A analogia da caixa de areia está correta?
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A analogia da caixa de areia está correta?

Analizando a teoría da caixa-de-areia (sandbox). Será mesmo que o mundo é um punhado de recursos limitados?

Ivan Mirisola
19 min
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Há uma analogia muito difundida entre pessoas que defendem políticas coletivistas conhecida por caixa-de-areia (sandbox). Diz a analogia que todos recursos da terra seriam compreendidos como "a areia" e a fronteira da Terra com o Espaço seriam "os limites da caixa". Neste sentido, cada um de nós teria sua parcela de areia pra brincar. Caso um de nós deseje brincar com mais areia, estará tomando parte da área que caberia aos outros. O que implicaria que parte de nós não teria como brincar.

Há muitas coisas implícitas nesta analogia que eu gostaria de analisar em detalhes - a saber:

Sistema fechado

Em primeiro lugar, a areia em sistema fechado implica que os recursos são limitados. Isto,  até certo ponto, é verdadeiro. Podemos pensar na água potável, por exemplo: não há este recurso em todos os cantos do planeta. O mesmo ocorre com a terra cultivável. Eu diria que há neste sentido um aspecto verdadeiro em relação à analogia proposta. Contudo, não é verdade quando estamos falando de energia - por um simples fato: Não estamos em um sistema fechado, como quer mostrar a analogia. A terra está, como todos sabemos, dentro do sistema solar. O sol por sua vez irradia fótons na terra o tempo todo. Fótons são transformados em energia de diversas formas. A principal e mais conhecida por nós é o calor. Mas as plantas "aprenderam" a transformar essa energia há milhares de anos e produzem sua própria comida. O sol tem limite de produção de fótons limitado - contudo, a probabilidade de a raça humana ainda estar habitando a terra tende a zero. Então, podemos considerar que ela é inesgotável. Além dos fótons, temos meteoros e outros corpos celestes que entram aqui o tempo todo. Contudo, diante da imensidão que é a terra comparada a esses corpos celestes podemos ignorá-los, uma vez que seu impacto na análise da caixa-de-areia é desprezível. Portanto, eis aqui o primeiro erro da analogia.

O latifúndio

A segunda parte que quero analisar está relacionada ao fato de onde exatamente começa a parcela de areia que me cabe e onde vai a parcela que cabe aos outros. O pressuposto da analogia é que o seu quinhão desse latifúndio é composto por uma porção do total dessa areia e que todos devem ter parcelas iguais de areia. Mas como não temos o tamanho da caixa bem definido somos obrigados a abstrair esses fatos. Portanto, podemos considerar que '1' seria a quantidade total de areia da caixa para ser dividida entre os 8 bilhões de pessoas que existem na terra (arredondado para o ano de 2021). Assim, podemos deduzir que a parte que me cabe é exatamente 1/8bi-ávos de areia. Bom, até aqui, tudo certo - porque não estamos levando em consideração os oceanos, desertos ou as áreas não cultiváveis. Agora, o que podemos fazer com esses 1/8 que temos direito - brincar? É claro que não. A analogia na verdade tem uma falha muito grave. Ela não estabelece o que é exatamente brincar. Mais uma vez, teríamos que abstrair isso. Alguns poderiam entender que brincar significa trabalhar numa estatal. Outros podem entender que isso significa ter uma casinha pequena no meio do nada onde eles se alimentariam por meio de uma pequena plantação de hortaliças além da caça e pesca.

Mas há os que pensariam diferente e aqui é que o problema começa. E se eu plantar em todos os meus 1/8 de área apenas soja. Eu terei alimento para mim e para todos os meus descendentes. Além disso, eu terei ainda um excedente que posso ceder aos meus amigos e pessoas que me ajudam. Mais ainda, poderia ceder a mais gente, desde que essa gente esteja disposta a fazer trocas comigo. Há os que não produziriam nada, mas poderiam trocar uma ajudinha para colher a soja e receber sua parte em troca. E tudo isso com a ajuda de uma planta que produz seu próprio alimento por meio de água, sol e minerais.

O que cada um faz com seu quinhão nesse latifúndio, além de particular é muito específico aos anseios de cada ser humano. Portanto, neste sentido, teríamos indivíduos diferentes já no nascimento de tal sistema fechado. Isso faz do produtor de soja um ponto-fora-da-curva? Seria ele um ser que infringe o direito dos outros? Afinal de conta, porque não é justo que ele plante soja em todo o seu quinhão e possa ter mais do que os outros? Vejamos...

O coletivismo implícito

Isto posto, os problemas elencados acima me levam a crer que há uma agenda oculta e muito preocupante nessa analogia. Para não existirem diferenças entre os indivíduos (vide o caso do produto de soja) e que todos tenham exatamente a sua parte em soja é necessário que uma entidade controle todos os produtores de forma centralizada. A isto chamamos de governo. Todos os 8bi de pessoas elegeriam um chefe para coordenar como e o quê cada um deveria fazer de forma a termos uma produção que sirva para todas as necessidades de cada um dos 8bi de pessoas. O que é muito preocupante é que essa ideologia já foi tentada antes na história da humanidade: chama-se comunismo. O governante dita as regras do jogo: desde quem será produtor e quem trabalhará com serviços de forma que todo o coletivo dos seres humanos se beneficiem. Até aqui, não há o que negar. Foi assim na Rússia de Lenin e Stalin, onde os produtores de trigo foram assassinados, torturados, congelados até a morte ou enviados ao Gulag - justamente por acumularem mais do que o resto da população russa. À exemplo da Rússia, a Coreia do Norte e todos os outros países que tentaram implementar essa forma de governar não tiveram sucesso. O erro crasso dessa forma de governo é que ele infringe um princípio básico de todo ser humano: a liberdade. A liberdade de escolher ser produtor e mais explicitamente de quê. Isto é, a ideia de que eu deveria poder escolher entre produzir soja em todo o meu quinhão deveria ser apenas minha e respeitada - pois é o que eu, como ser humano, quero fazer com a minha parte. O que os outros fazem com a parte deles não é da minha conta, certo? Mais um menos... Vejamos...

Limites

O ser humano é um bicho que clama por viver em sociedade - salvo algumas exceções muito raras como os eremitas. Portanto, como sociedade é necessário ter limites para aquilo que é possível de ser feito com o seu quinhão. É o que chamamos de leis dos homens - onde cada atitude que ataca o direito do outro pode ser condenável. Um dos conjuntos de leis dos homens mais antigos que podemos encontrar está no livro sagrado da religião judeu-cristã, a Bíblia. Os romanos emprestaram da própria Bíblia as regras pelas quais vivemos e está presente em nosso direito civil. No que tange ao que se pode fazer com o seu quinhão há muitas leis que determinam o que é possível fazer. Por exemplo: não é permitido produzir Champanhe fora da região da França que leva esse nome - muito embora o método seja muito conhecido e replicável em qualquer parte do mundo. Também não é permitido utilizar 100% de uma área rural - você é obrigado, por força da lei, a deixar 20% com a vegetação nativa (caso do Brasil). O próprio homem compõe as leis que deverão governar o uso da parte que cabe a cada um. Mas todos tem seu quinhão para começar?

O direito ao seu quinhão

A sociedade, tal qual conhecemos hoje, levou algumas centenas de anos para se formar. O conceito de propriedade privada é relativamente novo nessa sociedade. Surgiu na primeira revolução industrial e foi se aprimorando até hoje. Vale lembrar que até o fim da idade média, apenas os reis e nobres tinham direito à propriedade privada. De tal forma que é possível traçar uma correlação entre propriedade privada e prosperidade. Se olharmos para a história humana, as famílias reais são muito bem conhecidas e sua história e prole puderam viver durante muitos anos, gozando de sucesso e bem estar. Os faraós talvez sejam um bom exemplo disso: muito ouro, pirâmides dedicadas a toda uma vida e saúde. E isso tudo em diversas dinastias - graças à força do rio Nilo e ao trabalho do povo egípcio (não vou analisar aqui se eram ou não escravos, mas há indícios de que não foram).

Hayek foi o primeiro a definir apropriadamente o que vem a ser o conceito de propriedade privada. Ao contrário de Marx, que acreditada haver um complô da Burguesia para impor esses conceitos à classe trabalhadora, Hayek entendeu que esse conceito já existia antes de serem definidas as regras. Ou seja, as leis que protegem a propriedade privada é que foram criadas muito tempo depois para regulamentar um fato que já existia muito antes (possivelmente antes da era romana).

À partir do momento em que as sociedades modernas passam a proteger a propriedade privada, você começa a encontrar exemplos de famílias que experimentam a mesma prosperidade dos reis. Até então, experimentada apenas por uma ínfima parcela da população mundial. E isso vai ao encontro da analogia da caixa-de-areia. Cada um deve ter seu quinhão - ou seja, ninguém tem o direito de possuir o quinhão do outro. De tal forma, que é preciso garantir a porção de cada um no planeta. Mas, Hayek foi muito feliz em dizer que se você não olhar para as condições pré-existentes, incorrerá em injustiças - afinal de contas não se pode roubar a propriedade alheia, certo? Ocorre que a humanidade também tem um lado perverso - as guerras. Nelas, a propriedade privada se esvai e o ganhador fica não só com os espólios, mas também com as terras. Se pegarmos os mapas da Europa de 1500 e compararmos com os atuais podemos ver como as divisões políticas mudaram e como terras passaram de um país a outro. Mas nem sempre a justiça é o que impera no mundo dos homens. É na guerra que as sociedades conseguem roubar a propriedade dos outros. Hoje, as guerras são menos comuns, mas ainda existem e conflitos sempre existirão - já que os espaços são escassos e os povos e suas necessidades estão sempre aumentando.

A ideia de que cada um deve ter seu quinhão na Terra de forma igual não se sustenta. Vejamos: A população de hoje (2021) deve estar ao redor de 8bi. Como vimos antes, cada um teria, em teoria, direito a 1/8bi do todo. Contudo, esta mesma população provavelmente saltará para 11bi em 2050. Isso significa que ao estabelecer o seu quinhão de 1/8bi hoje, em 2050 ele deveria ser reduzido a 1/11bi e assim por diante. Isso implica que parte do que lhe é cabido deverá ser repassado ao próximo para que todos fiquem iguais. Na realidade essa não é uma opção - já que implicaria em roubo de propriedade privada. E isso teria que ser feito à força, já que ninguém quer ter seus bens roubados. A única entidade que poderia ter tal força para roubar seus bens é militar ou governamental (no papel da polícia). De outra forma, essas mesmas forças são as que defendem hoje a propriedade privada.

Os países que conseguiram resolver os conflitos sociais por meio da implementação da propriedade privada gozam da possibilidade de prosperidade aos indivíduos que a compõe. É pouco provável que você encontre um país que não tenha esse conceito em plena vigência e que possa proporcionar a prosperidade aos seus indivíduos.

Podemos aferir, portanto, que a propriedade privada é a base para se ter prosperidade em qualquer sociedade. Mas todo mundo pode ter sua propriedade privada?

O pontapé inicial

Direito é diferente de poder. Você tem, e deve ter mesmo, o direito a ter a sua propriedade privada. Contudo, nem todo mundo consegue ter o poder de tê-la. Hoje, praticamente toda a superfície do planeta já tem um dono definido e regulamentado por seus respectivos governos. Bem, dentre esses proprietários, os donos de grande parte do planeta são os próprios governos. Há desde reservas florestais e arquipélagos inteiros a até mesmo áreas não habitadas que poderiam ser perfeitamente utilizadas. Mas vamos supor que todos os governos do mundo resolvam dividir tudo isso por igual a todos que estão sem propriedade privada e que neste exato momento não há mais uma simples alma sem sua propriedade privada. Bem, à partir do primeiro nascimento teremos um indivíduo que não terá esse direito e o problema volta a acontecer. Dá pra entender então que o direito à propriedade privada um dia teria que acabar? Sinceramente não acredito que isso ocorra. É mais provável termos uma guerra para resolver isso do que todos no mundo deixarem de ter direito a sua propriedade. Mas como resolver então? É um problema que dá para resolver hoje? No Brasil ainda existem muitas áreas onde o dono é o governo. Mas a maior parte da população tende a se concentrar nas grandes cidades e demandam que o governo resolva seus problemas. Pois bem, o primeiro passo seria conduzi-las às áreas menos povoadas e dar-lhes o direito à propriedade, certo? Bom, mais ou menos. Isso talvez funcione para alguns, mas outros não irão de bom grado abandonar suas raízes e se aventurar em um lugar desconhecido. Daí, cria-se um impasse: não há muito o que fazer por essas pessoas a não ser dar-lhes apenas a subsistência para que percebam que ali não é um lugar apropriado para se estabelecer porque lhes falta a condição primordial para a prosperidade: a propriedade privada. É o que de fato ocorre na maior parte das favelas brasileiras - a busca por propriedade privada. Tente remover o barraco de uma favela para ver o que acontece.

Dívida histórica

É fato que durante toda a construção da sociedade moderna houve muitos povos que foram escravizados. Contudo, é durante a escravização dos povos africanos que os conceitos de propriedade privada estão em pleno vigor na sociedade ocidental. Antes disso, praticamente todo o povo se misturava com os escravos como se fosse uma coisa só que pertencia ao rei e todos o serviam em troca da prosperidade do reinado. Muitos até lutavam em guerras para defender esse reinado - algo que seria inconcebível nos dias atuais. Quando houve a abolição nos diversos continentes, muitos dos escravos foram colocados às ruas das cidades - sem quaisquer direitos civis. Em grande parte, eles foram descartados pela sociedade como se fosse um maço de cigarro que foi jogado ao lixo por uma lei que proibisse seu consumo.  O que ocorreu então, durante muitos anos, é que essa gente ficou sem o direito primordial da propriedade privada. Assim, sem condição de ter prosperidade, foram de geração em geração subsistindo e se multiplicando na sociedade até os dias de hoje. É natural que esses sejam os que mais sofrem por não ter educação, saúde e segurança. Suas vidas foram impedidas de prosperar no exato momento da promulgação da lei - que não previa que o processo deveria garantir não só liberdade, mas também que os escravizadores deveriam contratar seus escravos como trabalhadores e o estado dar-lhes terras para que prosperassem. Como isso não foi feito lá atrás, não há meios de consertar esse erro. Não podemos fazer uma lei que reverta isso na marra - são muitos anos e muitas realidades que teríamos que mudar à fórceps. A solução foi dada no tópico anterior, mas como disse antes, nem todos irão aceitá-la. Numa democracia é preciso entender que os indivíduos tem livre arbítrio - e isso implica não só nas escolhas que são feitas, mas também nas ações responsáveis que cada um toma na vida. Um pai ou uma mãe deve cuidar de seus filhos - mas só será possível se tomarem atitudes responsáveis que lhes permita prosperar.

Esperança

A minha família teve uma empregada doméstica quando eu era bebê. Num dado momento ela não pode mais ficar conosco e saiu. Ela retornou muitos anos depois e nos contou que passou por alguns maus bocados entre uma contratação e outra. Mas o que a salvou mesmo foi o Padre da comunidade onde vivia. Diz ela que, com um filho para alimentar, não tinha onde morar. Foi o Padre que lhe deu um espaço para dormir e cuidar de seu filho. Mais tarde, deu-lhe grãos de milho para cultivar. Ela levava as espigas maduras para um outro fiel da comunidade que as beneficiava e lhe entregava o fubá - que servia de alimento a seu rebento. Se alimentou durante muito tempo apenas com isso e um pouco de feijão que recebia de doações. Com tempo ela pôde se reestabelecer e ter seu próprio cantinho, com endereço certo e documentos. Isso fez com que ela conseguisse aos poucos se reerguer e voltar a trabalhar. Demorou, mas ela conseguiu. Hoje não sei mais onde ela está. Mas acredito, de coração, que ela está bem pois aprendeu a maior das lições que é a de ter responsabilidade por seus atos e tomar as rédeas de seu próprio destino. Mas para isso, ela precisou de uma forcinha. Repare que isso ocorreu há algum tempo onde a situação era bem pior que a de hoje e não foi o governo ou políticas sociais que a tiraram da miséria total. Ela conseguiu tudo isso graças à sua comunidade.

É disso que as sociedades devem ser constituídas. Um povo unido por seus costumes, suas crenças e a prosperidade dos seus como foco. Não estamos falando em ter uma sociedade somente de gente rica. Prosperidade nem sempre tem a ver com dinheiro - muita gente se contenta com pouco e está de bem com a vida apenas com seu cantinho, barriga cheia, saúde e amigos - a chamada classe média. Grande parte das sociedades prósperas hoje em dia são compostas por uma enorme parcela de gente que pertence à essa classe. Nestas sociedades, não vemos uma pirâmide e sim um losango - onde o meio é a classe média e a ponta de cima e de baixo são classe A/AA e Classe D/DD respectivamente.

Hipocrisia

Acho muito curioso, e até mesmo louvável, as pessoas que sentem compaixão por todas as almas que não conseguem atingir a prosperidade. Mas, o que me incomoda muito é que muitas dessas pessoas ficam apenas no discurso. Quase nenhuma delas fez na vida o que o Padre da história acima fez. Na minha opinião, esse padre conseguiu mudar o destino de uma família com muito pouco e sem nenhuma ajuda do governo ou de ações coletivistas.

A ajuda mais efetiva é aquela que vai àqueles indivíduos que realmente querem ser ajudados. Que abraçam a responsabilidade e que lutam para conseguir mudar. Funciona mais ou menos com tirar alguém das drogas. Não dá pra ajudar todo mundo, apenas aqueles que realmente querem e os que estão mais próximos a você - isto é, pessoas da sua comunidade.

Creio que é o que devemos todos fazer. Não adianta sentar na mesa de um bar ou nas redes sociais e reclamar que temos muitos pobres e pleitear por mais ações do governo para retirá-los da marginalidade social. Quem realmente quer promover mudanças age com ações concretas e não com papo furado. Quando foi a última vez que você deu atenção àquela ligação da entidade que pede doações? Quando foi que você deu aulas em uma escola de uma comunidade carente sem pedir nada em troca? Alguma vez pegou um caso pro-bono? Fez parte de uma ação social na sua comunidade? Pegou na enxada para carpir algum terreno ou assentou tijolos pra construir uma creche? Quando foi a última vez? Faz isso regularmente ou fez uma vez só pra deixar a alma limpinha?

A grande maioria de nós fica só no "gogó" e nada de ação - reclamando que o governo nada faz. Mas isso tem uma razão de ser! Não é que somos maus ou ingratos ou incapazes de compaixão. A culpa é do próprio governo paternalista em que vivemos. Ou você se esquece que na nossa constituição está escrito que você só tem direitos e nenhum dever? Palavras são fáceis de escrever por políticos na melhor das boas intenções. Mas de intenções as redes sociais e os bares estão cheios. Ações concretas no entanto são poucas.

Eu faço minha parte é claro! Não estaria aqui apontando dedos se eu mesmo fosse o hipócrita que descrevo.

Conclusão

O mundo não é um sistema simples como quer provar a analogia da caixa-de-areia. Não dá pra forçar igualdade. A sociedade humana está em prefeito equilíbrio quando há foco nas ações que cada um desempenha. Tentar mudar isso à força faz com que o sistema reaja no sentido inverso até que chegue novamente ao equilíbrio.

Mas o que é o equilíbrio afinal? Ele é justo? É bom pra todo mundo? Aqui deixo o meu mais salutar e retumbante "NÃO". Equilíbrio é apenas uma expressão que define um sistema que sempre volta a este estado de coisas. Como provado acima, não há como impor um sistema mais justo que esse. Haverá sempre um grupo reduzido no topo do losango e outro grupo reduzido na parte de baixo - a maioria estará ao centro. É esse arranjo que vamos encontrar em países onde há mais justiça social. O emprego é pleno, o empreendedor não é demonizado pela sociedade e o governo faz seu trabalho sem atrapalhar as trocas voluntárias.

Qualquer sociedade que tente reorganizar isso irá gerar desigualdades - como é o caso do Brasil: aqui temos uma pirâmide de base larga e baixinha, por conta dos privilégios, pouca liberdade econômica e muita regulamentação. Coloque a corrupção em cima disso, que acaba acontecendo para fazer o sistema funcionar - já que o poder estatal é enorme - e você tem a receita da desgraça. Um lugar onde: os servidores públicos estão no ápice (os mais privilegiados); empresários logo abaixo (poucos e muito ricos), classe média (grande parte dos assalariados) ao centro superior e por fim os pobres e paupérrimos na base e porções mais largas da pirâmide.