Amor próprio, saúde mental e Simone Biles
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Amor próprio, saúde mental e Simone Biles

Tenho lido muito ultimamente sobre amor próprio e todas as suas consequências e confesso que tenho aprendido muito. Em tempos de burnout e stress, esse tema está sempre relacionado. E confesso, que muitas vezes é necessário, de fato, dar um p...

Mariana Ramos Souza
2 min
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Tenho lido muito ultimamente sobre amor próprio e todas as suas consequências e confesso que tenho aprendido muito. Em tempos de burnout e stress, esse tema está sempre relacionado. E confesso, que muitas vezes é necessário, de fato, dar um passo pra trás para tomar fôlego. Fazer terapia é algo tão século XXI quanto ter conta em redes sociais.

Mas, tenho ressalvas fortíssimas em relação ao "amor próprio". Explico.

Quando estamos dedicados a uma missão, seja pessoal ou profissional, pensamos sempre em obter o êxito, extrair o máximo daquilo e aprimorar. Eu mesma me dedico dessa forma. Há quem diga que sou uma pessoa muito focada. Prefiro dizer "obsessiva", pois enquanto não enxergar mais nenhuma saída, batalho por aquilo bravamente.

Mas, quando se trata de um grupo, é preciso ponderar. Venho seguido uma frase, muito bem apresentada à mim por Mariana Brito, de São Josémaria Escrivá e essa diz: "Que a tua vida não seja uma vida estéril. Sê útil, deixa rasto." Então, eu comecei a enxergar que minha maior função do mundo é tentar, ao máximo, ser útil ao próximo pq afinal não estou aqui por mim e sim pelos outros. Não há hoje, nenhum objetivo por mim traçado, que não envolva fortemente trazer benefícios aos meus. E isso foi uma virada de chavinha, viu? E olha, sendo sincera, vi muito mais benefícios pensando dessa forma do que somente em mim.

Quando Simone Biles desistiu de competir em algumas provas nas Olimpíadas desse ano para priorizar a saúde mental, vi um monte de gente apoiando ou criticando. Eu critiquei.

Veja bem, acho super importante o foco na saúde mental e acredito que deva ser uma das prioridades, inclusive se você deseja ser útil pra alguém. Mas, quando se trata do próximo no meio disso tudo, é necessário ponderar, analisar e avaliar as consequências.

Acredito eu, que o esporte em equipe tem esse nome por um motivo. É trabalho de formiguinha, dia-a-dia, batalhando por um objetivo em comum. Portanto, ao desistir de competir, ela fez essa avaliação? Será que ela, que é excelente no que se permitiu fazer, não tirou a vaga de quem estaria disposto a dar tudo de si e mais um pouco, não só pela vitória pessoal, mas sim do grupo?

Lidamos com pressão, e ela como atleta de altíssima performance, deveria ter em mente o impacto altamente negativo e como isso traria consequências emocionais para toda sua equipe. Gabriela Andersen, atleta sueca, nos mostrou o que é foco nas olimpíadas de 1984. Ela foi muito mais heroína, ao meu ver, do que Simone Biles. E pra mim, saiu muito mais vitoriosa no quesito “vida útil”. Voltando à questão do amor-próprio, e levando em consideração as ponderações acima, eu diria que amor próprio é viver pro outro, ser útil no que consegue fazer, e assim cumprir a missão mínima de ser alguém. Afinal, do que vale nossa vida se não pudermos compartilhar o bem?