Muitos historiadores (não todos, talvez nem a maioria) se ressentem com livros de história escritos por jornalistas. Pois deveriam se perguntar: por que os livros de jornalistas vendem mais?
Muitos historiadores (não todos, talvez nem a maioria) se ressentem com livros de história escritos por jornalistas. Pois deveriam se perguntar: por que os livros de jornalistas vendem mais? | ||
Há a questão do estilo, da escrita, como já falei neste artigo de 2017. Jornalistas escrevem livros para serem lidos, enquanto boa parte dos historiadores escrevem para conseguir o título de mestrado ou doutorado. | ||
Mas há uma explicação mais embaixo: a postura intelectual do historiador típico. Boa parte dos historiadores agem como promotores a encontrar culpados e montar peças de condenação histórica. Confundem a atividade com militância. Montam sempre a mesma narrativa (grupos ricos oprimem grupos pobres) e a encaixam para qualquer momento ou país. O estudante cresce confundindo história com lição de moral e problematização. | ||
Essa militância diminuiu nos anos 90, quando surgiu uma ótima safra de historiadores, mas aumentou nos últimos anos, com o avanço da Teoria Crítica nas faculdades de Humanas. Foucault hoje tem mais citações acadêmicas que Darwin. A ideia de que tudo é opressão e disputa de poder pode fazer sentido para um pequeno grupo de convertidos, mas soa chata e moralista para o público geral. | ||
Já os jornalistas se aproximam da tradição histórica menos francesa e mais britânica, mais distante da sociologia e perto da literatura. Querem contar histórias interessantes, desfrutar as esquisitices do passado. Fazem leitores descobrir que, longe da pregação política, a história é interessante. |