso era como querer provar o Superman usando de referência os quadrinhos do Superman.

Ele está certo quando afirma que a maioria dos crentes fazem isso, mas está errado em dizer que TODO o debate já existente sobre a coisa gira em volta somente da bíblia, São Tomás de Aquino enfrentou a academia com As Cinco Vias e a Suma Teológica.

 Esse é o medo intelectual. Mas e o instintivo? Como eu posso dizer que tanto o medo instintivo quanto o medo intelectual são irracionais? E que ambos vêm da ideia de reconhecer padrões?

Primeiro que esse nosso mecanismo de defesa de reconhecer padrões se originou dessa necessidade instintiva de reconhecer padrões, a gente sabe que o homo-sapiens foi uma evolução dos outros homos.

A gente também sabe que, apesar de superficialmente as fobias modernas serem irracionais, elas possuem um motivo hereditário.

Tripofobia, por exemplo: o medo de padrões irregulares ou de agrupamento de pequenos buracos ou saliências, que pode ser manifestado até mesmo por imagens, fotos de alguma coisa,foi originado de medos ancestrais de coisas perigosas que possuíam um formato assim. As plantas venenosas, ainda hoje, em sua maioria, têm formatos assim: Costela de adão... dedaleira... mamona...

E é presumível que houveram mais dessas, que pararam de existir por conta disso mesmo, do processo evolutivo.

A Tripofobia também pode ter vindo de um dia em que um louco comeu um cogumelo estranho e ficou cheio de bolinha no corpo, ou de uma onça pintada.

Hoje o medo intelectual, o viés de confirmação, é mais experimentado por vivermos na época mais segura e automatizada de todos os tempos (Ifood, e não caça) mas mesmo quando há em algum momento, razões para experimentar esse tipo de medo, como dois homens em uma moto, tanto um quanto o outro liberam estímulos pelo mesmo lugar... a amígdala cerebral.

Segue o exemplo...

Se você, homem das cavernas, vê uma onça pintada pela primeira vez na vida, e não sabe o que ela faz, você é morto e comido. Se você é o homem das cavernas que assistiu a tudo isso de camarote e saiu correndo, você vai passar a ter um medo mortal de onça pintada.

Logo, seu medo vai crescer para a simples ilustração do pintado, conforme mais paranoico você ficar. Você vive em uma terra onde há mais onças do que macacos, então automaticamente, quando você vê manchas brancas e laranjas, você corre, um belo dia, você vê um simples mural de flores brancas e amareladas e sai correndo.

No entanto, um dia, a sua dor de estômago fala mais alto que o seu medo. Você e um grupo de semelhantes seus, planejam uma forma de caçar uma onça. Durante a conversa, compartilhando experiências, vocês descobrem que a onça tem medo do fogo e pode ser espantada com uma larga tocha, e descobrem que seu ponto mais fraco é a parte toda branca, onde fica o peito, e é lá que vocês devem acertar as lanças.

Pronto, você não tem mais medo de onça, apenas cautela de não topar com uma estando desarmado.

Resumindo, tanto aquele terror que é mais intelectual quanto aquele que só mexe com a parte primitiva do cérebro funcionam pela mesma razão... o nosso medo do que é desconhecido.

A gente pode usar isso para refletir o quanto as pessoas agressivas são agressivas, e o porquê elas são assim.

Lógico que, reduzir todas as reações de agressividade à manifestação de luta do medo é um pouco reducionista, quando eu digo sobre as raízes do medo serem a incompreensão e humana e o costume de enxergar padrões não é na intenção de resumir todo contexto onde tem medo envolvido ao desconhecido. Se você teme dois caras em uma moto, pelo medo de morrer, é porque a morte te é algo desconhecido, se você teme ser roubado, é porque parte da sua vida é materialista, ou ao menos parte da sociedade em que você está inserida. O que não significa que você tem que abraçar a morte ou alcançar o Nirvana. A mesma coisa vale para a agressividade.

A violência é um mecanismo de defesa para quem sempre vive ameaçado, assim como o homem das cavernas. Naturalmente a gente vê que pessoas que gritam muito é porque não conseguem se impor de forma carismática, que valentões cutucam a ferida dos outros na tentativa de esconder as próprias.

Essas pessoas são tão medrosas quanto as que ficam quietinhas no canto delas. De ambas as formas, as duas tentam ao máximo não se expor ao incontrolável, ao imprevisível.

“A gente passa a vida inteira desesperadamente procurando uma prova para nós mesmos de que estamos vivos”

Para ser sincero, eu não lembro onde eu vi essa frase, e também me lembro dela ser apresentada de um jeito bem mais profundo que esse. Mas isso me fez refletir, antes de começar a escrever.

Quais são as coisas frágeis em que nos agarramos para provar para nós mesmos que estamos vivendo?

A resposta em que eu cheguei foi:

Tempo

Rotina (para podermos quebrá-las)

Amigos

Semelhantes

Convicções e Certezas

Memórias sobre nós mesmos.

O garoto tem a dimensão de tempo humana negada a ele. Sem entrar nessa discussão se o tempo é relativo ou absoluto, e a diferença entre o tempo e o Tempo, é fato de que nos agarramos às horas do relógio e às datas do calendário.

Esse não é o tempo real, mas é a medida que a gente escolheu para ele.

Ele não sabe que dia nem que hora é.

Um personagem em específico chega para ele e começa a dizer que tudo que ele acha sobre si mesmo está errado. Que não foi assim, que na verdade foi assado. E seria muito fácil chamá-lo de mentiroso, considerando que ele é seu inimigo... Mas quando a mentira do inimigo é convincente, e a nossa verdade tem falhas... o que é verdade e o que é mentira?

Será que ele consegue fugir para se proteger? Será que não tem no âmago dele um instinto explorador, que o faz buscar o que não deveria?...

A resposta para isso é sim e não... E vocês vão acabar entendendo o porquê.

Mas se o nosso cérebro é programado a fugir com tanto desse medo do desconhecido, do“”anormal”””, fora do padrão,  

Por que a gente anda de montanha russa e lê manual da solitária

Por que a gente busca o desconhecido?

Esse que é o loco

A gente procura o medo porque ele dá adrenalina

Mas a gente fica na zona de conforto (evitando a adrenalina) pelo medo

Que dá adrenalina

Então a gente foge da adrenalina

Mas busca ela

E foge por conta dela

Ela foi feita pra nos fazer fugir

Mas a gente busca ela, para sentir vontade de fugir.

É uma sensação paradoxal de repulsa e atração extrema. Juntas

E pra vocês não acharem que eu tô brisando...

Eu vou mostrar outra pessoa que brisou igual eu, séculos atrás. Mas antes....

Até que eu vi uma história que era meio ruim... mas q tinha uma ideia muito boa. (inspiração)

1.2.1 - SOBRE A CRIAÇÃO DA HISTÓRIA (e eu pouco sobre mim)

Era uma série de histórias no Youtube do tipo... leia as regras antes de... almoçar na sua sogra, antes de dormir na vovó, aceitar esse emprego, namorar uma Natália...

Algumas delas eram horríveis, (a maioria, pra ser honesto) mas outras eram até que interessantes... muitas vezes ideias muito boas mal aproveitadas, falando mais bonitinho

Premissa X Abordagem.

Premissa no dicionário é a proposição, (haha, que ajuda) as informações essenciais que vão servir de base para um raciocínio, e depois um estudo, e depois uma conclusão. Essa partezinha antes da conclusão é a abordagem.

É que nesse contexto, ela tá traduzida como premissa de um debate de lógica, mas aqui a gente tá usando premissa como ideia BASE para uma história de ficção, que não deixa de ser tãão diferente da lógica.

Por exemplo, uma estratégia de proposição de ideias (deixando claro que não é a única, é apenas uma estratégia) é o “e se...”

A Pixar usa, no caso usava, muito o E Se... “e se secretamente os brinquedos tiverem uma vida secreta, consciência e o sonho de livre arbítrio?” ou simplesmente “e se os brinquedos fossem vivos?”

Daí todo o filme é a abordagem, que se desenrola baseado na premissa que é o “e se”. A abordagem pode trazer a uma conclusão ótima, como Toy Story 1 e 3, ou a uma conclusão mediana, como o 4.

Ali eu parei pra pensar que talvez abordagens ruins com premissa boa podem inspirar coisas melhores.

E eu tive certeza naquele do cinema...

“Eu trabalho num cinema com regras estranhas”

As outras nem eram abordadas, na real, sequer... elas acabavam nas regras justamente pra te deixar com aquele... gostinho de imaginação

Era só a premissa pela a premissa. A abordagem ficava na sua imaginação...

Aquela do cinema no entanto, apesar de ser boa mas nem tanto (ela peca em algumas coisas...) soube trazer uma boa abordagem que não destruísse a premissa anterior, que era te dar respostas e te deixar com mais perguntas.

Então mesmo sendo escrito além da premissa, não perdeu aquele gostinho de especulação...

Ela funciona de um jeito diferente do manual da solitária. Nessa história, existe as regras, e a cada episódio, o cara que tem que seguir essas regras fala uma delas, e conta a situação onde teve que seguir ou não segui-las, no manual da solitária, as dez regras te são apresentadas logo no primeiro capítulo, daí conforme as situações vão rolando, ele vai se lembrando das regras que ele leu... Isso faz a história funcionar meio que numa forma de espiral, as coisas que acontecem lá na frente, teve alguma coisa sobre ela lá atrás, isso te faz querer voltar as páginas e entender como eu usei aquela jogada com isso... um negócio meio Replay.

Aliás, não tem nada melhor num terror e num suspense do que a figura oculta da espiral... já já vocês vão entender o porquê.

Enquanto essa outra história segue de uma forma mais linear, cada episódio é uma regra, e a situação dessa regra, o que, modéstia parte, eu prefiro a minha.

No final, quando tudo foi explicado perdeu um pouco essa magia... porque a história pecou em não se abrir para teorias e possibilidades e teorias... Modéstia parte de novo, parte em que o Manual não peca.

....

......

.......

Eu vi essa história, curti, acendeu uma luzinha na minha cabeça, mas passou um tempo e eu me esqueci dela.

Passou mais um tempo, eu me lembrei. Foi um momento em que eu tava procurando premissas para abordar.

INICIALMENTE, MANUAL DA SOLITÁRIA ERA PARA SER UM CONTO, mais especificamente, meu sétimo conto. Durante a confecção ou concepção dele, sei lá, surgiu o meu oitavo, o espetacular mundo das ideias, fazer uma pausa entre uma história e outra durante a escrita de um romance às vezes é interessante.

Foram três meses escrevendo, de Setembro à Novembro, onde eu escrevia religiosamente todos os dias.

21 set - 18 nov

Eu comecei escrevendo um capítulo, de repente outro, e aí foi vindo ideias... e eu fui dando continuidade. Na verdade, eu fui tendo uma clareza melhor de como seguir a abordagem dessas ideias, porque elas já estavam mais ou menos pinceladas (em borrões) na minha cabeça, quando ainda era um conto.

Dia 21 de setembro - Eu ainda tava batendo ponto na autoescola, durante o tédio, surgiu a ideia (nem me perguntem quanto tempo eu levei para tirar carta)

Dia 18 de novembro - Eu terminei o meu primeiro manuscrito. A sensação aliviadora de dever cumprido após terminar uma obra é indescritível... é como parir um filho. (eu acho)

Mas daí só veio nervosismo... porque eu sabia que ela era boa para mim, mas será que os outros também veriam assim.

Hoje, eu tenho a clareza de que tá tudo bem não ter obras perfeitas, que tá tudo bem errar e inclusive tá tudo bem uma obra ser ruim, e eu teria que me aprofundar muuuito para explicar como eu cheguei nessa clareza. Na época eu tinha medo demais do que os outros iam achar, (e às vezes ainda tenho)

Dado o nervosismo, eu passei do dia 18 ao 21 relendo, editando, antes de mandar para as editoras... essa foi a minha primeira “revisão”

Dia 22 de novembro - Enquanto eu tava fazendo a minha tattoo do Joker x Van Gogh, quase desmaiando de dor, foi que eu recebi um email de uma das editoras aprovando meu manuscrito

E desde então eu respirei esse livro como se ele fosse a cura da covid, e em abril de 2022, enquanto eu estava escrevendo “Vírus” (tô dando o nome de tudo quanto é projeto futuro) foi que eu fiz a última edição, e o manuscrito virou oficialmente um livro.

1.2.2 - SOBRE O PROCESSO DE CRIAR UM LIVRO

Eu comecei com a introdução do contexto do personagem... Onde ele vivia, como ele foi parar onde ele estava, o que ele tava fazendo momentos antes de acontecer o que aconteceu, o porquê que ele tava fazendo o que tava fazendo... ele perdendo os sentidos... vendo, ouvindo e sentindo coisas estranhas... acordando na solitária... se debatendo e um papel caindo.

As “regras” do “leia” estavam lá... pareciam ser escritas por alguém que veio antes dele e passou pelas mesmas coisas que ele está passando e ainda passará, e as condições no qual foram escritas... Digamos que não cheirava bem...

As regras eram, resumidamente essas:

1 - Você vai ter que Gritar muito, o tempo todo

2 - Guarde comida e água. Racionar o alimento.

3 - Sobreviver... e tomar cuidado com as bebidas envenenadas

4 - Se um Ogro te perguntar “O que você quer aprender” responda “ A arte de não sofrer”

5 - Responda as perguntas com outras perguntas.

6 - cuidado com Henrique

7 - Invente uma terapia.

8 -cuidado com o YCULI

9 - Vença a Sala de sangue - (não é descrita dessa forma, mas é uma regra que fala sobre essa sala)

10 - Se você acha que tá ruim, Piora. Boa sorte.

Ele acaba de ler, termina com um monte de dúvidas e um gosto amargo de arrependimento, mas seja lá o que for tudo isso, é melhor ele já começar a gritar... A porta da cela está se abrindo...

Eu colei a introdução com contexto até as regras, e depois colei com aquele finalzinho de avenida brasil.

Eu olhei praquilo pronto, com 2000 palavras mais ou menos e pensei “não, eu não posso parar aqui”

ESSA FOI A PRIMEIRA VEZ QUE EU DEI SERIALIZAÇÃO A UM CONTO MEU... TER ESSA CORAGEM ME ABRIU TANTAS PORTAS QUE VOCÊS NEM FAZEM IDEIA. EU NEM CONSIGO ESCREVER ISSO EM LETRA MINÚSCULA DE TANTO ORGULHO QUE SINTO SOBRE ISSO.

Mas vamos às regras, e a algumas coisas que eu vou revelar sobre o livro só aqui...

Primeiro você vai ver que as 10 regras não são beeem 10 regras. Algumas são dicas, ou comentários, e dá para se notar que de alguma forma, ela quer agilizar um processo dele que deveria ser natural, mas num geral, tem a mesma função que qualquer regra... um certo auxílio, cuidado... uma falta de justificativa...

Até porque convenhamos, algumas leis são injustas, e você pode descumpri-las, dependendo de cada uma, vai haver uma punição diferente, ou nem vai ter punição, mas você pode.

Só que num geral... ordens dadas sem explicação e que servem para te proteger de um possível sofrimento faz lembrar uma coisa beeem específica...

Mas superficialmente, isso mostra que a mulher que escreveu tava numa certa desordem mental. E vocês vão ver que duas dessas regras/dicas meio que se misturam durante a jornada dele, e tem uma explicação lógica pra isso... mas que abre mais perguntas...

NADA É ACIDENTAL - Primeira “dica” do autor.

Logo no segundo capítulo acontece uma coisa pequena, cotidiana, mas beeem corta clima. Spoiler: envolve o Ogro, o manual da solitária, e o protagonista.

Vocês também vão reparar que em nenhum momento (antes da sua conclusão) é dito q a garota das regras é uma GAROTA.

O que dá para gente saber é que é alguém do gênero feminino pelos pronomes contidos na carta, mas não especificamente uma GAROTA. Poderia ser uma moça... uma senhora... mas é uma GAROTA.

 O protagonista coloca isso na cabeça dele porque ele faz dela meio que tipo uma companheira imaginária... como se fosse a sua “Wilson” Porquê ele escolheu imaginar ela como uma garota?  (dar de ombros)

(O livro é o nome da carta, e a garota é o imaginário dele representado na carta) (tenho certeza que vocês já viram isso em um monte de lugar)

Mas só isso já deixa umas perguntas... perguntas essas que eu coloquei no meu Instagram.

https://www.instagram.com/aajrmed/

Onde o protagonista está?

Quem ele é, e qual seu nome?

Por que, e por quem ele foi preso?

Qual o intuito da instituição, e quem está por trás dela?

Quem é HENRIQUE?

Quem é YCULI?

O que diabos é uma sala de sangue?

Onde fica o clit..?

E mais um monte, algumas que eu vou pincelar em breve.

E eu vou confessar que nem eu tinha respostas para todas elas quando eu comecei a escrever, mas embora EU NÃO TINHA, o LIVRO JÁ TINHA.

Muitas das coisas que eu estava escrevendo, aí lá pro final eu tinha a resposta certa, eu passava voltando atrás...

“não, agora que eu já decidi o que é tal coisa... vamo passar revisando TUDO, para ver se tá coerente e deixar vestígios disso lá.”

E aí eu me surpreendi ao ver que essas pistas já estavam lá, e eu nem percebi.

E isso porque...

“UMA OBRA TEM VIDA PRÓPRIA”

Ah é? Me prova então:

6.0 - A VIDA PRÓPRIA DE UMA OBRA

A gente vai usar como estudo de caso “Construção” do Chico Buarque.

...

Construção conta a história de um homem que sofre um acidente DE trabalho, morre e é isso.

Superficialmente.

Mas do jeito que a gente vê, pode ser não só de um, mas de 3 caras diferentes, 3 casos diferentes. Mudados por uma simples coisa... desordem mínima.

Seria então , três formas diferentes de contar a história.

Os três trechos mostram que o acontecimento narrado é algo comum e que acontece todos os dias.

Uma Desordem mínima fuder tudo é simbólico demais, porque eles são construtores.

Então é aquilo... todo mundo que faz um trabalho repetitivo SE ODEIA, porque você não tem que pensar. Só ficar... pega carimba... pega carimba... (no caso, constrói, com tijolos.)

E ao mesmo tempo que você é suprimido a ser só a bosta de uma máquina humana e não pensar, você tem que ter uma manutenção mínima em prestar atenção nessa repetição.

Não no automático. No semi-automático

Ou seja... você não pode pensar, mas você não pode ficar sem pensar demais, pois senão daqui a pouco cê tá grampeando seu dedo, as folhas (ou os tijolos) tão de ponta-cabeça.

O MODO como ela foi organizada INFLUENCIA.

Amou daquela vez como se fosse a última

 Beijou sua mulher como se fosse a última

 E cada filho seu como se fosse o único

 E atravessou a rua com seu passo tímido

Aqui a gente vê que ele se despede de sua mulher e de seus filhos e sai de casa.

Subiu a construção como se fosse máquina

 Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Máquina... movimento repetitivo... aquele lance todo

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

 Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego

Aqui eu me dei a liberdade de pegar um bloco e meio... pra ficar mais rápido.

O fato dele descansar como se fosse sábado, é um bagulho foda demais. É um estoicismo que os pedreiros têm que todo mundo deveria ter.

Ele parou para descansar como se fosse sábado, sem se importar com o fato de ter que trabalhar.

OS 15 MINUTOS DE COCHILO DELE, ELE FAZ SER LONGO COMO SE FOSSE A VIDA TODA.

Depois ele bateu um marmitão como se fosse um banquete. E ficou bêbado pra suportar o inferno mecânico.

Depois ele MORRE e atrapalha o tráfego. Ou seja, ele é só mais uma mão de obra... só mais um trabalhador substituível. Num teve nem o bom senso de morrer na calçada...

Igual o Carrefour. Morreu? Bota um guarda sol e já era.

Beleza... deu pra entender, né?  

Então vamo pro segundo...

Amou daquela vez como se fosse o último

 Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Ele só trocou uma palavrinha pela outra... referenciando também àquele lance de desordem mínima, e já deu outro contexto.

Nesse trecho, o trabalhador JÁ SAI DE CASA BÊBADO, E NÃO DURANTE O ALMOÇO

Todas as mortes estarem relacionadas a errinhos mecânicos, também é parte do que os mata, (e do que nos mata) dia-a-dia um pouquinho.

Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Porra... o cara é muito gênio né... pensou em tudo isso quando tava escrevendo, né?

.... né????

*Entre parênteses, negar com a cabeça*

Foi engraçado porque quando alguém chegou com toda essa energia dessa brisa que eu to passando pra vocês PRA ELE, chegou e perguntou.. Ou, isso quer dizer isso aqui mesmo?

E ele, com outras palavras, basicamente disse que sim e que não.

SIM porque é o que significa e NÃO porque não foi a intenção dele quando escreveu.

Das duas teorias que as pessoas criaram, 1) a de que era a história semelhante de três caras diferentes, que foram causadas e diferenciadas por uma desordem mínima; 2) a de que era a história do mesmo cara, mas contada na visão de pessoas diferentes; Buarque negou tencionar as duas.

A ideia era mesmo montar uma composição em blocos, que nem uma construção, por isso o uso das palavras com mesma sonoridade no fim das frases.

Mas por mais que não fosse a intenção do autor, foi a intenção da obra... POR QUÊ?

POR QUÊ? PQ PQ PQ PQ PQ?

Porque...

Uma obra tem vida própria.

EU ACABEI DE MOSTRAR DUAS, MAS QUAIS FORAM AS MINHAS OUTRAS REFERÊNCIAS?

1.2.3 - INSPIRAÇÕES (Roube como um artista!)

“Bons artistas copiam, grandes artistas roubam” - ......

Essa frase é muito atribuída ao Pablo Picasso, e até ao Steve Jobs. Eu seria desonesto se confirmasse para vocês que essa frase é de algum deles. Não achei evidências disso, e provavelmente, não foi.

E é exatamente essa frase ser falsamente atribuída que prova com mais maestria o ponto dela.

É como dizer que Sócrates disse “Só sei que nada sei” Ele não disse, ponto. O que ele disse foi “Todo o meu saber consiste em saber que nada sei”. Grandes, bosta, não? É a mesma ideia.

Mas não muda o fato de que é uma mentira. Eu adaptar uma frase e atribuí-la ao autor é tão mentira quanto colocar qualquer frase em cima de uma foto do coringa, ou colocar “Clarice Lispector... Dalai Lama...” no final.

“Uma mentira repetida mil vezes, se torna verdade” O próprio Goebbels disse, e ele estava tão certo quanto a isso, que essa frase nunca foi dita por ele.

A frase real é  

Se você contar uma mentira grande o suficiente e continuar repetindo, as pessoas acabarão acreditando. A mentira só pode ser mantida enquanto o Estado puder proteger o povo das consequências políticas, econômicas e/ou militares da mentira. Torna-se assim de vital importância para o Estado usar todos os seus poderes para reprimir a dissidência, pois a verdade é o inimigo mortal da mentira e, portanto, por extensão, a verdade é o maior inimigo do Estado.”

Uma frase muito longa que quer dizer a mesma coisa que a primeira; como a insistência de algo a exaustão pode fabricar uma verdade, pode fabricar um gosto, e como num telefone sem fio, quanto mais a informação passa, menor e mais distorcida ela fica.

Cada vez mais... reduzida.

Reducionismo é o que separa a “cópia” do “roubo” e de uma forma bem cruel, a gente pode dizer que a cultura, seja alta, baixa, ou de massa, é de certa forma, um reflexo reducionista de algo complexo.

“Cultura é o que fica depois de se esquecer tudo o que foi aprendido” - Selma Lagerlöf

Eu prefiro dizer que tudo aquilo que você lembra depois que acabou de ler alguma coisa, é cultura, e que aquilo que você lembra é arte.

Isso não coloca cultura como algo ruim, cultura são só costumes enraizados que resumem alguma coisa seguida espontaneamente. O pulo do gato é que, quanto mais culturas você explorar, menos refém à sua própria cultura você fica, e aí começa a descobrir o que tem em comum entre elas....

Afinal, “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”

Tá bom... chega de citações. Vamos às obras que me inspiraram .

Zatch Bell - não o mangá, mas o anime. Parte da comunidade fã dessa obra ficaria muito brava comigo só por eu dizer que eu prefiro o final do anime, e que no mangá ele é exageradamente longo.

Sinopse: Kiyomaro é um garoto bem inteligente, mas super arrogante. Ele não vai à escola simplesmente porque sabe que não tem nada a aprender lá (ele está parcialmente errado, mas não completamente, a obra inclusive brinca com isso)

Essa autoconfiança descabida torna ele um mimado, um palhaço, mas não parece ser uma pessoa ruim.

Até que o pai dele, uma figura da qual ele não tem quase nenhum contato ou conhecimento, manda um garoto pra ele cuidar. O Gash, um demoninho chato de tão alegre, e que por sinal, também não se lembra de seu passado.

Mas a cada mil anos, cem demônios habitantes de um mundo paralelo chamado mundo demônios são enviados à Terra para batalharem uns contra os outros, a fim de que o último que restar se torne o rei de seu mundo.”

Sua missão dada pelo o seu pai era “descobrir sobre esse garoto” e meio que sem querer, ele cai de cabeça numa batalha que não é dele.

A partir daí ele forma caráter, cria amor pelo demônio e empatia pelas pessoas a sua volta,quase morre várias vezes e ajuda Gash nas suas duas missões.

A primeira é ganhar a guerra e ser um líder bondoso e a segunda é descobrir sobre o seu passado.

Diferentemente do Gash, o protagonista do livro não é determinado a essas missões como ele é, e sim mais teimoso, como o seu mestre Kiyomaro. Mas também completamente diferente.

Mas a principal inspiração que eu tirei dessa obra foi a relação do Gash com o seu nêmesis. Alguém fisicamente parecido com ele, e que está sempre o vigiando...

A gente já já vai falar quem é esse cara no Manual da Solitária. Eu tô me segurando para não entregar o ouro da história aqui...

meu trabalho é observar uma mulher presa em um quarto - Livro

Essa é uma história que surgiu na internet como mais uma Creepypasta, mas diferente das outras, ela não é um A.R.G, (a história não é interativa com as respostas de quem a lê) Essa história que surgiu despretensiosamente num fórum de internet tem umas 3 horas de leitura, fecha todas as suas pontas soltas com perfeição, e abre espaço para mais questões.

Eu AMO ESSE LIVRO. É fácil uma das minhas ficções FAVORITAS. Eu faria um TCC sobre ele... e sabe o que eu usei de inspiração nessa obra, que é tãão rica?

UMA FRASE. Uma frase só

Já faço o meu réu confesso aqui porque é a mesma frase, só tem um aproveitamento diferente. Na outra obra essa frase fica lá pra quinta sexta parte, no meu livro é a primeira frase, e é meio alterada no começo do último capítulo.

“ Senti meus olhos se arregalarem como se pertencessem ao corpo de outra pessoa”

________________________________________

Twelve minutes - Jogo.

De todas, essa é a minha principal inspiração, a que mais teve influência no meu processo artístico e a que mais influencia inclusive a conclusão da história.

Réu confesso... um dos sete finais alternativos do jogo, chamado “Atenção Plena” é o nome do décimo primeiro capítulo do meu livro, puxa aí no sumário que vocês vão ver.

Atenção plena é o princípio da meditação.

Regra número sete: Invente uma terapia.

Terapia é algo muito abrangente, que abrange Meditação

Meditação necessita de silêncio, não o silêncio externo, mas o silêncio que a gente evita, o interno.

Silêncio interno é observar os nossos pensamentos

Mas temos medo dos nossos pensamentos. Eles podem nos esclarecer, ou podem nos assombrar.

Essa lição é um lação que entrelaça a obra inteira, mas mais especificamente ela é a base de um capítulo específico... mas antes da gente falar dele, e das outras inspirações que inspiraram esse capítulo, vamos falar de CONTRA-INSPIRAÇÃO.

1.2.3,5 - CONTRA-INSPIRAÇÃO (cuidado com o que você rouba!)

Isso... isso é o pior que você pode imaginar - Conto

Com contra-inspiração eu não quero dizer que ele não tenha tido influência pra minha obra, ele teve sim, e nem porque ele me atrapalhou, mas sim porque ele cortou meu barato e me mostrou que algo que eu queria não podia ser feito.

Em vez de me expandir para “o que fazer” ele me congelou para “o que não fazer”

Também contra-inspiração porque diferentemente das outras inspirações ele é mais horror, enquanto o meu é mais horror. Acho que “mais horror é até um eufemismo”, o conceito desse conto é assustadoramente te congelar e cortar as suas especulações

Ele é uma história de um rei autoritário que faz execução pública a todo mundo que o desafie.

Aí ele coloca o narrador da história num quarto branco. Ele acha que sua punição é privação sensorial, fica aliviado, mas descobre que piora.

 Depois a parede começa a diminuir, ele acha que vai morrer esmagado, ele entra em desespero, mas mal sabe que piora.

Na hora em que ele tá todo espremido, a parede para de diminuir, e aí ele sabe que vai ficar ali, espremido e com os ossos quebrados, até morrer de sede.

....

Privação sensorial era o menos pior nesse caso. Mas eu ainda acho que a privação sensorial é mais perigosa do que parece, eu não quis na obra passar a mensagem de que ela pode ser o menos pior.

Privação sensorial é maluquice, tem contos insanos sobre privação sensorial, só que é impossível fazer uma obra toda de mais de uma hora e meia de leitura só sobre privação sensorial.

Tentaram fazer isso uma vez e se chamou “Enterrado vivo”. E tem muita gente que gosta desse filme, mas eu acho uma bosta.

Não dava pra fazer muita coisa se ele estivesse preso numa cela. Até dava... ele ia enlouquecer e tal... aí tudo ia ser da cabeça dele

Pode ser que seja isso? Talvez... a obra é independente

Mentira, isso não é não. (mas pode ser que seja)

Na verdade é... e não é. Parte dela é sobre um tipo de privação sensorial sim... mas uma diferente. Uma pela qual você que não desafiou um rei autoritário e nem caiu nas mãos de uma instituição misteriosa já passou...

Mas pra entender isso, a gente vai precisar entender antes a diferença entre um quarto escuro e um quarto branco.  

1.2.4 - QUARTO BRANCO X QUARTO ESCURO

Antes de falar sobre as diferenças, eu vou dar uns avisos curtos sobre as semelhanças.

Tanto um quanto o outro podem ser cenário de uma solitária, por definição, solitária é um confinamento onde só tem você. Pode ser um quarto escuro todo estropiado para um preso que se comporta mal, ou pra um doido, como aqueles em que tem parede almofadada, sabe?

Tem mais uma semelhança, mas vamos falar das diferenças.

Quarto branco é mais horror = é você ficar louco pela falta de estímulos, é contrariar o seu córtex, é não ter informação pra processar.

Desperta horror, portanto, congela a alma; é uma tortura Iraniana, ou seja, praticada no Irã (e no Projac a cada 4 anos); leva à loucura, e eleva à última potência a privação sensorial 

Quarto escuro é mais terror = É você imaginar os horrores; estar sempre vulnerável à vultos, diferentemente do branco, tudo é mais sugestivo, ele brinca com o mistério, e nos faz lembrar da nossa ignorância humana.

É como estar de olhos fechados, mas vira e mexe ver um pouquinho, e esse pouquinho nunca é coisa boa...

O quarto dele é escuro por conta disso, toda a obra envolve questões que vão além da dimensão do imaginável do garoto, e isso começa desde o quarto

Mas seria equivocado dizer que o principal problema do quarto branco também não rola no escuro, (em potências menores) que é a privação sensorial. Mas um tipo específico.

E ele enfrenta um tipo de privação sensorial em escala menor muito pior... em um capítulo em si.

(o terceiro....)

Ambos podem ser uma solitária. Ambas compartilham um mesmo horror.... uma mesma privação sensorial...

O TÉDIO

Se vc procurar tédio no hospital dos burro... Google... vai ver que inicialmente, o tédio é um aborrecimento, e tá relacionado com a depressão (adrenalina... láaaa embaixo). Mas você também  vai ver que o tédio tá relacionado com abstinência de drogas, borderline, tdah, alcoolismo...

Que é o que a gente faz quando tá com falta de adrenalina... mas quando não tem drogas e nem álcool ou videogame, o próprio tédio gera desespero, gerando adrenalina. (láaaa em cima)

Por isso que falam que é oficina do diabo... que você pode fugir de todo mundo menos de você mesmo...

De tudo, no que ele fica preso é a própria mente. E esse é um dos medos q a gente tem no tédio. É pensar demais, é desligar a música e acabar ouvindo a própria cabeça. O próprio silêncio já é contra-intuitivo com a nossa amígdala cerebral, e pra ajudar ela resolve tapar esse vazio com coisas PIORES.

Talvez você argumente, ahh... no quarto escuro você pode matar o tédio imaginando coisas horrorosas, o que nem sempre é tão ruim assim... é por isso que contamos histórias de terror; às vezes você pode acabar acreditando nas coisas que você imagina, o que é péssimo, mas ao menos expande a sua alma. Enquanto no quarto branco não dá pra você matar tempo imaginando as coisas porque não tem nada pra imaginar... tá tudo muito claro... isso que deixa louco!

Sim e não. De fato, imaginar coisas pode ser um matador de tédio; mas uma hora, até isso enjoa; e imaginar as coisas horríveis não é tão legal quando você não se propõe a isso, quando é contra sua vontade. Ele pode imaginar, mas uma hora vai cansar, e o que ele imagina é péssimo.

No quarto branco você não tem muito a especular racionalmente, e diferente do quarto escuro que demora para enjoar e ter que olhar para os demônios presos na própria mente, ele já os faz de cara, e uma das consequências do quarto branco é ter alucinações. E imagina as coisas horríveis do mesmo jeito.

E outra, não estamos falando de um escurinho com meia luz, estamos falando de uma solitária sem janela, tudo que ele tem é a audição e a frestinha da porta.

Em definição, tédio é o sintoma, e privação sensorial é a circunstância. (na privação sensorial, você sente tédio) Mas em resumo, a gente pode dizer que tédio é privação sensorial em menores doses.

Você pode preencher ela com distrações. Ligar o rádio... MAS

Quando a gente não pode ligar o rádio e começa a ouvir as nossas vozes você pode encontrar uma coisa (ou duas).

A verdade dolorosa, e se você sobreviver a ela, você ouve a verdade esclarecedora.

Se você ressignificar a dor...

Q É QUANDO A GENTE VAI PRO 3º CAPÍTULO....

Quando não dá, você preenche ela com desespero ou com inspiração. Quem aí nunca teve uma ideia incrível no tédio do chuveiro? (como eu tive na autoescola)

É isso que ele faz no terceiro capítulo: Projeto Aurélio (ou) Primeiro Túnel, e é sobre isso que o décimo primeiro (Atenção Plena) fala.

Eu não posso falar muito mais do que eu falei, se não eu vou entregar o meu capítulo favorito... Mas em resumo, após uma aparição, no início de um formato, ele ressignifica o tédio (e inclusive o sofrimento). Pra mim, se a história tivesse terminado nesse capítulo, já estaria perfeita.

Mas melhora... pra ele piora.

Fato curioso, o Manual da Solitária era pra ter acabado ali, inicialmente, eu cogitei ir só até o terceiro capítulo e acabar. Tanto que vocês vão ver que ele tem uma certa vibe de... final trágico, inclusive fica aí o mistério de como ele voltou para a solitária no quinto capítulo e quem arrastou ele pra lá, e inclusive, se talvez a história não tenha terminado lá mesmo...

Até porque o quarto capítulo é uma carta; esse é o nome do quarto capítulo

“Carta Para a Garota das Regras”

Poderia ter acabado ali? Poderia. Massss, seria muito desperdício não dar continuidade, até porque foi no terceiro capítulo que surgiu o lance dos túneis. Inspirado em...

1.2.3 - INSPIRAÇÕES (Outra vez)

The Devil's Carnival. - Musical

Quando eu escrevi o roteiro da apresentação (e quando eu escrevi o livro) eu não tinha visto o filme completo, então eu nem sabia dizer pra vocês se ele é bom ou não... Mas agora eu assisti, e confirmo que é bom. E mesmo se não fosse, a premissa é ótima.

3 pessoas com seus pecados particulares passam por condenações personalizadas, para aprenderem alguma coisa. No caso, não era pra aprender nada, era só tortura mesmo... mas uma pessoa aprendeu e foi salva.

Então a ideia de experiências específicas que tocam na ferida veio daí... mas lá funciona em números musicais... então de onde vieram os túneis?  

Batman, A Piada Mortal - Animação

A ideia das experiências serem em túneis veio de um trecho específico do filme (animação, sei lá)

Sério, essa animação é o ouro. Se você tiver numa rodinha de Marvel vs DC, e você for DC, joga piada mortal na roda... joga o cavaleiro das trevas também, foda-se; e torce pra pessoa não jogar “demolidor” ou “A Morte do Capitão Marvel”

Sobre essa parte beeem específica e bem pesada que me influenciou...

Lance dos túneis de terror... carrinho de mina... Bárbara Gordon... quem viu viu.

Não especificamente nos túneis, mas na obra num geral, algumas criaturas conhecidas vem dar as caras... e com certeza minha inspiração também esteve nas-

CREEPYPASTAS EM GERAL: Slenderman aparece, Ticcy Toby aparece... dançarino sorridente, principalmente... até um Anjo Bíblico.

Mas o gatilho que me deu foi “Jeff 2, O despertar

Inclusive quem quiser me ver interpretando um garoto mimado e viciado em drogas, aqui está o link da história narrada.

https://www.youtube.com/watch?v=GgD6kl9M8vo&t=951s

....

.....

Ilha do Medo - Filme

Eu não tenho nada em particular para falar o porquê esse filme foi uma inspiração, mas em certo grau, boa parte das coisas que eu citei na página anterior tem nele também.

Esse filme é simplesmente muito bom, e me inspirou a ter tesão em histórias complexas e reviravoltas. Se hoje eu faço o que eu faço com alguma qualidade, é porque “Ilha do Medo” me ensinou como fazer.

7.0 - ANJOS E DEMÔNIOS.

Tá, e já que eu falei de Creepypasta e Lovecraft... vamo continuar nessa pegada de ficções populares e horror cósmico.

No Powerpoint eu tinha colocado uma foto bem cabulosa de um anjo como ele é descrito de fato na bíblia, e do jeito que eu tinha montado na minha cabeça, eu tava contando com ninguém saber, e explodir a cabeça de todo mundo e tal... puxar a atenção de vocês pra explicar o terror cósmico... mas aparentemente o VC SABIA me fudeu, porque todo mundo sabia o que era.

Tá, é um quadro 3d da representação realista de um anjo, beleza.

Mas que tipo de anjo é?

Porque existem cinco deles.

Não na bíblia, até porque a bíblia é um pouco interpretativa, metafórica, e muito dos estudos bíblicos, como demonologia, angeologia e teologia vão além de só esse livro. Nessa questão específica dos anjos, a referência bibliográfica além da bíblia são os manuscritos do mar morto.  

Dentro da mitologia bíblica (com todo o respeito) existe tipo um Ranking Celestial... uma hierarquia.

mano, muito Lovecraft isso.

A Ordem é: Mensageiros >> Arcanjos >>Querubins (o que Ezequiel teria visto) >> Serafins >> Ofanins (os que aparecem em apocalipse) >> Arcanjos.

Mensageiros são a base da hierarquia. São os anjos comuns, nomeados de Mel’ek (anjo em turco) descritos como semelhantes a humanos comuns, mas mais majestosos. Esses sim são aqueles anjos bonitinhos que a gente vê nas pinturas.

A função deles é mediar uma mensagem entre o humano e o divino, até porque estes não podem entrar em contato.

Os humanos não podem entrar em contato com o divino. É algo que transcende (vai além da)  a compreensão humana, tanto que se você reparar nas descrições de Ezequiel dos anjos, são meio semelhantes com as dos personagens das histórias de Lovecraft (nunca é descrito como “tal coisa é exatamente assim” e sim descrito com comparações, até mesmo quando se trata dos mínimos detalhes) (então é algo mais... tal coisa era como as rodas de uma escultura, suas asas eram rosas como as do flamingo, sua cabeça parecia a de um leão, mas mais majestosa...)

E os poucos que tiveram o azar dessa vista tiveram um FRENESI absurdo, como é no Mythos, ou na quarta temporada de Stranger Things .

Isso DENTRO DA teoria cristã. Então quando você ver uma mulher falar que “Eu falei com deus e ele disse q vai ter segundo turno!!” no seu culto, lembrem-se de que o humano e o divino não entram em contato, e que Deus conversa com você através de sinais... então, ou ela é mentirosa ou esquizofrênica.

Na verdade, existe uma situação onde anjos começam a aparecer para humanos (na sua forma real) com um pouquinho de frequência...

Arcanjos. É curioso, e é agora que já começa a ficar um pouco confuso. Na hierarquia angelical, eles estão lá em baixo... no penúltimo lugar, pouco acima dos mensageiros. Mas também estão no topo, acima dos Ofanins inclusive.

Arcanjos são citados apenas duas vezes na bíblia toda, e essas duas vezes, no novo testamento. Dos citados na bíblia, eles são os menos citados. Eles possuem, confusamente, a mesma função do mensageiro, mediar o contato entre o humano e o divino, mesmo sendo tão poderoso. Inclusive, existem estudos que contestam a teoria de que eles tenham asas. Pelo o que tudo indica, eles eram como humanos, mas mais majestosos, mas diferente dos anjos comuns, sua majestosidade (se é que essa palavra existe) era mais parecida fisicamente com os humanos... então era algo mais sugestivo. E aí, para representar essa diferença sutil (não sublime) dos humanos, eles eram pintados, desenhados ou marmorizados com asas.

E isso explica a sua outra função, que é glorificar Deus dia-e-noite, e preservar e proteger o seu mistério para com os terrenos.

São eles que garantem que os anjos não deem as caras no lugar dos querubins.

Mas isso num geral, porque, apesar de serem 7, só três arcanjos são citados pelo nome na bíblia, os outros quatro se encontram nos livros apócrifos de Enoque, no quarto livro de Esdras e na literatura rabínica.

E esses também revelam outra coisa para gente; que os arcanjos não tem forma humana, eles apenas se manifestam aqui com aparência de humano E é difícil saber quantos deles tem as formas como são descritas, ou só usam essa forma

Mas existem controvérsias. Existem fontes que dizem que ele é o anjo principal da mais alta ordem na hierarquia celeste, outras fontes dizem que na verdade, há três hierarquias, e que na verdade, o Arcanjo, é o mais poderoso dessa terceira categoria hierárquica angelical, (que possuem três)

Algumas fontes descrevem como OITO e outras como NOVE. Eu resumi em cinco pra vocês só pra ficar mais simples.

Mas é de conhecimento comum, que diferente dos anjos mensageiros, os arcanjos têm contato direto com Deus, e talvez possam... inclusive... mandar mensagens da terra para o céu, e não só o contrário.

Depois vem os querubins, serafins e ofanins, que são aqueles descritos como inomináveis, incompreensíveis e tal... e parece que cada fonte fala uma coisa diferente. Os documentos sobre serem tão antigos e de vertentes diferentes da mesma religião (como a literatura rabínica) complica a apuração de fatos... É tudo um certo quebra cabeça, e sempre foi assim na bíblia; não à toa que, durante um período do “império católico” era proibido a tradução das escrituras.

Mas embora haja controvérsias, a maioria deles são esquisitões e a gente nem sabe se os mensageiros tem essa forma ou só usam essa forma.

Alguns que descreveram os anjos na bíblia, só tiveram conhecimento teórico, ou visões, como Paulo e Isaías, mas apenas Ezequiel viu. Ele foi o escolhido para ser taxado de louco, desacreditado, morto, o que acontecia durante momentos cruciais na história da bíblia. Assim como o cara que foi parar na ilha de Dagon, nas histórias de Lovecraft.

Quando todo mundo ver, ouvir, ou pelo ou menos sentir a presença desses anjos na terra... é durante  o apocalipse.

OU SEJA, anjo anjo mesmo ele só aparece quando fudeu muito. Se você viu um anjo... pode saber que fudeu. Não porque eles sejam malevolentes, na mitologia da bíblia eles são benevolentes, mas é porque quando eles precisam descer, é que alguma coisa deu muito errado.

Por que eu comentei isso? Porque um desses anjos aparece no livro . Não é beem um personagem muito importante... mas ele tá lá... Ou não, talvez ele tenha sua importância... não sei.

Talvez ele seja um ofanim… ou um mensageiro... ele traz ou vem buscar recado?

Você vai ter que ler pra entender o contexto, mas aqui vai um trechinho, um trechinho que eu queria ter lido na apresentação, mas não deu tempo.

O .****** era lindo, incrivelmente lindo, mas assustador. Acho que a aparência dele é tão indescritível que eu jamais seria capaz de ver de novo, até vasculhando as minhas memórias. Ele devia ter uns 4 olhos, ou mais, que ficavam no meio do corpo e que pareciam uma pedra ametista girando em sua própria órbita. Seu lindo rosto, levemente humano e suas asas flutuavam como se fossem externas ao corpo, e falando em corpo, nem sei se dá pra chamar isso assim, mas eram vários anéis gigantes e circulares, que sobrepunham uns aos outros em inclinações diferentes, enquanto eles rotacionavam um pouco estáticos e no meio havia um coração de pedra.

Mas se o nosso cérebro é age com FUGA desse TAL medo do desconhecido,  DO “”anormal”””, fora do padrão,  

Por que a gente anda de montanha russa e lê manual da solitária???

Tem uma palavra na descrição desse anjo que não está aí, mas está (oculta) . Quando o garoto diz “ele é lindo, mas é assustador” é assustador por um motivo. A imensidão e a pequenez diante dele. Quando algo é graficamente belo, mas nos assombra. Isso tem um nome, um nome dito na bíblia e nos mythos.

Uma das palavras usadas pra descrever esses anjos é ....

7.0 - SUBLIME

Não tô falando do sublime do Aurélio e nem do Kant, mas o do fenômeno da literatura (que inclusive, vem antes do Aurélio) (beeeem antes...)

A obra com o tal nome, e que serve de base para o entendimento dessa coisa surge no Século I d.C, e o surgimento do conceito surge no Século III.

A obra que deu origem a esse conceito como um fenômeno de estudo da literatura foi “NO Sublime” ou “DO Sublime” ou em grego, originalmente, DE Sublimaté

Ela foi escrita no século I pelo filósofo “Pseudo Lôngino” ou “Cássio Lôngino”. Pseudo não só porque esse era seu pseudônimo, mas sim porque antes de ser atribuído ao Cássio Lôngino, ele era dado como de autor desconhecido, não tem nenhuma assinatura ou prova de registro disso, no entanto, mas há provas da existência desse autor e convenientemente, os conceitos batem com a sua filosofia.

Detalhe curioso... quando eu tava montando os slides da apresentação, e passei pela parte do Sublime na literatura, eu busquei Longinus, e apareceu uma foto linda de um rosto em mármore de um magro musculoso com cabelo e barba cacheada... combinava perfeitamente com a imagem translúcida que eu coloquei de fundo... Aí eu descobri que aquele cara gatinho era o São Longuinho. (aquele mesmo dos pulinho)

Aí eu fui corrigir... e coloquei a foto do Cássio Longinus de verdade. Que era um cabra muito feio de cabelo tigelinha, olhar pra cara dele dava vontade de rir.

... Aí eu descobri que na verdade, o Pseudo Lôngino, não era aquele Cássio Longinus da foto, aquele era o senador, cunhado do Bruto que matou Júlio César, o do “Até tu, Bruto?”

Resumindo, tinha dois Cássio Longinus diferentes, com o mesmo nome, e se você procurar Longinus no Google, o primeiro resultado é do São Longuinho.

Tá, voltando... eu me perco até escrevendo.

O que é esse conceito, Sublime, na literatura?

7.1 - SUBLIME (Na literatura)

É a confusa Admiração e repulsa pela grandeza do desconhecido e obscuro perante a nossa pequenez

Confusa porque nossa mente é programada pra sentir repulsa disso

E sente

Mas a repulsa (de quando o córtex falha) gera atração... aí essa atração gera medo (quando a Amígdala age) aí essa sensação de medo manda Adrenalina, essa adrenalina nos faz fugir, mas a falta dela nos faz buscar a adrenalina outra vez... aí essa repulsa gera atração... essa atração volta a ser repulsa...

Nesse mundo confortável, ficar na zona de conforto demais também é desconfortável, e talvez isso até essa falta de adrenalina do desconforto da zona de conforto gere mais adrenalina ainda... (num quarto branco) mas no conforto de casa a gente vai, lê um manual da solitária, e não consegue dormir.

Na madrugada você esquece que a zona de conforto era ruim, e em vez de sair para caçar e sentir adrenalina, você pede um Ifood de madrugada (coisa de vacilão)  

Na literatura, ele foca nesse negócio do desconhecido... do terror... mas isso acaba dando no mesmo lugar que a adrenalina em paradoxo com a zona de conforto. Então a nossa confusa admiração e repulsa pode ser pelo horror, pelo palhacinho dos jogos mortais também... (oq não deixa de ser desconhecido)

É uma mistura do grotesco com o belo.

E no século 18 surge como uma estética.

7.2 - SUBLIME (Na estética )

Aqui você não tem o grotesco, mas tem o pitoresco e o belo.

O pitoresco, a grandeza do desconhecido, a excentricidade da aparência de um anjo, a visão de um horizonte que parece não acabar... gera repulsa, e o belo atração. Esses dois exemplos são de coisas belas, não horrorosas, mas também dão medo. E admiração.

A arte sublime fica no meio dos dois, então ela gera atração e repulsão, mas não porque ela é bonita e feia, mas sim porque a beleza dela gera atração, e a incompreensão por trás dela gera repulsa.

A repulsa foi a mesma coisa que vocês sentiram naquela foto do AVC. Só que foi só repulsa mesmo.

Se ela fosse talvez, transcendental e bonita (como os ofanins) seria sublime da estética.

E se uma obra for terror e horror, que te congela e te expande, é o sublime do século 3.

Detalhe: os dois sublimes podem se misturar numa obra de terror, ou até de horror, dependendo do fim. Existem livros e filmes meio grotescos que usam o belo, o pitoresco.

Recomendações:

O jogo da esquerda-e-direita

O Sétimo Selo (1957)

Pieles

A pele em que habito.

Falando o português bem claro, isso é a nossa teimosia

E Falaaaaaando em teimosia vamos falar do personagem.

8.0 - O GAROTO QUE NÃO GOSTA DE REGRAS.  

Ele é um menino qualquer... marginalizado... e a gente sabe que a instituição que sequestrou ele escolheu especificamente ELE por um motivo.

ENTÃO... por que ele?

A principal pergunta é essa

OK, ALÉM DE NÃO SER HUMANA, TUDO DÁ A ENTENDER QUE É ALGO MAIOR.

E eu não vou te responder o porquê disso, cê vai ter que ler. Mas que a instituição tem um propósito, tem.

Isso não fica muito oculto, nem muito longe, pelo ou menos no terceiro capítulo (que você pode encontrar gratuitamente no meu wattpad) é revelado superficialmente o propósito da instituição com ele. Só que no começo, ainda parece meio nebuloso, o propósito geral parece sem propósito, e a escolha específica dele carece de mais explicação, de mais contexto, e na história num geral, o garoto carece de conhecimento da própria história, não porque ele não saiba nada de si, mas sim porque ele começa a se questionar quais das memórias dele são falsas.

Link: https://www.wattpad.com/myworks/288549060-manual-da-solitria

Inclusive, boa parte do livro, dentro da instituição, se passa mais fora do que dentro da solitária, e existe uma mudança de mentalidade dele sobre o quarto escuro...

Lembra? Não dava pra fazer tudo com privação sensorial...

Tá, voltando então...Por que ele?

Conforme as circunstâncias são circuncidadas ele descobre o estoicismo. Lá dentro ou lá fora, mas ele descobre. E a primeira reação que ele tem é de repulsa à ideia, e só repulsa mesmo, demora muito para ele aceitar porque ele é teimoso.

8.1 - ESTOICISMO

É a filosofia que ronda a obra. Resumindo, estoicismo é a compreensão de que já que você não pode mudar algo, você pode controlar como você REAGE àquilo. E é importante que a pessoa seja meio teimosa, e não estoica demais pro estoicismo não virar conformismo . Muita gente acha que ser estoico é aceitar qualquer merda e falar... Hum... mlk neutro.

E acham isso porque é o que os próprios estudos do assunto meio que dão a entender.

Agora deixa o narciso voltar um pouquinho para mim, rapidinho. Eu juro que tô só de passagem...

1.999..99..... - SOBRE MIM. (de novo)

Quando eu conheci o estoicismo eu tinha uns 16 anos, não foi muito tarde, mas também nem muito cedo, embora não exista nem cedo nem tarde demais pra isso. Eu conhecia o básico, controlar como você reage às situações, em vez de tentar controlá-las. Eu não sabia porque algo tão simples me pareceu tão radical e revolucionário na época, do tipo... tava na minha frente o tempo todo!! (hoje eu sei, e sei que compreendi errado, e vou explicar o porquê)

Mas eu compreendia superficialmente, eu me aprofundei um pouco, mas aí outras coisas vieram na vida, eu deixei essa para estudar outras filosofias, mas ela se manteve ali, apagada mas não esquecida.

Curiosamente, mesmo eu sabendo disso, dos meus 16 aos 17 foi a frase em que eu mais sofri na vida, que eu mais chorei e quis que tudo na minha frente desaparecesse, e mesmo assim, ainda foram dois dos melhores anos da minha vida, não só porque eu aprendi com os sofrimentos, mas também porque foi emocionante.

Desabafar, quebrar tudo e chorar as pitangas não é nem de longe o melhor jeito de superar uma ferida, mas às vezes é melhor soltar isso do que guardar. Hoje inclusive eu olho para a s situações da qual eu sofri e me acho tão, mas tão besta... e isso é o legal do sofrimento, logicamente, dadas às devidas proporções e situações, quando ele acaba, ele parece tão idiota. E quando você acha que já foi idiota demais, você tá ali sofrendo amargamente pela mesma situação por duas semanas, e passado isso, achando idiota de novo.

Foi inclusive por conta disso que eu comecei a escrever, eu precisava que a ficção fosse pior do que a realidade, e hoje eu continuo por disciplina e por amor ao terror, uma coisa que eu passei a vida inteira consumindo, e que durante meus dezessei’s eu deixei de lado.

Depois que tudo isso passou e eu voltei a escrever, me veio a ideia do 7º conto (que se tornou meu 1º romance). E aí eu tive a ideia... e se eu voltar para aquele tal de estoicismo?

Bom, meus estudos vieram em sua maioria, enquanto eu estava escrevendo, mas eu passei um bom tempo vasculhando e fazendo pesquisa de área... E foi nesse meio tempo que me veio a ideia de como por filosofia aí..

Eu fiquei uns seis meses estudando estoicismo antes de começar a escrever, e mais uns dois meses enquanto escrevia.

Passei desde livros, documentários aos canais do Youtube... e os canais ...

Tem uns caras que são loucos e que respiram isso nessa plataforma; algo normal era quase um submundo, e eu tive que filtrar bastante, colocar muita coisa no papel não só pra não absorver ideia errada, mas pra não entender nada errado.

Tem umas séries de Mestres do Estoicismo, uns caras que fazem 20 vídeos, 2 anos só sobre isso... todos eles parecem meio malucos e falam com orgulho um discurso que parece coisa de Loser, colocando takes do filme dos 300, se achando uns espartanos...

E eu concordo (mas nem tanto) com a ideia. Na verdade, não é que eu não concorde, eu concordo completamente, mas eu discordo do que superficialmente alguns livros, (e alguns desses criadores de conteúdo) deram a entender com o assunto.

8.1 - ESTOICISMO

Primeiro eu preciso explicar que a escola de estoicismo é algo meio libertário... Não no sentido político e nem no sentido de contrário ao determinismo, mas no sentido de que, diferente da Escola de Frankfurt, da Escola Austríaca ou várias outras, estoicismo é uma filosofia que não tem tantos dogmas a seguir... Isso é bom e ruim ao mesmo tempo.

A premissa é sempre a mesma: controle emocional; e os principais avatares da ideia são: Sêneca, (meu favorito, por sinal) Epicuro (do epicurismo, uma versão mais light do cinismo, eu diria) Marco Aurélio (o principal Avatar, talvez, e o único da lista que teve um envolvimento direto com a administração e didática da escola) e Epicteto (um escravo, aluno da escola, que menos se sabe da sua real história ou das coisas de sua autoria, mas que é, na minha percepção, o símbolo mais impactante e convincente).

Título de curiosidade: Os fundadores da escola são: Zênon de Cítio, (principalmente) Cleantes de Assos e Crisipo de Soli, e o professor de Epicteto foi Caio Musônio Rufo.

O que torna mais “libertária” essa filosofia, é a forma como ela sobreviveu a mais de 2000 anos de história.

Ela é, não relativamente, mas brutalmente simples. Não tem conceitos complexos, dilemas, paradoxos ou nada do tipo Hegel, quase todos os estudos se baseiam em frases.

Os dois maiores livros de estoicismo: Manual de Epicteto (coincidência, juro!) e Meditações, do Marco Aurélio, estão mais para um diário do que pra livros de filosofia.

Epicteto não tem nenhum livro de sua autoria realmente publicado, tudo que se tem são anotações salvas pelo tempo compiladas pelo livro, no caso do manual, anotações que fazia nas aulas, e no caso de Marco Aurélio é um livro realmente motivacional, porque é a publicação de frases que ele escrevia para si mesmo, para manter o controle e a autodisciplina durante sua governança (por isso é muito associado com os espartanos)

Uma frase do livro sintetiza bem porque acho Epicteto o melhor Avatar estoico.

MANUAL DA SOLITÁRIA - PÁGINA 33 -

Lembra de Epicteto, aquele nome feio que eu te falei lá atrás?

Epicteto tinha tudo para ser uma figura esquecível, nem sequer seu nome é realmente seu e sim fruto de uma etimologia idiota que o significava como comprado.

“Querias ser livre. Para essa liberdade, só há um caminho: o desprezo das coisas que não dependem de nós.” Não há uma fórmula e nem um segredo para ser feliz, o único método é disciplina. E se pensa que ser estoico e escravo lhe fez tornar alheio à tomada de decisões está completamente errado, ele lutou pela abolição da escravatura.

Quanto à Epicuro e principalmente Sêneca, as suas contribuições vieram majoritariamente através de frases, soltas ou não. Sêneca tem um ou outro conceito mais aprofundado e contexto histórico, mas não são como a maioria dos livros de filosofia são: um quebra cabeça a ser montado. É algo mais leve, mais pautado no convencimento, tanto que “Sobre a brevidade da vida” é capitulado em cartas, que são frases de cinco linhas, em média, e comentários explicativos sobre ela

Em resumo, estoicismo é a arte de controlar a como você reage a uma determinada situação , quando não pode controlar a situação, e se aprofundando, é isso mesmo também. Por isso é tão simples, literalmente não tem segredo. Todos os estudos mais complexos são 1) para aprofundar e convencer-nos de que essa filosofia é verossímil com o cotidiano, e explicar a influência dela conforme os tempos e as situações; 2) para evitar as romantizações erradas durante o primeiro conhecimento. E é nessa segunda que Manual da Solitária se aprofunda.

Como disse antes, Estoicismo é a compreensão de que já que você não pode mudar algo, você pode controlar como você REAGE àquilo, mas isso é mentira.

Estoicismo é a compreensão de que QUANDO você não pode mudar algo, você pode controlar como você REAGE àquilo, mas que tentar mudar é preciso, para não cair numa paumolisse irremediável.

E você pode dizer que “a gente não tem controle de porra nenhuma” e você tá mais ou menos certos. A gente não sabe de nada, a gente ainda acredita na imparcialidade, e sim, a gente não muda porra nenhuma no MACRO, nosso voto não faz 0,0000001% de diferença, mas a gente pode mudar o mundo no micro e principalmente, a nossa vida.

Pelo ou menos tentar mudar antes de aceitar que não pode mudar algo é preciso, e eu aprendi isso sendo teimoso e inicialmente repulsivo à ideia principal, porque sendo sincero, isso fica praticamente implícito nos estudos sobre a coisa.

E quando o menino é apresentado à essa ideia (não vou dizer como) a primeira reação dele é de repulsa, e isso só acontece, porque assim como eu, ele é alguém rebelde. E essa é a única semelhança entre personagem e autor, porque eu mesmo, só fui ser rebelde de segunda, ele foi de primeira.

O melhor jeito de sintetizar isso era com um moleque cético, teimoso e questionador, que não é sábio e que não leu muito, mas que é esperto.

E falando em rebeldia, isso também é bem importante, é o que toma o rumo do livro.

O momento todo a gente tem uma relação de Rebeldia x autoridade, e combina bem a ideia do livro ser na visão de um protagonista teimoso, e mesmo no final, fica uma pulga atrás da orelha sobre a autoridade, o autoritarismo, ou mesmo a democracia ser realmente legítima. E isso é algo que fica sem resposta, porque o estoicismo parece ser meio fechado com a inevitabilidade de uma hierarquia, (parte disso porque Marco Aurélio é o mestre da coisa) mas é a sensação de anti-hierarquia que faz ele ser quem é, e que fez Epicteto ser quem ele é....

Mas e aí, qual é o certo disso?

Não há resposta certa, e eu mesmo sei os argumentos contra e à favor, mas não sei te dizer a minha conclusão. E o livro também não tem uma conclusão sobre, mas abre debate.

Outra coisa também que é importante de comentar, é como ser estoico é relativo, mas nem tanto. Se a gente parar para pensar que o sofrimento vem da qualia, e que cada um interpreta aquilo através da sua visão, não existe sofrimento menor ou maior. Cientificamente não existe, mas a gente sabe que às vezes, é preciso nos pôr em comparação, e entender que tem gente que tem mais motivos para sofrer do que nós.

É fácil ser estoico quando uma namoradinha termina com você, quando a marginal tá um tapete, ou até quando seu carro da PT; mas é difícil ser estoico quando você perde um parente querido, quando todos os seus planos fracassam, quando uma crise de ansiedade vem porque enquanto você estudava sobre um tema, percebeu que tudo que você achava estava errado; ou pior, quando você tem fome.

Existem diferentes jeitos de sofrer. Pode ser por causa do tédio, da incompreensão, pequenez, dúvida. E quando tudo isso não basta, perder um braço, um olho, ou ser esmagado, (como naquele conto)... ou morrer de sede... também é um bom jeito de sofrer.

Regra número dois: Guarde comida. E água! Acredite, eles te deixariam morrer se preciso.”

Uma das coisas que faltou no quesito de ser estoico, e do tédio, foi unificar isso com meditação. Não só com o conceito simples de meditação, mas com o original, com as suas raízes de atenção plena, e sobre o que é meditação na verdade: observar os pensamentos, sem julgar.

Sair do pensamento automático e praticar autocontrole, autoconhecimento.

E assim poder enfrentar com equilíbrio o tédio, a autoridade, o sublime, as suas criaturas monstruosas internas, a sua incapacidade de identificar padrões, ou um embaralhamento mental. Com um embaralhamento mental grave, é difícil começar a se organizar, mas faça isso enquanto seu embaralho é leve. Existem estudos que diz que meditação pode prevenir o Alzheimer

http://alzheimer360.com/meditacao-alzheimer/

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2021/12/4974291-meditacao-pode-ajudar-a-retardar-alzheimer-diz-regis-guimaraes.html

https://veja.abril.com.br/saude/estudo-mostra-o-impacto-da-meditacao-na-reducao-do-risco-de-alzheimer/

Regra número sete: Invente uma terapia.Você pode escolher se vai sair daqui como o Dalai Lama ou o Deadpool.

(não escolha Deadpool, por favor)

8.2 - O NOME DO GAROTO QUE NÃO GOSTA DE REGRAS. (nomes são importantes) 

Tá, mas além de teimoso, o que mais a gente sabe sobre ele, qual é o nome dele?

XXXX..... Segredo

Eu perdi as contas de quantas vezes alguém me perguntou, antes de começar ou ainda no início da leitura “qual é o nome do protagonista?” e eu sempre digo que seria um “spoiler”, e eu vejo, no olhar delas, sempre duas reações.

1 - acham que eu estou pregando uma peça publicitária e sendo pretensioso.

2 - acham que eu sou um baita dum gênio, e que o livro todo é um enigma a ser desvendado.

Eu tranquilizo vocês quanto à segunda, não é um livro muito difícil, ele tem quase tantas palavras quanto essa apresentação... mas também nego a primeira.

O nome dele é algo muuuitooo revelador... (e o seu também). Sabe por quê?

Não vou contar, mas no livro explica porque nomes são tããaaao importantes, e de quebra deixa uma pulga atrás da orelha sobre determinismo e livre arbítrio.

Dica, isso tá no SEXTO CAPÍTULO.

8.3 - O PASSADO DO GAROTO QUE NÃO GOSTA DE REGRAS.

Mas e quanto ao passado dele?

Eu sei que já falei disso durante o artigo algumas vezes, (e inclusive já expliquei o porquê nem de perto ele se parece comigo, mas porque temos algumas semelhanças) mas agora vou aprofundar nisso

Ele sofreu na vida, demais para que um garoto como ele possa aguentar, ele é marginalizado e marginal, mas não se vitimiza, pelo contrário, até se odeia por isso; ele não tem amigos, e os que tem são tudo talarico. Seu contato com outras pessoas sempre foi superficial, ele é teimoso demais para abraçar qualquer ideia positiva, ele já é alguém cheio de dúvidas, cético e esperto, mas que, de certa forma, não deixa de lado o viés de confirmação, isso por a) sua personalidade é muito forte; b) ele tem medo de mudar de ideia, assim como todo mundo; b.1) baseado nos estereótipos de quem é sempre muito positivo; c) ele é cheio de dúvidas. Ele é humano até demais.

E para piorar, ele fica em dúvida do que é verdade e do que é mentira lá, sobre ele mesmo. Sabe quando numa história, ou numa vida real, sei lá, um vilão vem com um discurso incisivo e doloroso demais, mas você que não é bobo, sabe que aquilo tá lotado de manipulação, e que é feito com a intenção de te abalar... mas que... lá no fundo... ele tem um pouquinho de razão?

É esse pouquinho de razão que abala ele por completo SEMPRE que ele está se acostumando e ficando resistente com algo.

Resumindo outra vez: ele não lembra tanto assim sobre ele mesmo, descobre muitas coisas lá, e o fato de ele não ser tão seguro sobre a própria memória é o que lhe assombra, mas é difícil acreditar em qualquer coisa dita dentro daquele lugar estranho... pq...

8.4 - TODO MUNDO BLEFA.

O YCULI, a instituição, ele... e inclusive o HENRIQUE.

Mas quem diabos é Henrique, e quem é YCULI?

Eu já fiz ela antes, naquela foto em que tem as perguntas, mas agora eu vou passar mais especificamente por ela, e vou entrar inclusive, na questão do blefe e na questão dos nomes.

9.0 - PERGUNTAS (SEM RESPOSTA)

Cada um deles, tanto o Henrique quanto o YCULI tem um capítulo próprio só para eles, (mesmo que apareçam em mais, o Henrique por exemplo aparece durante o livro todo) e é importante que você entenda os personagens e as suas pretensões, para poder entender a obra, e inclusive entender o manual com as regras.

Regra número seis: Se alguém chamado Henrique disser que conhece sua família, que pagou sua fiança e que seus pais estão lhe esperando, NÃO responda,

Regra número oito: NÃO fale com o YCULI. Sério, além de um nome estranho ele também não é muito do confiável, mas vai parecer.

É importante você entender também a ordem em que elas estão, e tomar cuidado com algumas coisas que eu deixo no livro que eu quase esqueci de comentar.

9.1 - PISTAS FALSAS

Muitas obras que eu amo de paixão, como Perfect Blue e Serial Experiments Lain, faziam um negócio que me deixava muito puto; e esse algo é pistas falsas.

Você pode ver isso melhor em Marble Hornets, This House has people in it... mas eu sinto que nelas, as pistas falsas não são tão identificáveis na sua falsidade; na maioria das vezes, elas só atrapalham o desenrolar da obra prima em detrimento da estética; mas não foi isso que eu fiz. Eu deixei pistas falsas, que se você prestar atenção, dá para identificar.

Meu deus, pra onde eu fui.... volta, volta!

9.0.1 - PERGUNTAS (SEM RESPOSTAS ÓBVIAS)

Enfim, Henrique e YCULI, cada um deles tem um capítulo próprio só pra cada um.

CAPÍTULO 6: HENRIQUE

CAPÍTULO 7: O PLANO DE YCULI

YCULI é um anagrama? Não sei... talvez... todo mundo blefa...

Mas e o Henrique?

Eu não posso falar muito sobre quem ele é, mas posso falar seu papel na história. Eu posso falar do seu nome, e explicar o porquê, mas não posso falar como ele ganhou esse nome.

Então vamo começar pelo permitido. Ele pode ser diversas coisas, diversas interpretações e possibilidades, sim, pode. Mas a maior certeza, e isso não está aberto à interpretações, é que, seja lá porquê, ele é o NEMESIS do personagem (ou nêmese, para os patriotas) e embora a gente não saiba o que ele queira com tudo isso, a instituição no mínimo sabe quem ele é, e tem medo dele.

E o nome? Por que esse nome? já que você disse que nomes são tão importantes...

O nome não é à toa; inclusive, o jeito que ele ganhou esse nome influencia, mas eu vou pro conceito mais “objetivo” que dá pra ter... Etimologia.

— A origem do nome Henrique vem do germânico Haimirich, que é etimologicamente composto pela união dos elementos ‘‘hein:’’‘‘Lar ou casa’’ no idioma do seu país e ‘‘rik’’ que quer dizer:‘‘senhor, príncipe, lorde, poder’’. Juntando: senhor do lar, governante da casa.

Haimirich, ou Henrique, quer dizer “o dono da casa” resumidamente. E Henrique tem esse nome, porque a sua personalidade faz jus a sua etimologia.

Nada é à toa

Mas chega a ser engraçado, como por mais que a gente conheça diferentes pessoas com o mesmo nome, a gente acaba adotando uma personalidade parecida entre elas. A gente procura significado dos nomes no Google (embora cuidado, esses significados nem sempre seguem a etimologia) e o rótulo parece ser tão real...

Quem não conhece um Henrique que é controlador?

É lógico que, associar etimologia do nome com personalidade é tão científico quanto horóscopo, uma vez que foi outra pessoa que nos deu. A gente enxerga elas iguais porque queremos enxergar, identificamos padrões... certo...

Mas quem somos, em parte vem da nossa genética, dos nossos pais; nomes são culturais, então talvez, seu nome não queira dizer algo sobre você, diretamente, mas tem a ver com a pessoa que escolheu esse nome para você, e você, genética ou socialmente, tem a ver com ela....

Por mais fatal que isso soe, a gente carrega em nós a nossa etimologia, algo que a gente nem escolheu... cadê o livre arbítrio? Sabemos que algumas pessoas nascem más, então como podemos culpar a nós mesmos, e não a Deus por ser quem somos? Por sermos cruéis?

Brisei outra vez.

Mas isso não é a única coisa que torna os nomes importantes. Essa é a explicação científica (ou quase) da influência dos nossos nomes. Mas existe também uma explicação de fé, uma teoria levantada no livro do porquê nossos nomes são importantes.

Coisa que eu não posso revelar, você vai ter que ler. O que posso dizer, é que o nome dele tá relacionado com quem ele é, e quem deu esse nome a ele também está  relacionado com quem ele é... (Ele no caso, o Henrique)

Se você está curioso para saber quem ele é, além de dono do lar, e porque ele é nêmese do protagonista... leia e descubra! Mas cuidado... porque...

8.4.1 - TODO MUNDO BLEFA.

Mas além de qual o nome dele, qual o propósito da instituição, quem é Henrique e blá blá blá... tem -  

9.0.2 - MAIS PERGUNTAS.

Como tipo... O que é uma sala de sangue?

Não vou responder. Preguiçoso.

Eu disse que tinha três pessoas que a gente não sabia quem é, mas como todo mundo, eu blefei.

Não sabemos também quem é a...

10 - GAROTA DAS REGRAS.

Isso não é só uma dúvida nossa, mas também do personagem. Essa dúvida é tão cruel quanto constante, porque nunca para. Eventualmente ela perde seu foco, como uma dor de dente, mas no fim do dia, você sempre volta a notá-la, e senti-la com mais intensidade.

Teve uma hora em que eu estava escrevendo o livro, aí esse fiadaputa tomou o livro da minha mão e escreveu ele mesmo duas páginas sozinho.

PÁGINA 86.

A gente vê ela na carta dele, ele na carta dela, a influência dela como argamassa para a base da história, as coisas sobre ela que ele vai criando na cabeça, os outros personagens que parecem conhecê-la... e um monte de pistas. Algumas verdadeiras, outras falsas, mas em sua maioria verdadeiras.

Eu espero que pelo ou menos alguém adivinhe, pra eu saber que foi funcional, mas que não descubra todo mundo, para eu não achar que foi óbvio demais.

Mas quanto ao segundo eu posso ficar tranquilo; é um pouco difícil de você saber quem é ele, quem é ela, e qual o propósito disso tudo... já que a história é em primeira pessoa, e ele mesmo não sabe de quase nada.

E é um pouco difícil saber essas três coisas: quem ele é, quem ela é, e o propósito, isso porque há teorias e “finais” diferente pro livro, eu quis fazer ele assim.

3 pessoas que terminaram o livro e chegaram em mim, me perguntaram “Significa issooo? Significa isooo? Significa issoooo?”

E eu respondi que nem o Chico Buarque: Sim e Não..

SABE POR QUÊ? POR QUÊ? POR QUÊ? PQ PQ PQ PQ?

Porque uma obra tem vida própria

Quem é ela é a principal pergunta dele. E a de vocês deveria ser porque ele tem essa OBSESSÃO TÃO GRANDE pela garota das regras.

11 - OBSESSÃO.

Essa palavra é a que guia uma (na verdade duas) das obras do autor que com certeza, DE LONGE, foi o que mais me inspirou em tudo.

 O legal é que quando eu escrevi eu não o conhecia. Mas quando eu fiz a revisão sim, e quando eu fui descobrir as inspirações das minhas inspirações... ele tava lá.

Então já que a gente vai falar de obsessão, vamos falar de espirais também

Junji Ito é um mangaká (um cara que escreve e desenha mangá) de horror e terror; num geral, ele é mais horror do que terror, ele é brutalmente expositivo, pessimista, triste, e usa de situações grotescas para empurrar metáforas sutis...

 A principal é UZUMAKI, e a minha favorita é TOMIE, inclusive, eu tenho uma tattoo das duas séries.

11.1 - ESPIRAIS

Talvez você já tenha assistido Naruto, e se lembre que Uzumaki é um sobrenome. Não existe nada de tãão poético sobre isso na intenção do autor também, Uzumaki é um dos sobrenomes mais comuns no... Brasil! Sim, existem mais pessoas com o sobrenome Uzumaki no Brasil do que no Japão, o motivo disso é bem simples.

1 - porque aqui no Brasil todo mundo coloca a porra do nome do filho como quiser, inclusive, com sobrenome diferente da família. (o que não é um problema, é só uma curiosidade)

2 - Brasil é uma das cidades que mais tem japoneses nativos e descendentes no mundo, e curiosamente, vice e versa lá; muito brasileiro vai morar no Japão.

Mas ainda é mais comum aqui do que lá, não dá para comparar com um país de 200 milhões de habitantes.

Eu não manjo muito, mas eu já ouvi falar que o nome do Naruto também foi algo meio escolhido, porque aparentemente era para ele ter o nome Namikaze, e não o sobrenome do clã Uzumaki. (que tem um símbolo de redemoinho)

Uzumaki, traduzido do Japonês para o Português significa: Redemoinho, espiral.

Se vocês olharem no desenho, do slide, olha quantas vezes eu circulei a palavra obsessão, eu pareço até um maluco obcecado por obsessão, não?

Curiosamente, esses círculos funcionam em formas de espirais.

Curiosamente, o Naruto é obcecado em se tornar um Hokage, mesmo não sendo tão forte e um fudido sem pai, ele é obcecado pelo objetivo... e sabe o que acontece quando ele finalmente consegue se tornar um Hokage? Nada. Schopenhauer acertou quando disse que alcançar os nossos objetivos é um pouco triste.

Curiosamente, o Rock Lee é tão obcecado em se tornar um lutador forte, que mesmo sem ter poder nenhum ele fica pau a pau com o Gaara, e faz jus àquela frase que eu não gosto, (porque é coisa motivacional de coach) mas que meio que  é verdade...

“O esforço ganha do talento quando o talento não se esforça”

Espiral também passa a sensação de não progressão, de você girar e girar e acabar no mesmo ponto, de que não importa o que você faça de diferente, os resultados sempre serão os mesmos... Isso é aterrorizante, e é por isso que o Naruto no Boruto é meio triste.

Outra coisa sobre obsessão envolve o Japão como um todo, a parte mais limpa, e também mais suja do Japão.

A gente sabe que a melhor forma de fazer o melhor em algo é sendo obcecado, e é por isso que aqueles cornos de Coach dizem “trabalham enquanto eles dormem”. E querendo ou não, eles tem razão, de alguma forma. Se você trabalhar para o seu patrão que nem um doido, você só vai conseguir burnout e ser explorado, mas se você trabalhar que nem um doido para si mesmo, como sei lá, um projeto pessoal, você vai ter burnout, mas sucesso.

Isso reflete no Japão. O Japão é a terceira maior economia do mundo, mesmo sendo tão pequenino, um dos únicos países onde deflação é um problema, onde os níveis de educação são excelentes, onde tem disciplina até demais, um país que é tão centrista na política que pode ser chamado de extremo centro, de onde saíram as criptomoedas, e de onde saem os melhores quadrinhos e filmes de terror... Mas também é o país que tem maiores índices de suicídio, um dos países que mais tem lendas urbanas, medo envolvido, onde mais tem jornada de trabalho abusiva, um dos lugares onde mais tem pedofilia, por conta dos tabus sexuais, onde todo mundo era obcecado com saúde, tanto que usava máscara antes da pandemia, mas que são frios demais.

Obsessão é o maior problema do Japão, e Uzumaki, que é redemoinho, é relativamente comum.  

11.2 - UZUMAKI.

Eu acabei falando demais e entregando as revelações antes da hora, mas vamos explicar Uzumaki.

Uzumaki é um mangá de horror cósmico, (Lovecraftiano) (Pequenez humana) é uma história serializada organizada em contos num mesmo universo.

Algo sobre todas as obras do Junji: Tem um crescimento gradual, mas exagerado; ao ponto que vai ficando cada vez mais cabuloso, começando por exemplo, com uma ou duas pessoas colecionando molas, até mostrar que toda a cidade foi projetada nesse formato, desde a sua origem, e que de tempos em tempos ela vai se “espiralizando” outra vez.

Diferente do horror cósmico, no entanto, que apesar de também trabalhar obsessão, é mais terror do que horror, o horror cósmico de Junji Ito é muito muito e muito mais horror do que terror

“Espiral também passa a sensação de não progressão, de você girar e girar e acabar no mesmo ponto, de que não importa o que você faça de diferente, os resultados sempre serão os mesmos...’’

Me parafraseando, todas as obras do Junji Ito são assim, eles crescem, crescem, pioram, ficam mais esquisitas, mas sempre acabam fatalmente melancólicas.

RESUMINDO...

Uzumaki é a história de uma cidade que está amaldiçoada por um horror cósmico. Não é por um demônio, um espírito. A cidade é amaldiçoada por uma espiral.

(desenhar uma espiral) Significa que tudo gira em torno de si mesma e volta para um ponto só, e vice e versa. Alguns personagens têm um tipo de obsessão pela espiral. Mas olha que engraçado... a própria espiral já é uma obsessão.

Inclusive eu escrevi a apresentação em forma de uma espiral. Ou seja, tudo vai...volta... gira em torno e acaba voltando no mesmo ponto.

Vocês já viram como o inferno de Dante é organizado?

E agora talvez você pense que todas as histórias de terror são baseadas em obsessão. E você não está errado/a, mas eu vou além...

TODAS as histórias e obras que vocês conhecem, não só de terror, são completamente pautadas, ou pelo ou menos um pouquinho baseadas em obsessão.

Arlequina

Batman

Moby Dick

Lolita

Misery

You

Scott Pilgrim... Meninas Malvadas... A mentira... Garota Infernal... Dragon Ball... Bob esponja... 500 dias com ela... Ninfomaníaca... Carmen Sandiego...

Mas o que isso tem a ver com a garota das regras? Exceto tudo?

Ele gira em espiral enquanto tá obcecado pela garota das regras, porque a espiral dele é a própria obsessão.

Mas não era só ele que era obcecado pela garota das regras....

Quando eu comecei a escrever, e decidi que seria uma romanvela e não um conto, eu não sabia quem ela era ainda.

Mas eu sabia q ela era alguém

Só que na hora que eu descobri QUEM ela era na história, lá pro 6 ou 7 capítulo... eu terminei e mantive coerência, já que agora eu sabia o que eu queria, e sabia quem ela era.

Depois de encerrado, eu fui pegar lá atrás, revisando tudo do começo ao fim para deixar “vestígios”... “pistas” de quem ela poderia ser...

E qual foi a minha surpresa eu saber que JÁ TINHA. ESTAVA LÁ, POR TODOS OS LUGARES!

Talvez inconscientemente, mesmo sem saber, eu já sabia quem ela era.

E sabe por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê?

Porque UMA OBRA TEM VIDA PRÓPRIA.

Mas cuidado!!! Porque TODO MUNDO BLEFA.

12 - CONCLUSÃO.

Então é isso...

Não confundam a diferença de terror e horror

Com susto e medo

É igual mas não é

Susto é outro tipo de medo

É menos daquele medo intelectual do bagui de enxergar padrões

Mas mais daquele dos homem das cavernas // medo de onça

Que também tá relacionado com enxergar padrões.

Mas o medo intelectual de enxergar padrão vem do mito da caverna

Tripofobia existe porque algum dia algum zé ruela comeu um cogumelo fico cheio de bolinha e morreu

E a partir daí

A gente passou a achar padrões e tal

Terror = medo

Horror = outro medo

Susto = um impulso de medo

Terror = imaginação

Horror = choque

Gross Out = horror

Terror = expande

Horror = congela

Tuuuuudo isso =gera adrenalina.

Não se esqueçam disso. E não se esqueçam de comprar o meu livro.

Os primeiros 3 capítulos tão no Wattpad

https://www.wattpad.com/1142819947-manual-da-solit%C3%A1ria

Os Slides estão no Google Drive: 

Ano que vem tem livro novo.

Pra comprar é aqui abaixo

 https://linktr.ee/manualdasolitaria

FIM