Eles simplesmente agem como se a próxima eleição não fosse existir.
A pergunta soa absurda, claro, mas uma sequência de acontecimentos tem me levado a fazer retoricamente esse questionamento. | ||
Políticos sobrevivem de votos. Sem votos não há cargo. Portanto, a realização de um bom trabalho no cargo aliada a uma boa avaliação dos eleitores e um bom relacionamento com eles é premissa fundamental para quem quer se eleger ou reeleger para um cargo eletivo. | ||
Mas, não é isso que temos visto por parte dos atuais ocupantes de muitos governadores, prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores. Eles simplesmente agem como se a próxima eleição não fosse existir. | ||
Muitos governadores e prefeitos quebraram (e continuam insistindo em quebrar) as economias de seus estados e cidades, destruindo empregos, empresas e futuros. E, em nome de salvar vidas, o que vemos é a contínua destruição de vidas e sonhos através de atitudes que nada tem a ver com saúde ou Pandemia. | ||
No nível federal, muitos deputados e senadores, ou se omitem em relação às tantas arbitrariedades país afora, ou endossam o autoritarismo praticado nos estados e municípios aprovando leis que vão contra os interesses da população. | ||
Esses políticos não precisam se votos? Não deveria haver um cuidado deles na relação com os eleitores? Como esperam ser votados em 2022 se as pautas que interessam aos eleitores são completamente ignoradas, inclusive com absoluto desdém? | ||
Somemos a esse quadro as ações da justiça, tanto a comum quanto a eleitoral. | ||
Diversas decisões do Supremo Tribunal Federal fogem completamente ao que diz o texto constitucional. Pessoas comuns são presas e investigados em base legal, censura em redes sociais e até mesmo em veículos de comunicação, arquivamento sistemático de sólidos inquéritos de políticos envolvidos com corrupção, cancelamento de condenações, esvaziamento das instâncias inferiores da justiça, penalização de juízes, decisões monocráticas, persistentes supressões dos direitos e garantias individuais estabelecidos no artigo 5° da Constituição Federal, libertação de perigosos bandidos pertencentes às piores facções criminosas do país... E eu seria capaz de ficar aqui mais uma hora apenas listando os desvios que vemos diariamente serem praticados por quem deveria garantir a retidão da lei. | ||
E então renovo a pergunta: vai ter mesmo eleição em 2022? | ||
Ainda que o conjunto dessa obra tivesse como objetivo único e exclusivo derrubar Jair Bolsonaro ou impedir que ele fosse eleito em 2022, como isso garantiria a eleição ou reeleição de quem protagoniza tamanha sanha de autoritarismo e destruição contra àqueles de cujos votos precisa para sobreviver? A conta não fecha. | ||
Os poucos políticos que se colocam ao lado dos anseios do povo, seja apoiando verbalmente ou propondo leis e ações que respondam a esses anseios, são hostilizados pela imprensa, por seus pares e pela própria justiça, que chegou ao cúmulo de prender um parlamentar em pleno gozo de seus direitos políticos com o apoio da própria casa legislativa a que pertence. | ||
Vemos ainda a justiça eleitoral trabalhar ativamente contra a implantação do voto auditável, cuja proposta de lei tramita na Câmara dos Deputados a pedido da população, lei essa que já havia sido proposta pelo presidente Bolsonaro quando ainda era deputado eaprovada pelo Congresso Nacional, e que foi arbitrariamente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. | ||
Por último, vemos a CPI da Covid no Senado Federal, presidida por um investigado pelo desvio de 260 milhões de reais da saúde do Amazonas, relatada por um corrupto detentor de 9 inquéritos por corrupção no STF (além de outros 11 benevolentemente arquivados), cujo objetivo claro e explícito é tentar criminalizar - e se possível derrubar - o presidente da república, ignorando manifestações que já levaram 25 milhões de pessoas às ruas em apoio a ele. | ||
Então mais uma vez pergunto: vamos mesmo ter eleições em 2022? | ||
Pessoalmente, e honestamente, nesse momento, eu não consigo responder que sim a essa pergunta. E ainda que respondesse afirmativamente, diria que não teremos eleições com voto auditável, que além de depender de aprovação nas duas casas do Congresso Nacional e da sanção presidencial, caso aprovada, deverá ser judicializada por quem não tem interesse que seja implementada. E aí, mais uma vez, ficaremos nas mãos do STF, que já demonstrou sua posição a esse respeito. | ||
Tenho a sensação amarga de que até antes da data marcada para as eleições de 2022 poderemos ser surpreendidos com situações inimagináveis para quem acreditava que realmente vivíamos em uma democracia plena. Não vivemos. E estão aí a Venezuela e a Argentina para nos mostrar que no mundo atual tudo é possível. | ||
Meu sentimento é de que para a justiça brasileira, para muitos governadores, deputados federais, senadores e deputados estaduais, não ter eleições em 2022 é um negócio da China. | ||
Só vejo um único político se colocar verdadeiramente de corpo e alma ao lado do povo brasileiro. E se eu fosse ele começaria a me preocupar mais seriamente com a exposição pública em locais abertos nos quais é muito mais difícil ser protegido. | ||
Quase tivemos uma catástrofe em Juiz de Fora. De lá para cá as catástrofes tem sido patrocinadas pelos juízes se dentro. | ||
Não tenho a resposta para a pergunta. Mas tenho cada vez mais perguntas. | ||
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