Seja inteligente: enriqueça com o seu parceiro
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Seja inteligente: enriqueça com o seu parceiro

Você já se perguntou quantas vezes a falta de dinheiro para os projetos que você e seu parceiro realizaram, como viagens, jantares, reforma da casa etc., viraram uma frustração na sua relação?

Gabriela Filippini
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Você já se perguntou quantas vezes a falta de dinheiro para os projetos que você e seu parceiro realizaram, como viagens, jantares, reforma da casa etc., virou uma frustração na sua relação?

Muitas vezes, a não realização de um sonho pelo casal, em razão da falta de recursos financeiros, está apenas disfarçada de falta de romantismo, de falta cuidados e de admiração. Você já reparou?

Por isso, vou compartilhar um segredo que vale ouro: é inteligente enriquecer junto com o seu parceiro.

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Uma das mais frequentes causas de divórcios no mundo está relacionada à questão financeira do casal. Minha avó costumava usar um ditado que dizia assim: “Quando a conta entra pela porta, o amor sai pela janela”. Eu costumava rir do que a minha avó dizia, mas só após a vida adulta entendi que ela estava certa.

Durante a minha primeira união estável, vivi um grande desnível financeiro real entre mim e o meu ex-companheiro. Eu não estava empregada, tinha acabado de me formar em Direito e estudava para ser aprovada em concurso público. Meu ex-companheiro, apesar de ainda estar se estabelecendo no mercado de trabalho, vinha de uma família que gozava de uma vida muito mais confortável e abundante do que a minha.

Esse desnível financeiro que existia entre nós me fazia me sentir incapaz, não merecedora de prosperidade e ineficiente. Eu havia estudado em uma das melhores Universidades Públicas de Direito do Brasil, e mesmo assim, por questões emocionais e sistêmicas, demorei muito tempo para ser aprovada em um concurso público.

O resultado foi que nutri tanto rancor e ressentimento pelo fato de o meu ex-companheiro ostentar uma situação financeira mais confortável do que a minha que, quando finalmente atingi a independência financeira que eu almejava, despejei esse ódio e rancor sobre ele, de modo que pouco tempo depois, nosso relacionamento acabou.

À época, não sabia que existiam questões vindas do meu sistema familiar e da minha infância que influenciavam, não apenas o meu insucesso nos relacionamentos afetivos, mas também no insucesso profissional e, por isso, não pude entender o que se passou, nem tomar qualquer medida para remediar a nossa crise naquela relação.

Hoje, como terapeuta sistêmica, utilizo a abordagem proposta por Bert Hellinger, o criador da técnica das Constelações Familiares e, justamente, de acordo com as leis sistêmicas descobertas pelo autor, entendi a importância de estar financeiramente alinhada com o parceiro para o sucesso da relação amorosa.

Com base nessa visão, vou apresentar três motivos pelos quais enriquecer com o parceiro é, de fato, uma decisão inteligente.

O primeiro motivo para enriquecer com o seu parceiro é que isso fortalece o vínculo entre vocês.

Segundo Bert Hellinger: “O vínculo não se estreita completamente quando os parceiros se desejam por motivos diferentes: por passatempo ou adorno, como provedores, por ser um deles rico ou pobre, católico ou protestante, judeu ou muçulmano, hindu ou budista; porque um quer conquistar, proteger melhorar ou salvar o outro (...). Parceiros que se juntam com esses objetivos em vista não consolidam uma união capaz de resistir a graves crises”.

Assim, se você busca no seu parceiro um provedor ou um salvador para a sua vida, como  uma criança necessitada que busca por um pai ou uma mãe junto ao parceiro, você acaba por enfraquecer a relação amorosa que não se presta a esse papel.

Em uma relação afetiva, conforme a lei do equilíbrio, os parceiros são tidos como iguais. Se você vai em direção ao seu parceiro como uma filha necessitada vai ao pai, é porque, na verdade, você ainda reivindica dos pais que tivessem feito algo a mais por você (talvez que a ajudassem mais materialmente ou emocionalmente, que tivessem ofertado melhores condições para sua vida).

Acontece que, quando nos colocamos em uma postura de reivindicar do parceiro aquilo que queríamos que os nossos pais tivessem feito por nós, é como se passássemos uma fatura de cartão crédito, sem que o parceiro tenha feito esta dívida.

Essa postura sobrecarrega o parceiro, afinal, ele não é o seu pai e, como consequência, enfraquece o vínculo entre o casal. Sei que parece duro, mas, como adultas, precisamos entender que o marido não é a fonte de cura para as nossas carências infantis e que devemos buscar, por nós mesmas, compensar as eventuais faltas da infância.

Agora proponho uma reflexão: como você acha que ficaria o desejo do seu parceiro por uma parceira que se comporta como uma criança e que não consegue prover as próprias necessidades? Você acha que a relação tende a caminhar para o sucesso ou para o fim?

O segundo motivo pelo qual você deve enriquecer junto com o seu parceiro é a necessidade de manter o equilíbrio da relação.

Para Bert Hellinger: “O amor floresce entre os parceiros quando ambos se equilibram mutuamente como dois pratos de balança em que se colocam alternadamente objetos diferentes com pesos iguais.”

O equilíbrio em uma relação pode ser entendido pela alternância entre o dar e o tomar. Nas relações saudáveis, damos somente o que temos e recebemos apenas o que necessitamos.

Se você der sempre um pouquinho mais, de forma que o parceiro possa retribuir também com um pouquinho mais, a relação cresce e se desenvolve. Porém, se você dá o que não tem ou toma dele o que não precisa, a relação fica desequilibrada.

Quando nos comportamos como crianças necessitadas que precisam que os parceiros paguem as nossas contas e decidam a nossa vida por nós, exigimos demais deles. Desequilibramos a relação que tende a se enfraquecer, porque demonstramos um amor exigente. Isso é pesado e gera ressentimento de modo que essa postura não é aconselhável.

O terceiro e último motivo pelo qual você deve enriquecer com o parceiro é que a ideia de que os homens têm medo ou não se atraem por mulheres bem-sucedidas é apenas uma crença limitante, provavelmente vinda do seu sistema familiar, que apenas te manterá em situação de dependência financeira.

E, se você tem dúvidas de que se trata apenas de uma crença, aconselho a perguntar ao parceiro se essa crença é real ou não. E se, por acaso, ele disser que se sentiria menos atraído ou ligado a você, caso você optasse por se realizar financeiramente, talvez seja o momento de repensar se essa relação ainda pode ser frutífera.

Homens saudáveis e maduros acham mulheres bem-sucedidas atraentes, sentem admiração pelo fato de elas se sentirem capazes, autorresponsáveis e porque elas têm poder de tomar as decisões importantes para proverem a própria vida.

Por isso, ao contrário do que muitas mulheres pensam, desenvolver-se profissionalmente te tornará uma pessoa mais confiante, madura, cheia de habilidades e, o melhor, mais atraente para o seu parceiro. E, se você ainda não tem um parceiro, saiba que se comportando como uma adulta, atrairá homens adultos e saudáveis que estarão dispostos a contribuírem para as finanças do casal.

Somos sistêmicos, se a sua vida profissional vai mal, seu relacionamento de casal corre perigo. Deixe de contaminar as suas relações, sendo sistêmica e, se precisar de ajuda para isso, venha para a terapia sistêmica, através dela você poderá fortalecer a sua musculatura adulta, a fim de atingir a abundância na vida pessoal e profissional.

Gabriela Filippini

Referência:

BEAUMONT, H., HELLINGER, B. & WEBER, G. A simetria oculta do amor: por que o amor faz os relacionamentos darem certo. 12ª. ed. São Paulo: Cultrix. 2008.