Terminamos o texto anterior falando dos anos 60, e agora iremos falar das 3 décadas seguintes (70, 80 e 90) onde houve uma mudança no ritmo no Brasil.
Terminamos o texto anterior falando dos anos 60, e agora iremos falar das 3 décadas seguintes (70, 80 e 90) onde houve uma mudança no ritmo no Brasil. | ||
A década de 70 foi os últimos suspiros de uma época áurea, onde atravessou caminhos tortuosos. Foi o começo da modernização do estilo musical, onde a música caipira culminou com o nascimento do chamado “jovem sertanejo”, com inclusão de novos instrumentos elétricos e composições que não falava muito sobre a vida caipira. | ||
Nessa década houve muitos acontecimentos marcantes, como o surgimento do programa “Linha Sertaneja Classe A” em 1973 e do famoso programa “Zé Bettio” pela Rádio Record de São Paulo, que foram líderes de audiência por muitos anos. | ||
Mesmo com toda essa modernização “musical”, surgiram boas duplas defendendo a tradição caipira do sertanejo como: Taviano e Tavares, Zé do Cedro e João do Pinho, Ronaldo Viola e João Carvalho, João Mulato e Douradinho, Irmãs Freitas, André e Andrade, Cacique e Pajé, Lorito e Loreto, entre outros. | ||
Mas não foi só essas duplas que apareceram para o público, na “categoria moderna” surgiram Milionário e José Rico, Trio Parada Dura, João Mineiro e Marciano, Duduca e Dalvan, Juliano e Jardel, Joaquim e Manuel, entre outros. | ||
Nessa mesma época surgiu Cézar e Paulinho que iniciaram cantando músicas raízes e foi aos poucos aderindo ao movimento modernista. Em 1974 Renato Teixeira grava o clássico “Romaria”, que até hoje é regravado por diversos cantores e serviu para ganhar mais espaço e quebrar preconceitos que ainda existiam (e existe ainda nos dias de hoje) em relação ao caipira. | ||
Foi nessa década de 70 que começamos a perder nossos grandes valores no sertanejo como; Raul Torres, Zé Carreiro, Alvarenga, Marrueiro, Capitão Furtado, Serrinha, entre outros. Em 1978 Tonico e Tinoco a dupla mais tradicional e mais completa da história da música sertaneja lançam o disco a sua autobiografia “36 Anos de Vida e Glória”, outro grande acontecimento foi a apresentação deles no Teatro Municipal de São Paulo em 1979 um avanço enorme para o segmento sertanejo na época, uma dupla caipira fazendo um show dentro do Teatro Municipal. O fracasso que o pessoal do teatro esperava não aconteceu, e sim foi um sucesso enorme para surpresa de todos. | ||
Chegamos à década de 80, onde grandes fatos marcantes aconteceram na história da música sertaneja. Em março de 1980 estreava na TV Cultura de São Paulo o "Programa Viola Minha Viola", incialmente apresentado por Nonô Basílio e Moraes Sarmento, depois por Moraes Sarmento e Inezita Barroso, e posteriormente ficou com a grande Inezita Barroso o comando do programa até seu falecimento ocorrido em 08 de março de 2015 (ficando 35 anos no ar e de grande sucesso), sendo uma das maiores conquistas do sertanejo. | ||
Muitas emissoras de TV vendo o sucesso que a música sertaneja vinha fazendo aderiram ao movimento e começaram a abrir espaço em suas programações, a Rede Globo de Televisão abre espaço para a música sertaneja raiz, que até então nunca cedeu espaço para o ritmo. Sérgio Reis passa a atual na novela “Paraíso” em 1982 e aos domingos o famoso “Som Brasil” nasce com a apresentação de Rolando Boldrin trazendo os nomes da música sertaneja raiz a participar do programa, que posteriormente foi apresentado por Lima Duarte. | ||
O SBT rompe o preconceito e abre uma programação sertaneja aos domingos e segundas-feiras. Tonico e Tinoco apresentam o programa “Festa na Roça” aos domingos, e outros programas passam a fazer parte da grade de programação da emissora paulista. | ||
Nessa década surge o cantor, violeiro e compositor Almir Sater, que em 1981 gravou seu primeiro disco solo Estradeiro pela Continental, que em mais de 30 anos de carreira tem mais de 10 discos gravados. | ||
Mesmo com toda essa evolução começou a ocorrer uma revolução no sertanejo, novas duplas surgiram gravando músicas comerciais. Visando mais o lucro que a própria cultura sertaneja e acabando com a qualidade musical. Os famosos “Jabás” surgem e para tocar a música nos rádios somente se pagar e um alto valor as rádios. Com isso surge também os cachês milionários, e em todas as festas populares pelo país contas com essas duplas fechando assim a “porta” de vez para o ritmo caipira. Os circos que antes eram uma grande plataforma para essas duplas começam a perder espaço aos poucos chegando próximo da extinção. | ||
Chegamos na década de 90, que infelizmente foi marcado por muitas perdas na música sertaneja. Nomes que contribuíram muito para a verdadeira cultura caipira passam para o andar de cima como; Vieirinha, Tião Carreiro, Tonico, Cascatinha, Moacyr dos Santos, Lourival dos Santos, Pajé, Silveira, Nhá Gabriela, Peão Carreiro, Nonô Basílio, João Pacífico, Ranchinho, Ranchinho II, Sorocabinha, Moreno, Barrerito, Brioso, Xavantinho, João do Pinho e Zé Côco do Riachão. | ||
Lembram do jabá, então nessa década começa a máfia da mídia (rádio e TV) esmagando a cultura e tirando espaço dos artistas, e assim começa a se perder os valores e qualidade. Até então os circos que eram fundamentais para a divulgação dos artistas começa a definhar e entrar em extinção, mas por outro lado começa o boom das festas de peão e feiras agropecuárias. | ||
As músicas “comerciais” tomam conta da década de 90 e a música sertaneja começa a perder qualidade, e diversos ritmos que não lembram em nada a raiz sertaneja começam a ser gravadas. É o início do “sertanojo” que invade o mercado, onde as verdadeiras raízes começam a perder a sua essência. A tecnologia ajudou muito nessa época, mas perdeu muito em qualidade. | ||
No próximo texto entramos nos anos 2000 e o inicio do sertanejo universitário e afins. |