No momento que o grupo E foi sorteado, o vi com menos certezas do que a maioria das pessoas. Embora tenha uma Costa Rica, que durante algum tempo foi chamada de Mata-Gigantes pelo que fez em 2014, em franco declínio, as vagas me pareciam bem ...
No momento que o grupo E foi sorteado, o vi com menos certezas do que a maioria das pessoas. Embora tenha uma Costa Rica, que durante algum tempo foi chamada de Mata-Gigantes pelo que fez em 2014, em franco declínio, as vagas me pareciam bem incertas na época, com Espanha tendo uma geração jovem demais para ser protagonista, a Alemanha oscilando enormemente para achar o melhor encaixe de meio-campo e um Japão vindo com o melhor elenco da Ásia e que tem progressivamente melhorado a cada Copa que se passa. Em minha previsão pré-copa, cheguei até mesmo a colocar a Espanha como eliminada, com Alemanha e Japão classificados. Este é, sem dúvidas, o grupo mais interessante dos primeiros 3 dias de Copa (tecnicamente são 4, mas não entremos em tecnicalidades.) | ||
Alemanha x Japão - O trabalho duro supera o dom natural. | ||
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Apresento-lhes o que deve ser um dos melhores jogos da Copa. | ||
Alemanha e Japão fizeram um embate empolgante (mesmo para um sonolento eu às 10hrs da manhã sem café), mostrando muito bem suas forças e, consequentemente, expondo as vulnerabilidades do adversário. | ||
A Alemanha veio com um time um pouco diferente do esperado, com Gundogan assumindo a vaga de Goretzka ao lado de Kimmich e Raum assumindo a titularidade da lateral esquerda. No ataque, a combinação de Havertz no centro com Musiala e Muller trabalhando o centro de campo parecia empolgante. | ||
Do lado do Japão, não existem grandes estrelas, o mais famoso deles provavelmente seria Minamino, que teve boas temporadas no Leipzig antes de se transferir para o Liverpool, onde não teve uma passagem tão boa, mas até mesmo ele não sairia de titular. A seleção asiática faz tudo muito bem, com organização e disciplina, mesmo sem grandes craques. | ||
No começo do jogo o Japão mostrou ao que veio, com um contra-ataque muito bem encaixado e extremamente rápido, Maeda abriu o placar e, embora estivesse impedido, escancarou o principal problema da Alemanha, que vinha sendo mostrado desde o início desse ciclo de Copa. Com um time totalmente voltado ao controle de jogo por meio da posse de bola, é comum os jogadores alemães jogarem no campo de ataque a frente da linha da bola, o que gera graves problemas em casos de contra ataque, principalmente com uma zaga tão pesada quanto o trio Rudiger-Schlotterbeck-Suele. | ||
Após esse lance, a Alemanha passou a tomar conta do jogo, com Kimmich e Gundogan controlando o meio campo, Musiala e Gnabry explorando os espaços entre zagueiros-volantes e Raum atacando pela esquerda em profundidade. Foi com um passe de Kimmich para Raum que sai o pênalti que coloca a Alemanha na frente aos 30 minutos. Com o domínio no primeiro tempo, parecia que o jogo na segunda etapa seria bem fácil. | ||
No começo do segundo tempo, a Alemanha manteve seu domínio nos primeiros 15 minutos, com Gnabry e Musiala desperdiçando chances excelentes de matar o jogo. E é então que, numa atitude de extrema coragem, o técnico japonês faz mudanças extremamente agressivas, abrindo mão de laterais mais defensivos e botando 2 atacantes a mais em campo. | ||
A postura dos asiáticos ficou muito mais intensa, com dobras ou trios de marcação sobre o jogador que tinha a bola, e, ao recuperar a mesma, um lançamento longo buscando os jogadores leves e rápidos do ataque, explorando a lentidão da zaga alemã, enquanto que nas chances alemãs de gol, Gonda, o goleiro, resolveu fazer consecutivos milagres para manter seu time no jogo. | ||
Com a agressividade e velocidade, os japoneses começaram a reter mais a posse de bola e atacar mais vezes, com cada vez mais homens dentro da área. Quando conseguiram o empate com Doan, já era merecido, mas foi apenas na virada, com um contra-ataque fulminante de Asano e um tiro para superar Neuer que veio o êxtase. O trabalho em equipe e a perseverança japonesa viraram o jogo, a disciplina e a organização os mantiveram a frente e o apito final deu origem à insanidade, com reservas e comissão técnica invadindo o campo como um título, o dia que a tetracampeã Alemanha foi derrotada por uma seleção sem estrelas. Como aquele personagem uma vez disse:"o trabalho duro vencendo o dom natural." | ||
Destaques: Ito (Japão), Asano (Japão), Musiala (Alemanha) | ||
Espanha x Costa Rica - Parque de diversões | ||
7 gols. | ||
A última vez que uma equipe fez esse número de gols em uma partida de Copa foi a Alemanha em 2014, naquele jogo. | ||
Quero dizer que a Espanha vem para ser campeã? Nem de longe. | ||
A convocação Espanhola foi bastante controversa, com o técnico Luis Henrique ignorando vários nomes mais badalados para levar quem ele queria para a copa e chegando com um elenco extremamente jovem. 20 dos 26 jogadores estão em sua primeira Copa do Mundo. Com uma estrutura que emula o Barcelona de 2015, a Espanha vinha apresentando bons desempenhos em seus jogos, mas quase sempre esbarrando na falta de capacidade de seus atacantes para matar o jogo. | ||
Do outro lado, a Costa Rica vem em franca decadência, mesmo tendo algumas renovações acontecendo, não parecendo nem de perto próximos de fazer o que fizeram em 2014. | ||
Vendo a fragilidade de seu oponente, a Espanha veio com Asensio e Olmo, formando uma dupla de ataque mais leve do que teria se tivesse Morata em campo, o que facilitou as tabelas e infiltrações da equipe que dominou em todos os momentos do jogo, sem dar chances aos costa-riquenhos. | ||
De fato, não existe muito o que comentar sobre esse jogo, vale atentar-se sobre a visível falta de ritmo de Navas, goleiro de Costa Rica. Habituado a fazer milagres onde quer que estivesse, falhou repetidamente em vários gols, não tendo realizado uma única defesa em toda a partida. Também é importante alertar que, mesmo com essa goleada, não coloco minha mão no fogo por essa Espanha contra nenhum time. | ||
Destaques: Gavi (Espanha), Pedri (Espanha) |