A seleção adequada de atividades no 1º ano é essencial no processo de alfabetização por isso preparei esse guia para te ajudar nesse estágio de ensino.
A seleção adequada de atividades no 1º ano é essencial no processo de alfabetização por isso preparei esse guia para te ajudar nesse estágio de ensino. | ||
Para o efetivo início do processo de alfabetização não se deve levar em conta somente a idade do aluno e a série escolar que a criança está cursando. No entanto, para efeitos de homogeneização do ensino, baseado em parâmetros nacionais a Política Nacional de Alfabetização (Brasil, 2019) aponta que “Embora na educação infantil a criança deva adquirir certas habilidades e competências relacionadas à leitura e à escrita, é no ensino fundamental que se inicia formalmente a alfabetização”. O Ensino Fundamental se inicia a partir do 1º ano com crianças entre 6-7 anos. O ideal é que as crianças ao ingressarem no 1º ano já tenham adquirido habilidades fundamentais para a alfabetização, como aquelas citadas em artigos anteriores “Como iniciar a alfabetização na educação infantil“ (disponível aqui), “A importância da estimulação precoce da aprendizagem na Educação Infantil" (disponível aqui) e “Tudo sobre a consciência fonológica na pré-alfabetização” (disponível aqui), tudo isso para que no 1º ano a alfabetização seja efetivamente priorizada. | ||
Para isso, convém verificar se as habilidades preditoras de sucesso para a alfabetização (como: memória fonológica, grafia das letras, nomeação automática e rápida, consciência fonológica e conhecimento do princípio alfabético) foram de fato desenvolvidas anteriormente para que caso não tenham sido, seja possível reforçar o seu ensino logo no início do 1º ano e assim, garantir uma alfabetização sem lacunas. Dentre essas habilidades destaca-se o desenvolvimento da grande área da consciência fonológica que refere-se a capacidade da criança compreender e conseguir manipular intencionalmente os segmentos da nossa linguagem. Ou seja, compreender que as frases são compostas por palavras, que essas palavras podem ser segmentadas em sílabas. E, principalmente que as sílabas são compostas por unidades ainda menores: os sons da fala, ou seja, os fonemas. Essa última parte, a consciência fonêmica, compõe um dos 5 pilares de bons programas de alfabetização definido no ano de 2000 pelo Painel Americano de Leitura (National Reading Panel, 2000). O conhecimento explícito dos fonemas ou simplesmente falando: dos sons das letras contribui para o desenvolvimento do princípio alfabético que refere-se à capacidade da criança saber que a letra que ela vê diante dela, escrita no papel representa um valor sonoro. E que é esse som que ela precisa se lembrar para decodificar qualquer palavra que lhe for apresentada. Portanto, para garantir que o conhecimento do princípio alfabético esteja adquirido até o início do 1º ano ou, caso não, mas que ele se desenvolva para dar início à aquisição da leitura selecionei algumas atividades abaixo que garantirão uma instrução fônica sistemática, confira: | ||
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Conhecer as formas de todas as letras é essencial para que a criança consiga ler e escrever, para treinar a escrita e ajudá-la a memorizar o traçado de cada letra, que tal propor uma atividade simples, mas eficaz em que a criança precisa preencher as letras faltantes do alfabeto? Assim já ajudamos na memorização da ordem alfabética, um conhecimento que será necessário mais à frente para, por exemplo, procurar palavras no dicionário e assim aumentar o vocabulário da criança. Outro pilar importante em bons programas de alfabetização. Afinal é muito mais fácil ler e compreender palavras que conhecemos o significado. | ||
Para isso uma atividade simples e eficaz é escrever a ordem alfabética em uma folha e pedir para a criança preencher as letras faltantes. Faça isso em dias alternados, em que cada dia a criança preencherá letras diferentes. Associar uma atividade motora, como a escrita, contribui para a memorização da forma da letra e a ordem alfabética, muito mais do que apenas pedir para a criança visualizar o alfabeto fixado na parede. | ||
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Agora, mais do que conhecer a forma e o nome de cada letra vamos garantir que ela conhece a parte mais importante: o que o alfabeto representa? Cada letra que está representada tem um valor sonoro. Para se aprofundar sobre o som de cada letra recomendo a leitura do artigo “Como assim as letras têm sons?”, disponível aqui. E também no artigo “Maneiras criativas de aplicar atividades com alfabeto”, disponível aqui. | ||
Depois que a criança souber todos os sons das letras é importante automatizar esse reconhecimento e para isso você pode fazer o “bingo dos sons das letras”. Como? | ||
Prepare diversas cartelas com as letras do alfabeto misturadas e distribua para as crianças. Em uma caixinha recorte todas as letras e ao retirar cada letra emita o som, sem mostrar o cartão, e peça para as crianças localizarem a forma da letra representada pelo som que acabou de emitir na sua cartela. Para tornar a atividade mais atraente, peça para que a cada rodada uma criança seja a pessoa quem sorteará as letras e comandará o bingo. | ||
Para essa atividade ficar mais difícil e proveitosa já pensou em inserir nas cartelas do bingo diversas formas das letras, por exemplo: misturar as formas gráficas bastão (maiúscula e minúscula) além da letra cursiva. Dessa forma você estará desenvolvendo a capacidade da criança conhecer, identificar e associar os sons à todas as formas das letras. Ainda que ela não faça o traçado da letra cursiva é importante que a representação seja feita. | ||
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Para cada dia de aula, selecione uma letra diferente para aprofundar o conhecimento dos alunos. A partir da letra do dia, os alunos deverão dar exemplos de palavras iniciadas com o som correspondente. Comece com as vogais e para deixar a atividade mais desafiadora peça para as crianças exemplos de palavras terminadas com o som da letra do dia. Uma variação da atividade é também selecionar diversas figuras cujos nomes contemplam a letra do dia e fazer à contagem de quantas vezes a letra do dia tem o seu som emitido. Chame a atenção da criança para os sons emitidos nas palavras e de preferência não mostre a palavra para as crianças. Fazendo dessa forma, você estará auxiliando na percepção auditiva dos sons e desenvolvendo a consciência fonêmica. | ||
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Depois de devidamente desenvolvido o princípio alfabético, apresente as sílabas, mas não da forma tradicional, dizendo os nomes das letras. Ao invés disso forme as sílabas pelos sons das letras constituintes. Dessa forma a criança será capaz de formar qualquer estrutura silábica, desde a mais simples e comum no português: sílabas compostas por consoante e vogal, como MA, até sílabas mais complexas, como aquelas compostas por CCVCC (exemplo: TRANS). Dessa forma a criança não terá dificuldade e não dependerá exclusivamente da memória visual para guardar as sílabas, mas será capaz de efetivamente construí-las a partir do conhecimento dos sons das menores unidades da nossa fala: os sons que cada letra representa. | ||
Você curtiu esses exemplos de atividades? Então continue com a visita no meu canal, leia agora mesmo os textos indicados acima, como: “Maneiras criativas de aplicar atividades com alfabeto” e fique ainda mais por dentro do assunto! | ||
Referências | ||
Brasil. 2019. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília: MEC, SEALF. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf | ||
National Reading Panel, 2000. Disponível em: https://www.nichd.nih.gov/sites/default/files/publications/pubs/nrp/Documents/report.pdf |