Ficamos andando em círculos enquanto o sistema caminha em linha reta rumo ao seu objetivo.
A origem da frase título teria sido dita pelo dramaturgo irlandês Bernard Shaw, em um crítica aos romances policiais ingleses nos quais os crimes quase sempre eram cometidos pelos criados. Ele teria dito também que os ingleses eram tão preguiçosos que até para cometer crimes mandavam seus criados em seus lugares. A frase, porém, virou sinônimo de escapismo, ou pretensa falta de suspeita ou culpabilidade, sempre que alguém de menor importância na cena é quem fica com a fama do crime cometido, ou sobre seus ombros o crime tenta ser imputado. Uma demonização que tem quase o mesmo objetivo é o bode expiatório, cuja origem se dá na Bíblia, mas especificamente em Levíticos, quando Aarão põe suas mãos na cabeça de um bode e transmite para ele todos os pecados de Israel. E porque não partir logo para uma expressão moderna e bem brasileira que diz "tirar o seu da reta" pondo a culpa em alguém. | ||
O dano feito à campanha de Jair Bolsonaro é irreparável, mesmo que a culpa seja realmente do mordomo. Não há tempo hábil para que as veiculações de programas em rádio sejam repostas de maneira que surtam o mesmo efeito que poderia ter surtido se tivessem sido exibidas ao longo do período eleitoral. Estamos em um momento em que a maioria dos eleitores já tomou sua decisão, e o mero reconhecimento do erro e a demissão do "mordomo", creio eu, não são capazes de alterar o resultado. Penso que nem mesmo se o TSE desse para Bolsonaro todos os espaços de rádio possíveis daqui até a eleição. Por mais que o TSE insista, não há jeito de "desouvir" o que foi fartamente dito durante 45 dias no primeiro turno e ao menos 24 dias no segundo turno. Muito menos de absorver em menos de 5 dias o que não pode ouvir antes, a menos que o próprio TSE fizesse junto à cada propaganda do presidente o reconhecimento de que houve uma fraude para que os eleitores não tivessem ouvido antes tais propagandas, o que eu duvido que aconteceria. | ||
Foram tantas arbitrariedades e claro favoritismo ao candidato petista que fica muito difícil acreditar que o "mordomo" seja o culpado, que seja um único "mordomo", e que os "patrões" não tivesse conhecimento do que se passava na "cozinha". Basta ver a quantidade de decisões favoráveis a Lula em contraste com as decisões favoráveis a Bolsonaro, quem sempre votou a favor de um e de outro, e como foi o voto de minerva do presidente do TSE todas as vezes que ele precisou dar o voto de desempate em alguma questão envolvendo a campanha de Bolsonaro. Alexandre de Moraes sempre teve lado nessa história, e Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Benedito Gonçalves sempre estiveram ao lado dele. Não fosse o sistema de rodízio, que é a forma como estas pessoas chegam aos cargos que estão no TSE, daria para dizer que a corte eleitoral foi deliberadamente aparelhada para este momento. Mas, também não dá para dizer que o judiciário não tenha sido aparelhado anteriormente para que eles estivessem lá fosse qual fosse o momento. | ||
Os episódios das eleições de 2022 comprovam uma coisa que há muito tempo já é comentada: a existência de uma justiça eleitoral é uma vergonha, um atraso constitucional existente ainda em poucos países. Caríssima, incompetente, com poderes e prerrogativas demais e altamente questionável quanto à confiabilidade dos que a comandam, tendo isso se agravado muito desde as eleições de 2014, quando se jogou luz sobre seu funcionamento e sua possível capacidade de interferir nos resultados. As urnas eletrônicas de alguma maneira sempre deixaram no ar sua potencial fragilidade. Mas o Tribunal propriamente dito só entrou na berlinda na disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, e de lá para cá não saiu mais. E como costumo dizer, a desconfiança não recaí exatamente nas urnas ou na instituição, mas nas pessoas que a comandam, cujo protagonismo não nasce quando estão no TSE, mas desde o STF, onde se pratica um ativismo judicial jamais visto na história do judiciário brasileiro, raríssimas vezes visto em outros lugares do planeta e, quando visto, em países como Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, exemplos próximos a nós e recentes, e outros países socialistas ou ditaduras. | ||
O questionamento da justiça eleitoral é apenas efeito colateral do questionamento que se faz à justiça brasileira nos últimos 6 anos, pelo menos, mas de maneira mais contundente desde que Jair Bolsonaro tomou posse. O que se chama de ativismo judicial é na verdade um revanchismo que cooptou e usa o judiciário contra um presidente da república e a favor do sistema corrupto que, de forma alguma, quer perder o protagonismo no comando do país. Para isso, todos os recursos legais e ilegais, constitucionais e inconstitucionais têm sido usados desavergonhadamente, com o não menos desvergonhado apoio da maior parte da imprensa que joga a função jornalística no lixo ao emprestar sua consciência para prestar vassalagem ao sistema servindo de ferramenta de manipulação social a favor de um monte de bandidos. E quem se presta a fazer jornalismo de verdade, como a Jovem Pan, é atacada pela censura e pelos outros veículos de comunicação dispostos a vender suas pautas e editoriais acreditando que sairão ilesos da sanha do monstro que ajudam a criar caso ele ganhe as eleições. Ou pior, estão contentes com isso. | ||
Não. A culpa não pode recair sobre os ombros do "mordomo", não dessa vez. Os danos à campanha de Bolsonaro são irreparáveis sem uma medida justa e eficaz, que seria a cassação da chapa de Lula e a organização de um novo segundo turno envolvendo Jair Bolsonaro e o terceiro colocado nas eleições, que seria Simone Tebet. E o motivo para a cassação estaria claro na interferência do PT diretamente nas rádios através de e-mails que usaram a decisão da juíza que teria cassado mais de 150 inserções de Bolsonaro em favor de direito de resposta da campanha de Lula como subterfúgio para incitar o engano das emissoras, além das emissoras que deixaram a propaganda de Bolsonaro de fora por iniciativa própria por motivo partidário ou interferência de caciques políticos regionais, muitos dos quais são inclusive os proprietários de muitas delas. O crime perpetrado é dos mais graves da história das eleições no Brasil, e tão, ou mais, preocupante do que a possibilidade de fraude na contagem de votos. Dessa vez fraudaram a mente das pessoas mais simples através de um sistema de lavagem cerebral radiofônica, "martelada" 24 horas por dia, sabe-se lá por quanto tempo. | ||
Na minha concepção, se a eleição for realizada no próximo domingo, o estratagema armado até aqui tem tudo para conseguir eleger o candidato do PT, tendo influenciado de modo sem precedentes na parte mais pobre e suscetível do nordeste brasileiro, onde as pessoas se informam necessariamente por rádio. Junte-se a isso as pesquisas eleitorais que induzem o voto, a emissora de TV com maior alcance nessa camada da sociedade, a supressão e/ou adulteração da verdade e, há quase 4 anos, uma campanha incessante para transformar Bolsonaro em um monstro autoritário e o maior ladrão da história do mundo em um santo injustiçado que só se preocupa com os pobres. Portanto, penso que a eleição de domingo precisa ser adiada até que se encontre uma fórmula capaz de colocar Bolsonaro em condição de igualdade com Lula, ou que se casse a chapa petista por crime eleitoral e se promova um novo segundo turno entre Bolsonaro e Simone Tebet. Não há tempo para o TSE fazer investigações ou reparar os danos provocados a Bolsonaro. Faltam 4 dias para a eleição. | ||
O fato é que o TSE e a campanha lulista apostaram que essa artimanha não seria descoberta, muito menos a tempo de ser denunciada. E se a revelação fosse feita após a realização da eleição com a vitória de Lula, Bolsonaro não teria força e nem encontraria respaldo no judiciário para reverter o resultado. Contudo, por azar e excesso de prepotência, a campanha de Bolsonaro levantou o assunto agora e expôs a trama, colocando o TSE e Alexandre de Moraes em uma situação da qual terão muita dificuldade de sair limpos, agravando ainda mais todas as suspeitas e evidências de preferência e favorecimento ao candidato do PT. Como sairão dessa, não faço a menor ideia, nem mesmo se sairão. O que tenho certeza é que as eleições de 2022 ficarão marcadas na nossa história como as eleições mais sujas até então realizadas, comandadas pela pior espécie de representantes que o judiciário brasileiro já teve em suas cortes superiores, acobertadas pela pior composição e presidência do Senado Federal. E que isso sirva de lição para que mudanças sejam urgentemente implementadas e a democracia brasileira seja salva da mão dessa quadrilha que insiste em dominar o Brasil usando de todos os meios lícitos e ilícitos para essa finalidade. | ||
Como último comentário, mas não menos importante, está a razão maior pela qual toda essa sacanagem foi possível: o povo brasileiro engole tudo sem esboçar resistência real. Um caso como este é forte o suficiente para que as pessoas se revoltem e ocupem as ruas, para que empresários fechem suas empresas, liderem, liberem e incentivem seus funcionários a irem protestar contra um dos mais escandalosos complôs contra a democracia, e que, se der certo, vai ferrar a vida de todos igualmente. E se esses vagabundos ousam atacar nossos direitos e nossa cidadania de tal forma é porque sabem que somos omissos e incapazes de reagir às atrocidades que praticam além de nos pendurarmos nas redes sociais postando e repostando xingamentos e notícias que todos estão cansados de proferir e ver. Ficamos andando em círculos enquanto o sistema caminha em linha reta rumo ao seu objetivo, e é graças a nossa inércia e incompetência enquanto eleitores e cidadãos que eles estão certos, e talvez muito perto, de alcançar. Temos que parar de nos conformar com a prisão do "mordomo" e começar a culpar e prender os patrões. Lembre-se, o último "mordomo" atende pelo nome de Adélio Bispo, e nós nos conformamos com isso. | ||
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