Ninguém impede as estações. A primavera brasileira chegou.
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Ninguém impede as estações. A primavera brasileira chegou.

Estamos vivendo um momento único, que nenhum ministro, por mais poderosa que seja sua caneta, pode impedir.

HS Naddeo
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Há quem pense que a justiça pode tudo. Nos últimos 4 anos não faltaram arbitrariedades que nos desse tal impressão. Mas eles não podem mudar as estações. E quando ela chega, galhos vazios se enchem de folhas, a força da natureza gera vida nova, o que parecia morto ressurge, e tudo floresce. Não há quem possa retroceder as estações. Nem a justiça. O tempo ainda não é quente, mas é o momento em que ele começa a esquentar. Os raios solares batem diretamente sobre nós, gerando nova energia, novo entusiasmo. A paisagem se modifica, flores desabrocham, e um novo colorido toma conta do cenário, trazendo renovo e esperança. Os animais mudam seus comportamentos, saem da hibernação em busca de saciar sua fome por liberdade. O tempo de dormir acabou.

Não à toa foram diversas as primaveras pelo mundo. A primavera dos povos inundou a Europa em 1848, a primavera de Praga em 1968, a primavera árabe que se alastrou por diversos países, todas pedindo liberdade e libertação. A nossa chegaria um dia, como chegarão outras em outros países, pois a primavera chega para todos que não se conformam com a tirania, com o autoritarismo, com a corrupção, com as ilegalidades, com a censura, com a privação de direitos, com quem não aceita ser escravizado e roubado na expressão e na defesa de seus direitos. São as primaveras que nos libertam do frio e da escuridão do inverno, que nos livram da clausura imposta pelos rigores dessa estação. Quando a primavera chega nos livramos do excesso de proteção, encaramos o ar livre em busca de liberdade, do desfrute do nosso direito de ver o céu limpo, de andar contra o vento sem sentir frio ou medo, de ver a beleza da vida e da liberdade florescendo diante dos nossos olhos.

Estamos vivendo um momento único, que nenhum ministro, por mais poderosa que seja sua caneta, pode impedir. O povo brasileiro foi despertado de um pesadelo, saiu da hibernação e está com fome de justiça. A internet se transformou na abelha que leva o pólen que se espalhou por todos os jardins, que gera a continuidade da evolução. Quando a primavera chega, não há como impedir, e não podemos mais esperar pela próxima primavera. O momento é agora. Engolimos sapos durante 20 anos, fomos enganados por 37 anos, fraudados em diversos sentidos, inclusive no eleitoral por 22 anos desde que o sistema eletrônico foi implantado no país. A eleição de 2014 já tinha dado um gigantesco alerta, que acabou sendo abafado pela Lava Jato, que nos trouxe a esperança de que não apenas eleições, mas todo tipo de falcatrua seria punido e dali para frente teríamos um novo país. Mas, não tivemos. E sendo o povo acomodado que somos, vimos a Lava Jato ser destruída sem termos tido a competência de reagir à sua destruição.

Vimos a prisão após condenação em segunda instância ser revogada dando liberdade a milhares de presos perigosos, pertencentes à facções criminosas, serem soltos por uma decisão proferida para beneficiar especificamente Lula. Vimos Fachin, numa canetada, anular as condenações de Lula e torná-lo apto a disputar as eleições. E em nenhum momento reagimos na proporção de tais ilegalidades. E nem vou listar todas, pois foram muitas, absurdas, que tiveram a omissão de juristas e da maioria do judiciário, a cumplicidade da imprensa, o silêncio da sociedade civil organizada representada por instituições que preferiram seguir o vento para garantir proveito próprio. Vimos as igrejas caladas perante as injustiças, e, em particular, a igreja católica, que através de seus cardeais, bispos e padres, doutrinavam suas ovelhas para que não berrassem. Assistimos à instituições como Ministério Público e OAB fingirem que tudo estava dentro da normalidade. Fomos vítimas de censura, prisões ilegais, ações diretas do STF sobre cidadãos sem foro privilegiado, ataques à liberdade de expressão, de ir e vir, e até mesmo de pensamento, com a anuência sórdida das redes sociais. Mas tudo tem um limite. Até os poderosos têm limites, e a maioria deles cai quando ultrapassa seus próprios limites.

As eleições de 2022 já se pronunciavam irregulares há muito tempo. O maior indício foi a intervenção pessoal de ministros do STF na aprovação do voto auditável. Além disso, declarações como a de Jorge Paulo Lemman em Harvard quando disse que em 2023 teríamos um novo presidente, seguida da declaração de Barroso, em resposta à fala da deputada Tabata do Amaral, se referindo a Bolsonaro como "o inimigo" numa conferência que se chamava "Como derrubar um presidente". Ministros do STF deram palestras no Brasil e no exterior criando álibis para os crimes que cometeriam durante as eleições, como quando Fachin falou em Washington que previa uma manifestação como a que aconteceu em Washington na invasão do Capitólio caso Bolsonaro perdesse. Ele não disse isso por temor, mas porque sabia que a vitória seria dada a Lula de qualquer jeito e que o povo brasileiro não aceitaria o resultado, pois a maioria do Brasil claramente era a favor de Bolsonaro.

Vieram as eleições, e mesmo com todos os indicativos de resistência, eles continuaram com o plano. As empresas de pesquisa falsearam resultados que a imprensa fez seu papel de alardear. As manifestações a favor do presidente foram omitidas e os ataques a ele intensificados. O STF e o TSE foram a banca advocatícia que impediu Bolsonaro de mostrar suas realizações e as verdades sobre seu oponente. Foi impedido de usar em sua campanha as imagens impressionantes do 7 de setembro por todo o Brasil, as imagens da acolhida que teve em Londres quando do enterro da Rainha Elizabeth, seu discurso na ONU como chefe de estado, foi proibido de fazer lives no Palácio da Alvorada, que é sua residência oficial. Paralelo a isso, o TSE encarou um embate com as forças armadas - convidadas por eles mesmos para participar do processo eleitoral - não acolhendo diversas recomendações dos militares para aumentar a eficiência da segurança do sistema eletrônico de votações. Tava tudo armado desde muito tempo.

Alexandre de Moraes, investido da toga, mas principalmente do poder e da segurança que tem extra-toga, entendam isso como quiserem, entendeu que estava acima da lei, do povo, dos demais poderes, e, na presidência do TSE, encarnou um misto de Stalin com Hitler, e assumiu para si o comando do Brasil, a despeito da existência dos poderes legislativo e judiciário, e com a cumplicidade cínica e a omissão conveniente de seus pares, incluindo aí Kássio Nunes Marques e André Mendonça, que, em tese, seria vozes a se opor a tamanhas inconstitucionalidades e ilegalidades. E usando métodos que nos fizeram lembrar da Gestapo à KGB, puniu jornalistas, cidadãos comuns, censurou veículos de imprensa, expandiu os poderes do TSE à áreas que nenhum ponto da Constituição Federal lhe dá autoridade, e fez tudo o que pode para causar medo e intimidação em todos os segmentos da sociedade brasileira. E, certo de que estava acima de Deus, levou o plano até o fim, fazendo do TSE uma extensão do comitê eleitoral de Lula, elegeu o petista e foi dormir no dia 30 de outubro de 2022 o sono dos déspotas.

Entretanto, após toda noite de sono, existe um dia seguinte, e nesse dia, ao acordar, Alexandre de Moraes descobriu que enquanto ele dormia a sociedade brasileira resolveu ficar acordada, inquieta, revoltada com o que sabia que o que aconteceu não foi correto ou honesto, e resolveu acordar e perceber que estamos na primavera, indo para as ruas de verde e amarelo, sem que ninguém solicitasse formalmente, sem um líder para comandar suas ações, e se encaminhou para a única instituição na qual ela ainda confia e tem esperança, amanhecendo nas portas dos quartéis pedindo socorro. Não podemos desconsiderar que os caminhoneiros deram o empurrão que faltava ao povo quando paralisaram suas atividades e bloquearam estradas, dando uma demonstração de insatisfação e patriotismo que nenhuma outra categoria profissional teve coragem de dar. E entramos na primavera, que, aparentemente, dessa vez, só acaba na canetada de ninguém, entendendo que realmente é preciso uma andorinha não faz verão, indo em bando com a pretensão de fazer o melhor verão dos últimos 37 anos.

A primavera brasileira está só começando. Primavera para nós, outono para essa quadrilha que, novamente, ousou roubar nossa cidadania, nosso futuro, mas que, dessa vez, não conseguiu roubar nossa esperança, porque descobrimos o prazer pela política, pela defesa dos nossos direitos, e junto com isso nossa capacidade de reagir na mesma proporção eu ousadia com que tanto nos lesaram durante décadas. E essa luta só termina quando o mais forte vencer. E quem perder entrará no inverno, no frio solitário (ou quem sabe de uma solitária) que ninguém pode sentir pelo outro, na escuridão de seus pensamentos, no arrependimento de ter feito o errado e ignorado que, no final, o bem sempre vence o mal, pois isso não acontece apenas em versículos bíblicos ou finais de filmes. De um jeito ou de outro, mesmo que tardio, a derrota é o fim dos tiranos, malvados e ditadores.

A esperança e a fé das pessoas de bem nunca morrem. Especialmente quando chega a primavera.

Que Deus nos abençoe!


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