Foi o maior massacre, a maior humilhação de toda a história do esporte, não apenas do futebol. Um país que é o mais vezes campeão em uma modalidade sedia o certame Mundial e entra em campo para um duelo eliminatório com a ambição de avançar, ...
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Foi o maior massacre, a maior humilhação de toda a história do esporte, não apenas do futebol. Um país que é o mais vezes campeão em uma modalidade sedia o certame Mundial e entra em campo para um duelo eliminatório com a ambição de avançar, conquistar mais uma vez o título máximo. | ||
Diante de sua torcida, essa equipe perde por um placar absurdamente elástico, vergonhoso: 7 a 1. O que a seleção da Alemanha fez com a brasileira no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, no dia 8 de julho de 2014 foi algo histórico. Um jogo que deixou muitas lições, mesmo que alguns até hoje se recusem a aprender com elas. | ||
Pois os números daquele jogo são tão incríveis quanto o placar final. Você sabia que o Brasil finalizou mais? Isso mesmo o time de Luiz Felipe Scolari somou 13 arremates e 12 foram desferidos pelos alemães. Houve equilíbrio em posse de bola, 53% dos germânicos contra 47%. O time de Felipão até mostrou maior precisão nos passes do que o de Joachim Löw, 85,5% a 84,1%. As estatísticas são da Opta Sports. | ||
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Mas em campo o que se viu foi outra coisa, algo muito diferente. Em apenas 29 minutos a Alemanha ja vencia por 5 a 0, chegou a abrir 7 a 0 no segundo tempo, até que Oscar fez o tento isolado do time da casa, no finalzinho da tortura para os canarinhos. Além de ser o maior massacre e a maior vergonha que a Copa do Mundo e o esporte já viram, aquela partida nos ensina mais. | ||
Ficou claro que as estatísticas, os números, nos ajudam muito a entender um jogo de futebol, mas sozinhos, fora do contexto, podem ser traiçoeiros, "mentirosos". Levar a conclusões totalmente equivocadas. Por que além do número de passes e finalizações, havia em campo um time bem treinado comandando as ações e outro, desconjuntado, mal preparado, que conseguia tocar a bola em alguns momentos e chutar ao gol. Mas totalmente desorganizado, nada competitivo. | ||
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Entre as imagens daquela partida, o time posado segurando a camisa de Neymar, fora do confronto por sofrer uma lesão diante da Colômbia na fase anterior do Mundial. O campo mostrou a inutilidade de ações como aquela, pueril como a esforçada superstição de Galvão Bueno. | ||
- E pra quem gosta de coincidências, quando Pelé se machucou e saiu da Copa de (19)62, entrou o Amarildo. Com que número de camisa entrou o Amarildo? Vamos ver - perguntou o narrador, antes de a bola rolar. | ||
- Não faço ideia - respondeu Ronaldo Fenômeno, então participando da transmissão. | ||
- 20! - disparou o locutor global. | ||
- 20? - perguntou, sem entender bem aquilo tudo, o camisa 9 das Copas de 1998, 2002 e 2006. | ||
- Amarildo jogou com a camisa número 20 que é a mesma que o Bernard entra hoje - acrescentou, otimista, a voz oficial dos jogos do selecionado cebeefiano. | ||
- Eu usava a camisa 20, eu acho, na Copa de (19)94. Não tô lembrando bem, mas eu também não entrei, não - disse o ex-centroavante. De fato ele tinha o mesmo número às costas naquele Mundial, aos 17 anos de idade. | ||
Confira todo o diálogo no vídeo abaixo. | ||
Após o curioso diálogo, o que se viu foi Bernard, com sua "alegria nas pernas", perdido em campo como todos os demais de amarelo. Acabou não sendo boa sua participação no lugar do craque contundido, apesar do otimismo pré-jogo da comissão técnica, que o escalou ciente de que, ex-jogador do Atlético, conhecia bem o local da peleja. | ||
As estatísticas não são tolices como esse tipo de argumentação. Mas precisam ser bem compreendidas. É necessário ver o jogo e lê-las corretamente. Soltas, fora do contexto, podem iludir. Como os brasileiros que acreditavam na possibilidade de o Brasil superar a Alemanha jogando um péssimo futebol durante toda aquela Copa do Mundo. |