Olá a todos.
Olá a todos. | ||
Para os que não me conhecem, sou um grande entusiasta de muitas coisas, dentre elas o futebol. E não há nada no futebol, ouso dizer até em todos os esportes, como a caótica e maravilhosa atmosfera de Copa do Mundo. | ||
A atmosfera da maior competição do planeta de um único esporte, a cada (pouco mais de) 4 anos, injeta em mim uma nova vontade e paixão que, em alguns momentos durante esse percurso, me esqueço de ter. E essa paixão me leva a estudar tudo que posso antes de ver os jogos e então, após conversar sobre isso com alguns amigos, tomei a decisão de fazer algumas crônicas sobre essa Copa. | ||
Lembrando que as palavras e comentários aqui contidos não tem, em momento algum, a intenção de serem verdades absolutas, são apenas a representação escrita dos sentimentos, impressões e análises deste pobre escritor. | ||
Essas postagens sairão em uma série e vão abordar tudo aquilo que julgo ser importante no decorrer dessa copa, elas ocorrerão, em minha intenção, de forma diária, abordando os jogos por rodadas de grupos. Esse texto em específico será sobre a 1° rodada do Grupo A, caso esteja atrás de outra partida, por favor cheque para ver se o que você procura está em outro lugar. Dito isso: | ||
Qatar x Equador - O Peso do Mundo | ||
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A Copa do Mundo é o maior evento futebolístico do mundo e, como tal, atrai a atenção do globo inteiro para quem o sedia. O Qatar, enquanto sede, é um dos lugares mais comentados da história, por todas as polêmicas e abominações que sabemos. Mas, diferentemente dos direitos humanos no país, a sua seleção vinha em franca ascenção. | ||
Vale ressaltar que o Qatar não é exatamente uma "seleção artificial", isto é, não segue o exemplo de seleções como China ou Rússia, que usam de seu poder financeiro superior para, através de suas ligas apoiadas por bilionários, garimpar futuros talentos de outros países (principalmente países da América do Sul) para virem jogar em seus países com a promessa de, ao se naturalizarem, jogarem pelas seleções locais e terem um caminho mais fácil para a Copa do que teriam ao representar Brasil, Argentina, Uruguai, etc. O Qatar não tem esse tipo de infraestrutura ainda, com uma liga não tão poderosa em termos de mercado, mas a seleção é sim composta de muitos estrangeiros, mas isso se deve ao fato de 85% da população Qatari não ser originalmente nascida no país. | ||
Com isso dito, o Qatar se preparou MUITO para a copa em sua casa. Com a vaga já garantida por ser a sede, marcou amistosos com todas as seleções europeias que conseguiu, quando as mesmas tinham folga da Eurocopa/Nations League/Eliminatórias Europeias, bem como participou da Copa América (América do Sul), Copa Ouro (América do Norte) e também da Copa Asiática (a qual foi campeã batendo o Japão). A geração vinha evoluindo e, com muito mais tempo de trabalho do que outras seleções, apostava nisso como seu trunfo para surpreender. | ||
Já o Equador apresenta algumas situações empolgantes em sua história. Sendo essa a 4° copa do país em sua história, também é a 4° neste século, o que demonstra o grande crescimento da seleção desde a virada para os anos 2000, ficando ausente apenas em 2010 e 2018, isso se deve, em grande parte, ao trabalho excelente sendo feito em clubes equatorianos, o principal deles o Indepiendente del Valle, que ao fortalecerem suas categorias de base, acabam por melhorar sua própria seleção. | ||
Antes da Copa, as previsões eram de um Qatar apático sendo massacrado pela fisicalidade abundante de Equador, que tem em sua intensidade e enfrentamento físico as principais características. E, embora a vitória equatoriana tenha acontecido com certa tranquilidade, são os motivos dela que tornam tudo mais interessante. | ||
O dinheiro, como foi visto nessa copa, pode comprar quase tudo. Mas uma coisa que ele não compra, é tradição. É estar habituado aos grandes palcos, algo que se torna essencial quando se está no Maior deles. O Qatar parecia simplesmente apavorado no primeiro tempo, afobado, com a bola queimando os pés. Com isso, Equador rapidamente tomou conta do jogo. | ||
Vale comentar também que o Equador veio bem modificado para esse jogo, fugindo de sua formação e escalação padrão. A primeira mudança foi do espectador vip, digo, goleiro, com Galíndez assumindo a função que sempre foi do Dominguez, Preciado assumindo a função de lateral direito no lugar de Byron Castilho e Méndez assumindo uma função no meio, deixando Ibarra e Plata pelas pontas do campo enquanto Estrada jogava como um Segundo Atacante, chegando próximo de Enner Valencia. Uma formação mais ofensiva e que visava abusar do seu trio de maior qualidade, na esquerda com Estupinãn-Caicedo-Ibarra, para atacar o lado mais fraco da seleção do Qatar, a ala direita, nas costas de Pedro Miguel. A decisão de dois atacantes por dentro parece ter sido uma excelente escolha, visando castigar as fragilidades defensivas do Qatar que estavam escancaradas para todos, principalmente em bola parada. | ||
Com o nervosismo anteriormente citado, a seleção Qatari não conseguiu se utilizar de sua principal arma: a bola direta e longa para Akram Afif, principal nome da seleção. E rapidamente sucumbiu diante a pressão. O primeiro gol saiu com a bola parada, com o goleiro fazendo uma das piores saídas da história do futebol e todo o bate e rebate que culminou no gol de Enner Valencia. O gol foi anulado por impedimento, mas só mostrava o que seria o jogo dali pra frente. O equador se impôs fisicamente sobre o Qatar, vencendo tanto em disputas de bola quanto em transições rápidas de ataque-defesa. | ||
Foi em uma dessas transições que surgiu o primeiro gol, com uma bola recuperada próxima a grande área equatoriana, o jogo vertical e de transição rápida apareceu, com Caicedo ligando Estrada entrelinhas que dominou, deu dois passos com a bola e lançou Enner Valência já quase dentro da grande área oponente, um contra ataque com extrema velocidade. O goleiro saiu com a pior saída do gol de todos os tempos e então o penalti estava marcado. | ||
Valencia marcou o primeiro com uma calmaria gigantesca, repetindo o sinal de calma para a torcida que havia feito na comemoração do gol anulado. Esse sinal é extremamente importante para os equatorianos, que tinham no comando do ataque sua principal indefinição para essa copa, com nenhuma das opções firmadas e unânimes para a mesma. Foi um bom sinal para eles ver seu jogador mais experiente e capitão da equipe convertendo o pênalti daquela forma. E o sinal ficou excelente quando, após uma jogada de Caicedo pela direita, ele recua para Preciado, que embora não tenha a explosão física de linha de fundo que o lateral oposto (Estupinãn) apresenta, tem nos cruzamentos sua melhor característica, que alça a bola na área. Estrada atrai a marcação e, expondo a fragilidade defensiva do Qatar, Valencia aparece, quase na pequena área, subindo quase sozinho entre dois zagueiros (os dois a pelo menos 2 passos dele), e testando para o fundo das redes, fazendo seu 3° gol (o 2° legal), em dois minutos. | ||
A partir daqui, o jogo estava morto, o Equador se dispôs a rodar bola, mantendo e administrando a própria vantagem sem se cansar, poupando-se para os principais jogos que virão contra as duas concorrentes de grupo, já o Qatar acabou melhorando no jogo, tanto pela abdicação equatoriana de jogar quanto pela maior movimentação de Afif, que passou a buscar mais o jogo uma vez que a bola não chegava para ele numa posição mais adiantada. Mas esses esforços de pouco valeram, com o Qatar quase não criando oportunidades de gol. | ||
O Qatar, neste jogo, sentiu todo o peso do Mundo sobre si, enquanto o Equador, com uma performance segura e convincente, parece tirar o peso do mesmo das costas. Tenho como opinião que, em um grupo difícil como esse tende a ser, o Equador pode ter cometido um erro ao não tentar ir mais para cima do Qatar, para aumentar seu número de gols, mas veremos como as próximas rodadas se desenrolarão. | ||
Destaques da Partida: Enner Valência (Equador) e Moisés Caicedo (Equador) | ||
Senegal x Holanda - Heró | ||
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Até a lesão de Benzema alguns dias antes do início da Copa, estava bem claro qual seria a ausência mais sentida dessa copa: Sadio Mané. A grande estrela senegalesa era, por alguma margem, o melhor jogador desse grupo ao levar em conta o elenco das 4 seleções e, com sua adição, Senegal seria minha seleção favorita a avançar de fase, porém a lesão algumas semanas antes da copa me fez questionar se Senegal conseguiria enfrentar seus oponentes mesmo com a ausência de seu herói. E a resposta: sim. | ||
Holanda e Senegal estão em momentos distantes enquanto preparação de elenco. Enquanto os europeus possuem uma geração ainda em formação, com a maioria das peças ainda em desenvolvimento ou ganhando experiência de copa, tais como De jong, Vin Dijk (que por incrível que pareça faz sua primeira copa), De Ligt, Aké, Gakpo e etc, a seleção senegalesa vem em uma sequência de copas com uma geração forte se formando ao redor do camisa 10 anteriormente mencionado. Essa diferença se mostrou em campo. | ||
Embora eu presumisse uma vitória da Holanda para esse jogo, presumi que fosse ser um jogo difícil para eles, só não esperava que tanto. Os nomes consagrados da seleção senegalesa impuseram um jogo duro diante da Holanda, com Koulibaly e sua defesa fechando bem os espaços contra a infiltração holandesa e a dupla Gueye-Kouyaté controlando a faixa central do campo. Pressionando as mentes criativas, e jovens vale destacar, da Holanda. | ||
O jogo começou com uma pressão da Holanda, que parecia querer dominar, tendo a melhor chance do primeiro tempo em um cruzamento na pequena área de Gakpo, que Janssen não alcancou. Memphis Depay, principal estrela desse ataque, não parecia ter condições de jogo para jogar os 90min, então viu que, após os 5 primeiros minutos, Senegal se organizou e começou a pressionar a Holanda com disciplina tática e qualidade técnica, algo que alguns comentaristas se recusam a admitir que seleções africanas tenham. Foi a Holanda que começou a mostrar sinais de nervosismo então, com De Ligt se apagando do jogo, com Dumfries errando tudo e mais um pouco pela ala direita (que é o lado perigoso da Holanda, já que o ala esquerdo Blind não sobe tanto), e De Jong e Vin Dijk batendo cabeça na saída de bola algumas vezes. | ||
Senegal começou lentamente a empurrar a Holanda, que com a enorme pressão sobre seus jogadores jovens, começou a ruir. O único que demonstrava alguma fortitude mental era Gakpo, melhor da partida em minha opinião, mas não parecia ser suficiente. De Jong, particularmente, pareceu sentir muito a partida, ficando com isso evidente aos 18 minutos, quando Bergwijn encaixa uma AULA de contra ataque sobre a defesa senegalesa. A bola chega em De Jong sozinho contra o goleiro, o holandes corta uma, duas vezes e não chuta, levando narrador, comentaristas e até os companheiros de equipe ao desespero com a chance perdida. | ||
Depois dessa jogada, o jogo pertenceu a Senegal. Com o meio de campo controlado, eles sufocaram a Holanda pelo resto do primeiro tempo e todo o segundo praticamente, mas parecia que faltava algo. Sarr fazia um estardalhaço na esquerda, aproveitando a avenida que Dumpries se tornou, Gueye e Kouyate tentava achar o passe final, mas o herói senegales não estava lá para fazer seu papel. A ausência de Mané pesou em diversos momentos de último toque/finalização e, sem a peça que poderia desequilibrar, o tempo foi passando, com as poucas boas chances de Senegal parando nas mãos do maior goleiro da história das copas (2,03m). | ||
Estava bem claro que aquele jogo só sairia do zero com a ação de algum herói para desequilibrar para um dos lados. Quando Memphis Depay entrou, presumiu-se que fosse ser ele e, embora tenha acrescentando um tanto de frieza e calma, além de técnica, a situação não parecia muito disposta a aparecer. Mas o herói estava em campo o tempo todo. | ||
Com o decorrer do jogo, De Jong pareceu se acalmar e, em um lance característico dele, ergueu uma bola na área para a entrada em facão de Gakpo que, com a ajuda de uma saída abismal do goleiro, cabeceou a bola para o fundo da rede. Embora não fosse exatamente um resultado justo, faz juz a melhora holandesa pós-Memphis e a excelente partida do jovem Gakpo. | ||
Já nos momentos finais de jogo, com Senegal indo com tudo para cima, a Holanda encaixou um contra-ataque com Memphis, que cortou para dentro e bateu, o goleiro deu rebote e Klassen fechou a conta. | ||
Senegal mostrou força durante o jogo, se mostrando superior durante boa parte da partida. Com a derrota, a equipe africana tem que se reerguer para a final antecipada contra Equador, com quem brigará por vaga. Já a Holanda garante um resultado importantíssimo, mais por eficiência do que por domínio, o que levanta preocupações para o decorrer dessa copa. | ||
Destaques: Gakpo (Holanda), Gueye (Senegal), Kouyaté (Senegal) |