Admiração, desenho e conteúdo

Eu tinha preparado para compartilhar com vocês na introdução um texto sobre empresa júnior e atlética na segunda-feira pela manhã. Mas, na segunda às 13h15 começamos, no escritório (ACC, para quem não conhece) um evento em homenagem ao Dia do Estagiário. 

No evento, os 7 sócios falaram cada um sobre um tema, mas todos pincelaram um pouco das suas histórias. 

A maioria das histórias eu já tinha ouvido. Algumas não... mas a maioria sim, porque antes da pandemia, enquanto estagiária, eu vivia no escritório muito mais que na faculdade ou em casa. Saía da aula, ia direto da faculdade, almoçava com os advogados e ficava até a noite.

Em algumas noites, eles falavam desde as estratégias de algum caso, passando pelo que fariam sobre determinado tema de gestão do escritório e alguma decisão difícil de tomar até como foi um festa lá em 1900 e bolinhas quando estavam na faculdade - inclusive mostrando fotos.

Por ouvir essas histórias e me encantar pelo tanto que aprendo com qualquer uma delas, sempre quis que outros estagiários pudessem ouvir a mesma coisa que eu. Por diversos motivos, esse momento não tinha chego. Até essa segunda-feira.

E nessa segunda-feira eu me arrepiava com cada palavra, feliz de poder fazer parte disso tudo, ver a carinha de cada estagiário prestando atenção, sem nem encostar no celular. E, além de tudo, aprender cada vez mais com os melhores advogados que conheço e com os estagiários que prepararam de forma brilhante o evento. 

Chamem-me de puxa saco ou o que for. Realmente não ligo. Essas homenagens são mais que merecidas por esse pessoal que, infelizmente, poucos jovens conhecem - ainda. 

A moral da história, aqui, além de deixar registrado o quão feliz fiquei nesse 29/08/2022, é que tudo acontece no seu tempo. Os estagiários que organizaram e apresentaram o fizeram muito bem. Esse evento não teria sido tão se eu tivesse feito. 

O texto preparado sobre EJr e atlética vem outro dia - tudo no seu tempo. 

Vamos combinar que essa seção do meio ficou mais direcionada à profissão. Seja sobre a carreira em si, seja sobre algum tema mais técnico. Hoje falaremos sobre o Legal Design. 

Uma observação antes de tudo começar: eu tenho preconceito com palavras diferentes que todo mundo fala e acabaram sendo banalizadas, por ex. empreendedorismo, inovação, experiência do cliente etc. etc. - visual law e legal design entraram nessa também. Então, vamos alinhar o seguinte: ignoramos os nomes dos conceitos e focamos no significado prático. Pode ser?

LEGAL DESIGN

A comunicação jurídica vem sendo objeto de discussão há muito tempo. O juridiquês e as expressões incompreensíveis vêm perdendo a vez no judiciário.

A intenção da evolução da comunicação não é evitar o formalismo ou usar gírias, mas utilizar palavras e expressões que possam ser entendidas pela maioria da população - ou pelo "homem médio", como dizemos no Direito. Desse modo, evita-se falas como "não leio nenhum contrato", "não entendo nada de direito" ou "não entendo que vocês falam". 

Margaret Hagan criou o conceito de Legal Design enquanto estudava direito em Stanford, nos EUA. Através de seu marido, à época namorado, ela começou a entender o design como ferramenta para tornar processos mais eficientes e utilizáveis. Percebeu que poderia mudar o mundo jurídico, se unisse o que aprendia na faculdade com os fundamentos de design. 

São várias as soluções que encontramos dentro do Legal Design, como desenho de produto, de organização, de times, de processos, de mensagem... 

O que é, então, o Legal Design?

Definido pela sua criadora, o Legal Design é 

a aplicação do design com foco nas pessoas para tornar os serviços e sistemas legais mais humanos, utilizáveis e satisfatórios. 

Ou seja, a razão de ser desse método é o "leitorcentrismo" - quando tudo gira entorno do leitor e, inclusive, quando o redator se coloca no lugar do leitor, buscando o envolvimento e empatia, com textos amigáveis, acessíveis e assertivos. 

Assim, quando falamos de design, não falamos apenas de infografias, ícones e desenhos coloridos. Falamos em como a informação é apresentada à audiência. 

Imagine a situação: você é chefe de um setor, está sempre atarefada e precisa tomar uma decisão com base nas informações que o seu time te dá, que devem ser por eles duplamente conferidas. 

Qual mensagem você prefere ler? 

XX, oi! Eu procurei, achei algumas coisas aqui, mas não tenho certeza. Analisei o gráfico e acho que o valor aumentou, mas não sei se por isso ou por aquilo. Posso te mandar?

OU

Olá! Fiz a pesquisa e encontrei as seguintes informações:  - o valor aumentou  - o motivo pode ser XYZ, por conta de ABC - o motivo pode ser AEI, por conta de AEIOU Como posso continuar ajudando?

Ser simples e objetivo pode poupar tempo de muitas pessoas. Mas, tudo isso depende muito da mensagem e de quem é o leitor. 

Lembra dos 7 sócios que comentei? Eu sei que para cada um deles tem uma maneira de explicar as situações, seja por escrito ou falando, para pedir autorização ou a opinião. 

Uma ferramenta muito boa, que pode ser utilizada para put yourself in someone's shoes é o Mapa da Empatia.

Com ele, você pode, de forma mais visual, entender o que o seu leitor pensa. 

Obviamente esses comentários servem para plantar uma semente em vocês sobre esse conceito, mas não passam nem perto de esgotar o tema. 

Pílula da reflexão

O que mais importa não é meramente comunicar ao leitor o que eu tenho a dizer, mas, acima de tudo, transmitir as razões, os subterfúgios e golpes de sorte que me levaram às minhas descobertas. 

As razões de compartilhar os meus pensamentos por aqui são possibilitar o papo no qual a faculdade não nos insere. 

Eu teria trocado de curso se não tivesse começado o estágio nos primeiros meses de faculdade. Juro. Direito, no início, é só teoria pesada. Eu aprendia tudo aquilo e não via forma de aplicar na realidade. 

No estágio fui aprendendo a parte prática e me envolvendo em tudo. Aparecia uma coisa nova, estava eu lá tentando entender - essas frase se aplica ao presente também. 

Eu sei que muita gente não teve essa experiência que tive e não digo que seja melhor que a dos outros. Mas, eu gosto tanto e aprendo tanto com ela, que gosto de compartilhar. Se eu puder ajudar de alguma forma, uma só pessoa, já fico feliz. Seja de alguma forma prática, seja mostrando um lado do direito ou da carreira que ninguém mostra nos bancos da faculdade.

E acompanhando todos os golpes de sorte, entenderão o quanto venho plantando, quando eu estiver colhendo lá na frente. 

Por fim, eu incentivo que compartilhem um pouco da história de vocês, todo mundo tem algo a falar e a mostrar sobre a realidade. Não preciso nem falar que não é para ser na internet alguém que não é na vida real. O on deve ser a vitrine do off, não o contrário.

🤷‍♀️ Eaí, o que achou? Esse conteúdo é para você. Precisa fazer sentido. O lema é Servir bem para servir sempre.

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Valeu e até a próxima!

Amanda Zeni Beinotti.