No Ponto do Fato
No Ponto do Fato
Agora só falta eles darem posse a Lula, sem eleição, no plenário do STF
4
7

Agora só falta eles darem posse a Lula, sem eleição, no plenário do STF

O Supremo Tribunal Federal já pode ser chamado de Supremo Tribunal Bolivariano.

HS Naddeo
5 min
4
7
Email image

Acabou a Lava Jato, acabou o Ministério Público Federal, a justiça de primeira instância, de segunda instância, o Superior Tribunal de Justiça, os códigos civil e penal e a Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal já pode ser chamado de Supremo Tribunal Bolivariano. O que prevalece no Brasil é a vontade dos togados que foram conduzidos ao cargo pelo maior ladrão da história do Brasil, por sua sucessora, Dilma Rousseff, e pelo sucessor de sua sucessora, Michel Temer. Os dois indicados pelo atual presidente da república, Jair Bolsonaro, não são culpados pelas decisões dos outros ministros da corte, mas também não tecem uma crítica aos desmandos de seus pares.

O ministro Luiz Edson Fachin, em uma canetada magistral, e não magistrada, já havia anulado condenações de três processos contra Lula, sendo que dois deles já haviam recebido condenação na terceira instância, e o outro em segunda instância. Jogou na lata do lixo os milhões de reais que foram gastos em investigações e produção de provas, provas sobradas, como disse o Desembargador Gebran Neto do TRF4 de Porto Alegre quando do julgamento do processo do sítio de Atibaia, além do trabalho de centenas de profissionais do ministério público federal, da polícia federal, da receita federal e das varas de primeira e segunda instância que aferiram todo o trabalho realizado.

Ontem, dia 2 de março de 2022, o ministro Ricardo Lewandowski suspendeu o último processo contra Lula, que tratava da compra dos caças suecos, que tramitava em varas federais de Brasília. Todos os processos de Lula que foram sendo anulados ou arquivados (como era de se suspeitar que aconteceria) estavam em varas federais de Brasília, sob as quais os ministros do STF têm acesso direto ou, no mínimo, muito mais poder de influenciar.

Mais grave, no entanto, é que as decisões desses ministros do STF, com a conivência dos outros ministros da casa, joga a última pá de lama em uma justiça que, além de desacreditada, também desacredita toda a estrutura judiciária do país, assim como instituições - que são órgãos de estado - como Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal. E o mais impressionante disso tudo: ninguém dessas instituições vem a público defender o trabalho que foi por elas realizado, nem mesmo contestar a decisão do Supremo em relação à essas investigações. E tudo com a cumplicidade da mesma imprensa que há poucos anos estampava em suas manchetes as descobertas da Lava Jato, da qual não fala mais.

É estranho também o silêncio de personagens importantes como o ex-juiz Sérgio Moro, que foi inclusive declarado suspeito pelo trabalho que realizou, como também o silêncio dos membros do MPF, da PF e da Receita Federal, responsáveis diretos pela investigação, apuração e produção das provas que levaram dezenas de pessoas para trás das grades como nunca se havia visto antes. Delações anuladas, provas consideradas nulas, funcionários públicos postos em suspeita por tudo o que fizeram, e ninguém fala absolutamente nada, nem para acusar o STF, nem para se defender das acusações que vêm dele.

Cabe citar, também, o silêncio dos membros do Congresso Nacional, pelo menos da parcela não envolvida nos crimes investigados pela Lava Jato, dos advogados honestos desse país, pois não é possível que não existam, assim como a sociedade civil organizada que em momento algum se opõe a tantos desmandos. Só mesmo cidadãos comuns, através das redes sociais e dos poucos protestos e manifestações, para tanta canalhice, tiveram e têm coragem de expor sua indignação, sob pena de serem investigados, calados, banidos de redes sociais, terem seus canais desmonetizados e até presos sem provas e sem direito a saber o que consta nos autos dos processos nos quais são acusados.

Ao que parece, resta-nos, então, assistir à uma eleição que gera fortes suspeitas sobre sua lisura, e sabe-se lá mais o que pode ser feito contra a democracia brasileira, não sendo absurdo imaginar a hipótese de que tentem impedir que o presidente Jair Bolsonaro concorra à reeleição, nem mesmo aventar a hipótese de que sua vida corra risco, mais uma vez. Não há nenhum exagero nisso. Até mesmo uma mudança de regime de governo, de presidencialismo para semipresidencialismo, é cogitada através de uma PEC - Proposta de Emenda à Constituição, alijando os cidadãos/eleitores/contribuintes do direito de escolher o regime de governo sob o qual desejam viver, mais uma vez contrariando a já combalida e ignorada Constituição Federal.

Tenho muito receio dos caminhos que a república brasileira pode tomar, e mais receio ainda de que não haja resistência ou tempo suficientes para impedir que um destino ainda mais marginal do que foram os governos petistas possa estar sendo tramado para nos impedir de continuar vivendo em um regime republicano, presidencialista e democrático. Tirando Jair Bolsonaro, nenhum pré-candidato à presidência da república em 2022 oferece um programa de governo que nos mantenha soberanos sobre nosso país e sobre nossas próprias vidas.

Como disse no título desse artigo, só está faltando darem posse a Lula no plenário do STF, sem a realização de eleições. E não duvidem que essa não seja uma ideia já cogitada, ou, ao menos, um desejo forte de muita gente poderosa que já há tempos não deveria estar mais onde está.

Gostou? Compartilhe e ajude esse artigo a chegar em mais pessoas.

Inscreva-se na coluna e receba por e-mail. É de graça!

Twitter - @nopontodofato 

GETTR - @nopontodofato 

Instagram - @nopontodofato 

Telegram - t.me/nopontodofato