Brasil é goleado de novo. Virou freguês.
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Brasil é goleado de novo. Virou freguês.

Sérgio Cabral já não tinha mais nada a perder ali. Falou o que sabia. Deu nomes. Descreveu situações. Os votos de Toffoli coincidem com o que Cabral falou.

HS Naddeo
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A anulação da delação premiada fechada com Sérgio Cabral pela Polícia Federal, com o voto de um delatado, sendo essa a segunda delação em que seu nome aparece, tem tudo a ver com a composição da CPI da falta de vergonha, exatamente porque não há mais vergonha.

O placar da anulação, 7 votos a 4, coincidentemente é o mesmo placar da CPI, 7 senadores fazendo oposição ao governo e 4 ou defendendo ou sendo justo. Maiorias de circunstâncias, como denunciou os ex-ministro Joaquim Barbosa no plenário do Supremo, nas caras dos outros 10 ministros, pegou o chapéu e foi embora. De medo. E hoje abana o rabo para Lula novamente, e o crime compensa.

As atrocidades dessa anulação começam pela sessão do STF que autorizou a Polícia Federal a fazer delações premiadas, como fez a do Palocci, que o MPF não contextou. Edson Fachin homologou a delação de Cabral. Seguiu a orientação do próprio STF em 2018. Delas surgiram investigações. Chegaram em Toffoli. De repente o MPF resolve contestar a delação.

Fachin submete ao plenário e, ele mesmo, vota a favor de anular a delação que ele mesmo homologou por ter sido feita em acordo com a Polícia Federal de acordo com outra decisão do Supremo na qual ele votou a favor.

Deu para contar quantas vezes Fachin se desdisse em uma única decisão?

E, claro, a cereja do bolo, Toffoli votando a favor da anulação da delação que o delata.

Mas quem se importa com isso? Quem se importa se a justiça federal de Brasília está acumulando todos os processos de corruptos com foro "de São Paulo" privilegiado? Quem se importa que as decisões de Marcelo Bretas estejam sendo anuladas e ele colocado na mira do STF?

Se antes demorava-se anos para que certas verdades e mentiras fossem revisitadas pela história, a internet já permite que sejam editadas ao vivo. Milhares de narrativas sobre um mesmo fato, versões falsificadas da realidade são imputados na rede assim que ele acontece. Além disso, a criação de versões que venham a validar acontecimentos, tipo tratamento preventivo. Preparar as mentes das pessoas para um determinado fato.

Sérgio Cabral já não tinha mais nada a perder ali. Falou o que sabia. Deu nomes. Descreveu situações. Os votos de Toffoli coincidem com o que Cabral falou. E se houve um corrompido, houve também corruptores, citados nominalmente, e que também passam a ficar livres, sem poder serem investigados, e aí ninguém incrimina ninguém, e Sérgio Cabral é um homem de má fé.

Quem acredita que essas pessoas estão tentando anular o passado, está enganado. Esse grupo de pessoas está tentando anular é o futuro do Brasil. É o futuro do país como nação, como república, como União.

O passado do Brasil precisa ser julgado, condenado e punido, e não encoberto como se nunca tivesse existido. Mas, só se pode fazer vivendo no presente com vistas ao futuro. O que implica numa literal limpeza no judiciário e no legislativo, que é o maior gargalo para que esse importante passo seja dado.

O que foi descoberto com Cabral pode até ser anulado, arquivado. Só não será esquecido. E quem anulou e arquivou ainda vai ter que prestar contas à uma justiça de verdade, a um povo que está reaprendendo a ser soberano, e ávido por vê-los com poderes anulados e biografias arquivadas em forma de prontuário policial.

Só o povo brasileiro é capaz de virar esse placar. Ninguém mais, nem o presidente sendo reeleito. Só o povo.

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