O candidato, mesmo, é outro.

Já discorri várias vezes minhas teorias de que Lula não será candidato, e cada vez que tenho, por obrigação de palpitólogo, a necessidade de ver a cara dele enquanto fala, ou apenas ouvir ou ler coisas que diz, me convenço mais disso. Politicamente, Lula não faz sentido em nenhum sentido. Nem pessoalmente, mas isso já é outra conversa.

O Brasil está dividido. Mas não é uma divisão meio a meio como se imagina. O espectro conservador é notadamente bem maior, mas não tem o envolvimento necessário, muito menos a influência necessária para interferir significativamente nos acontecimentos. Em outras palavras, a direita conservadora não aparelhou o estado, não tem juízes amigos e militantes, não tem advogados que afirmam publicamente que punição não acaba com corrupção, não tem procuradores da república que só atuam a favor da ideologia, não tem imprensa amiga para alardear qualquer idiotice que um deles promova, não está infiltrada na cultura e na educação que há mais de 30 anos praticam doutrinação esquerdista nas escolas desde o primeiro ano do ensino fundamental.

A esquerda é barulhenta porque ainda controla o sistema, e sabe que se perder essa eleição presidencial vai acelerar ainda mais o já acelerado processo de esfacelamento desse controle das instituições que já dura mais de 30 anos. Eles sabem que não é fácil ganhar de Bolsonaro. Sabem que na urna, no voto honesto, não levam. Na hora do voto não adianta gritar, ameaçar ou espernear. Se a eleição é honesta, leva quem tiver mais votos, e a esquerda, nesse momento, sabe que não tem, o que mais uma vez, na minha opinião, serve de indício de que Lula não será candidato porque ele não tem mais representatividade quando se consideram os votos como parâmetro.

Descondenado ou não, Lula é ladrão. Não existe discurso possível que mude essa realidade. Vai morrer reconhecido como ladrão, e contra isso não existe Edison Fachin que resolva. Até boa parte da esquerda o considera ladrão. Como ele conseguiria contrapor essa realidade em um debate? O que ele diria quando perguntado por um jornalista ou adversário sobre a corrupção, a Lava Jato, seu livramento? Viria com a mesma ladainha de inocente perseguido e arrancaria risos de todos os presentes? Convenceria alguém com sua retórica enferrujada? Como Lula enfrentaria uma campanha eleitoral se mal consegue ir a um shopping sem ser vaiado? Ou só faria comícios em locais fechados, com lotação restrita, e em troca de sanduíches de mortadela? Será que ele ainda acha que o povo tá a fim de mortadela?

Mesmo com tudo isso, o que me dá mais entendimento de que Lula não será candidato é o discurso que ele adotou. Não entendo como alguém pretende ser presidente da república trocando as tradicionais promessas de candidato por ameaças a todos os grupos sociais e institucionais que discordam do que ele diz. Lula ameaça a liberdade de imprensa através da regulação dos meios de comunicação, ameaça a sociedade afirmando que vai regular a internet e as redes sociais, ameaça padres e pastores afirmando que, eleito, se reunirá com eles e definirá seus papéis dentro dessa nova sociedade que pretende criar, ameaça os militares dizendo com todas as letras que vai colocá-los em seus lugares. Diz, com caras e bocas, em alto e bom som, que não ficou mais sábio, ficou foi "mais Maduro", e repete com enfase no "mais Maduro".

Não há lógica em fazer campanha eleitoral com ameaças, especialmente quando as ameaças são direcionadas à sociedade como um todo. Ou será que os esquerdistas que ainda o apoiam acreditam que ganharão um passe especial para assistir TV, postar na internet e sair por aí dizendo que querem a respeito de.um governo de esquerda que os prive de suas liberdades de pensar e expressar o que pensam?

Não, Lula não pode ser o candidato de fato da esquerda. E quando comparo suas falas com o as falas de Ciro Gomes, a outra figura representativa da esquerda, vejo que as falas são as mesmas, mas que diante da postura de Lula que só destila ódio e ameças, na voz e nas palavras que Ciro escolhe fica parecendo ser alguém muito diferente de Lula, o que ele não é. Ciro Gomes é uma versão atenuada do Lula, mas é ligado à mesma corja, atende os propósitos do mesmo grupo e causa os mesmos danos.

Continuo colocando minhas fichas de que a esquerda vai de Ciro, no primeiro turno mesmo se Bolsonaro tiver chance de ganhar sem precisar do segundo. Lula não tem condições de passar para o segundo turno, muito menos ganhar no primeiro. Ciro é a versão mais polida que a esquerda tem e um contraponto interessante ao radicalismo "mais Maduro" que Lula está pregando. É como se Lula estivesse trabalhando para atrair para si todas as aversões ao que representa o que a esquerda fez com o Brasil e com isso "protege-se" ou ocultasse a figura de Ciro, para, mais na frente, sair de cena e deixar um candidato "mais limpinho" no seu lugar.

A função de Lula é dizer o que Ciro não pode dizer. O vídeo abaixo de Lula falando de Ciro mostra que o tratamento com ele é outro. Ele sugere que Ciro não faça o que ele, Lula, faz o tempo todo. São dois minutos e meio.

Lula fala de Ciro.

O plano da esquerda não é eleger Lula. É derrubar Bolsonaro. E isso não é só com a esquerda. O sistema quer Bolsonaro fora, nem que para isso as alianças e forças, por mais antagônicas que pareçam, se juntem para tentar tirar a reeleição do presidente.

Deixo uma sugestão. Preste atenção no que diz Lula e Ciro. Tire o verniz das falas de Ciro e verá que ele propõe as mesmas coisas, mesmo quando usa o PT como referência negativa.

A verdade é que eles estão juntos, porque sempre estiveram juntos. No vídeo a seguir Ciro fala como livrou Lulinha da CPI, o que é uma prova de que ele sabia de tudo, e que participou muito mais do que imaginamos.

Ciro Gomes, Lulinha, CPI

Obviamente posso estar completamente errado na minha análise e raciocínio. Mas que Lula não é o candidato me parece muito claro. Resta saber quando essa farda vai acabar.

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