Você já se perguntou quantas vezes a falta de dinheiro para os projetos que você e seu parceiro realizaram, como viagens, jantares, reforma da casa etc., viraram uma frustração na sua relação?
Você já se perguntou quantas vezes a falta de dinheiro para os projetos que você e seu parceiro realizaram, como viagens, jantares, reforma da casa etc., virou uma frustração na sua relação? | ||
Muitas vezes, a não realização de um sonho pelo casal, em razão da falta de recursos financeiros, está apenas disfarçada de falta de romantismo, de falta cuidados e de admiração. Você já reparou? | ||
Por isso, vou compartilhar um segredo que vale ouro: é inteligente enriquecer junto com o seu parceiro. | ||
Uma das mais frequentes causas de divórcios no mundo está relacionada à questão financeira do casal. Minha avó costumava usar um ditado que dizia assim: “Quando a conta entra pela porta, o amor sai pela janela”. Eu costumava rir do que a minha avó dizia, mas só após a vida adulta entendi que ela estava certa. | ||
Durante a minha primeira união estável, vivi um grande desnível financeiro real entre mim e o meu ex-companheiro. Eu não estava empregada, tinha acabado de me formar em Direito e estudava para ser aprovada em concurso público. Meu ex-companheiro, apesar de ainda estar se estabelecendo no mercado de trabalho, vinha de uma família que gozava de uma vida muito mais confortável e abundante do que a minha. | ||
Esse desnível financeiro que existia entre nós me fazia me sentir incapaz, não merecedora de prosperidade e ineficiente. Eu havia estudado em uma das melhores Universidades Públicas de Direito do Brasil, e mesmo assim, por questões emocionais e sistêmicas, demorei muito tempo para ser aprovada em um concurso público. | ||
O resultado foi que nutri tanto rancor e ressentimento pelo fato de o meu ex-companheiro ostentar uma situação financeira mais confortável do que a minha que, quando finalmente atingi a independência financeira que eu almejava, despejei esse ódio e rancor sobre ele, de modo que pouco tempo depois, nosso relacionamento acabou. | ||
À época, não sabia que existiam questões vindas do meu sistema familiar e da minha infância que influenciavam, não apenas o meu insucesso nos relacionamentos afetivos, mas também no insucesso profissional e, por isso, não pude entender o que se passou, nem tomar qualquer medida para remediar a nossa crise naquela relação. | ||
Hoje, como terapeuta sistêmica, utilizo a abordagem proposta por Bert Hellinger, o criador da técnica das Constelações Familiares e, justamente, de acordo com as leis sistêmicas descobertas pelo autor, entendi a importância de estar financeiramente alinhada com o parceiro para o sucesso da relação amorosa. | ||
Com base nessa visão, vou apresentar três motivos pelos quais enriquecer com o parceiro é, de fato, uma decisão inteligente. | ||
O primeiro motivo para enriquecer com o seu parceiro é que isso fortalece o vínculo entre vocês. | ||
Segundo Bert Hellinger: “O vínculo não se estreita completamente quando os parceiros se desejam por motivos diferentes: por passatempo ou adorno, como provedores, por ser um deles rico ou pobre, católico ou protestante, judeu ou muçulmano, hindu ou budista; porque um quer conquistar, proteger melhorar ou salvar o outro (...). Parceiros que se juntam com esses objetivos em vista não consolidam uma união capaz de resistir a graves crises”. | ||
Assim, se você busca no seu parceiro um provedor ou um salvador para a sua vida, como uma criança necessitada que busca por um pai ou uma mãe junto ao parceiro, você acaba por enfraquecer a relação amorosa que não se presta a esse papel. | ||
Em uma relação afetiva, conforme a lei do equilíbrio, os parceiros são tidos como iguais. Se você vai em direção ao seu parceiro como uma filha necessitada vai ao pai, é porque, na verdade, você ainda reivindica dos pais que tivessem feito algo a mais por você (talvez que a ajudassem mais materialmente ou emocionalmente, que tivessem ofertado melhores condições para sua vida). | ||
Acontece que, quando nos colocamos em uma postura de reivindicar do parceiro aquilo que queríamos que os nossos pais tivessem feito por nós, é como se passássemos uma fatura de cartão crédito, sem que o parceiro tenha feito esta dívida. | ||
Essa postura sobrecarrega o parceiro, afinal, ele não é o seu pai e, como consequência, enfraquece o vínculo entre o casal. Sei que parece duro, mas, como adultas, precisamos entender que o marido não é a fonte de cura para as nossas carências infantis e que devemos buscar, por nós mesmas, compensar as eventuais faltas da infância. | ||
Agora proponho uma reflexão: como você acha que ficaria o desejo do seu parceiro por uma parceira que se comporta como uma criança e que não consegue prover as próprias necessidades? Você acha que a relação tende a caminhar para o sucesso ou para o fim? | ||
O segundo motivo pelo qual você deve enriquecer junto com o seu parceiro é a necessidade de manter o equilíbrio da relação. | ||
Para Bert Hellinger: “O amor floresce entre os parceiros quando ambos se equilibram mutuamente como dois pratos de balança em que se colocam alternadamente objetos diferentes com pesos iguais.” | ||
O equilíbrio em uma relação pode ser entendido pela alternância entre o dar e o tomar. Nas relações saudáveis, damos somente o que temos e recebemos apenas o que necessitamos. | ||
Se você der sempre um pouquinho mais, de forma que o parceiro possa retribuir também com um pouquinho mais, a relação cresce e se desenvolve. Porém, se você dá o que não tem ou toma dele o que não precisa, a relação fica desequilibrada. | ||
Quando nos comportamos como crianças necessitadas que precisam que os parceiros paguem as nossas contas e decidam a nossa vida por nós, exigimos demais deles. Desequilibramos a relação que tende a se enfraquecer, porque demonstramos um amor exigente. Isso é pesado e gera ressentimento de modo que essa postura não é aconselhável. | ||
O terceiro e último motivo pelo qual você deve enriquecer com o parceiro é que a ideia de que os homens têm medo ou não se atraem por mulheres bem-sucedidas é apenas uma crença limitante, provavelmente vinda do seu sistema familiar, que apenas te manterá em situação de dependência financeira. | ||
E, se você tem dúvidas de que se trata apenas de uma crença, aconselho a perguntar ao parceiro se essa crença é real ou não. E se, por acaso, ele disser que se sentiria menos atraído ou ligado a você, caso você optasse por se realizar financeiramente, talvez seja o momento de repensar se essa relação ainda pode ser frutífera. | ||
Homens saudáveis e maduros acham mulheres bem-sucedidas atraentes, sentem admiração pelo fato de elas se sentirem capazes, autorresponsáveis e porque elas têm poder de tomar as decisões importantes para proverem a própria vida. | ||
Por isso, ao contrário do que muitas mulheres pensam, desenvolver-se profissionalmente te tornará uma pessoa mais confiante, madura, cheia de habilidades e, o melhor, mais atraente para o seu parceiro. E, se você ainda não tem um parceiro, saiba que se comportando como uma adulta, atrairá homens adultos e saudáveis que estarão dispostos a contribuírem para as finanças do casal. | ||
Somos sistêmicos, se a sua vida profissional vai mal, seu relacionamento de casal corre perigo. Deixe de contaminar as suas relações, sendo sistêmica e, se precisar de ajuda para isso, venha para a terapia sistêmica, através dela você poderá fortalecer a sua musculatura adulta, a fim de atingir a abundância na vida pessoal e profissional. | ||
Gabriela Filippini | ||
Referência: | ||
BEAUMONT, H., HELLINGER, B. & WEBER, G. A simetria oculta do amor: por que o amor faz os relacionamentos darem certo. 12ª. ed. São Paulo: Cultrix. 2008. |