Conceitos básicos #02: Fast Fashion x Slow Fashion
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Conceitos básicos #02: Fast Fashion x Slow Fashion

Afinal, quais são os problema que envolvem o Fast Fashion? Seria o Slow Fashion a solução?

Maria Clara Rocholi
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Afinal, quais são os problemas que envolvem o Fast Fashion? Seria o Slow Fashion a solução?

No último post, conversamos um pouco sobre conceitos que moldam a moda: a Haute Couture (Alta-Costura) e o Prêt-à-Porter (Pronto-a-vestir). Hoje, daremos continuidade abordando os estilos de produção Fast Fashion, Slow Fashion e qual a relação que estabelecem com o lado socioambiental. Quer saber mais sobre? Continue por aqui que a discussão é longa...

Fast Fashion

O termo Fast Fashion, ou em português "Moda Rápida", é utilizado para designar a produção em larga escala, sustentada pelo consumismo. Por isso, coleções são substituídas semanalmente, acompanhando as tendências do momento. A expressão, por sua vez, foi cunhada apenas aos anos 1990 pela mídia, para expressar o apelo visual e a mudança repentina no universo da moda que ocorria na época.

A partir daí, com o barateamento da mão de obra na indústria têxtil, lojas como H&M e Zara começaram a investir em peças similares ao que era exposto por grifes nas semanas de moda, entretanto, com matérias-primas não tão nobres,  durabilidade reduzida e preços muito menores. No Brasil, algumas das representantes pioneiras do Fast Fashion foram C&A, Riachuelo e Hering.

Contudo, apesar dos benefícios obtidos para o mercado - custo acessível das mercadorias, geração de empregos e grande movimentação financeira - o uso de tinturas insolúveis e de materiais sintéticos não biodegradáveis promove um enorme impacto ambiental. Por esse motivo, a indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, atrás somente do setor de petróleo.

Além disso, o consumo desenfreado, o estímulo ao trabalho análogo à escravidão a fim de reduzir os custos (e outras muitas implicações) também promovem uma desarmonia com os quesitos socioambientais. Mas a lista é tão grande que explicá-la é um assunto para outra hora.

<i>Imagem</i><i>/ Reprodução</i><i>: Pinterest</i>
Imagem/ Reprodução: Pinterest

Depois disso tudo, acreditar em uma solução sustentável parece até distopia. No entanto, com o objetivo de contrapor as consequências do Fast Fashion, surgiu, nos últimos anos, o movimento Slow Fashion, que tem ganhado força nesse universo. Mas será que essa é mesmo a solução para todos os problemas?

Slow Fashion

Criada em 2004, em Londres, pela escritora Angela Murrills, a expressão Slow Fashion - em português "Moda Devagar" - foi inspirada no conceito italiano de Slow Food (1990), e adaptada para o cenário da moda. Ao contrário do Fast Fashion, o novo modelo manifesta-se como uma opção socioambiental mais viável e harmoniosa.

Nesse contexto, o movimento preza pela diversidade, valorização de recursos locais e por por coleções menores feitas a partir de materiais orgânicos e recicláveis. Logo, as peças possuem uma maior durabilidade e preços reais, que incorporam os custos sociais e ecológicos de uma produção em pequena e média escala.

Para mais, também são priorizadas a transparência nas relações de trabalho.  Isso porque, em grandes marcas de Fast Fashion, é comum a utilização de uma mão de obra injusta, mal remunerada e empregada em condições subumanas. Parece absurdo, não é? Mas, infelizmente, é mais comum do que você imagina.

Em 2011, a rede de lojas Zara foi processada por adotar o trabalho infantil e análogo ao escravo em sua produção. A varejista Renner, por sua vez, no ano de 2014, foi responsável por manter 37 bolivianos sob condição de escravidão. Até a própria Victoria's Secret já foi alvo de denúncias. Assim, a preocupação com o lado social da moda impulsionou o Slow Fashion, que tem atuado contra um sistema bárbaro e cruel.

Por consequência, essa técnica tem sido a melhor opção para novas marcas, como é o caso da norte-americana Eileen Fisher, da parisiense Sézane e da inglesa Boden. No Brasil, Mudha, Vert e Vanessa Montoro são grandes representantes do segmento.

<i>Imagem</i><i>&nbsp;/ Reprodução</i><i>: Eileen Fisher</i>
Imagem / Reprodução: Eileen Fisher

Agora que já sabe o que é e quais são os impactos do Fast Fashion, te proponho um desafio: que tal buscar mais informações sobre a origem das roupas que você compra? Optar por um guarda-roupa Slow Fashion pode contribuir - e muito - com a sustentabilidade. No fim das contas, ninguém quer perpetuar uma estrutura tão desumana, não é mesmo?