Não? Pois deveria, até porque é de raro a quase impossível poder agradecer o PT por alguma coisa. Mas nesse caso vale. O favor que o PT prestou ao Brasil ao questionar o domicílio eleitoral de Sérgio Moro não tem preço, e os efeitos da decisã...
Não? Pois deveria, até porque é de raro a quase impossível poder agradecer o PT por alguma coisa. Mas nesse caso vale. O favor que o PT prestou ao Brasil ao questionar o domicílio eleitoral de Sérgio Moro não tem preço, e os efeitos da decisão da TRE paulista ao acatar a ação petista e impedir que ele se candidate por São Paulo tem um sem número de efeitos benéficos, dos quais listarei alguns. | ||
No que diz respeito ao União Brasil, que não sabia ao certo o que fazer com Sérgio Moro no partido, foi um desastre. Na pior das hipóteses era reservada ao ex-juiz uma vaga para se candidatar a deputado federal, cargo para o qual não apenas ele seria eleito, como também funcionaria como um excelente puxador de votos para levar consigo uma penca de candidatos que não seriam capazes de se eleger com seus próprios votos. | ||
Cogitavam também uma vaga ao senado em uma disputa que seria muito mais acirrada, pois o cenário eleitoral para o Senado tem muitos candidatos de primeira viagem que, mesmo assim, sugeriam ter mais chances do que ele. E por último falaram até mesmo em lançá-lo ao governo do estado para dar palanque a Luciano Bivar, mas o próprio partido, vistas as dificuldades, já havia liberado seus correligionários para apoiar quem quisessem, e a maioria optou por Bolsonaro, o que Moro não faria. Assim sendo, o União Brasil acabou se dando mal em todos os sentidos em suas pretensões paulistas para o ex-paladino da justiça. | ||
Ao entrar com ação que proibiu Moro de se candidatar por São Paulo, o PT deu não apenas um, mas dois tiros no PT. Se acharam que tirar Moro da corrida ao senado facilitaria a vida do partido ou da aliança com o PSB, se enganaram profundamente. Os dois partidos não conseguiram definir nem quem lançarão ao governo, se Fernando Haddad ou Márcio França, quanto mais quem será o candidato do junta-junta ao Senado. Segundo as pesquisas - que ninguém confia ou leva a sério - Haddad lideraria as intenções de votos e estaria 9 pontos à frente de França. Acontece que o PT nunca ganhou uma eleição para o governo de São Paulo, e Márcio França já foi governador quando herdou o cargo exatamente de Alckmin, que é do PSB e hoje vice de Lula. | ||
Esse imbróglio parece difícil de ser resolvido pacificamente, nem mesmo pragmaticamente. E se prevalecerem as duas candidaturas, Haddad e França, Lula e Alckmin, em tese, terão dois palanques em São Paulo, mas dificilmente Lula subiria no palanque de França, como da mesma maneira dificilmente Alckmin subiria no palanque de Haddad. O mesmo se daria numa eventual candidatura ao senado com um postulante por cada sigla, ou mesmo que, no caso do senado, houvesse consenso por um único nome. Entretanto, eles fingem ignorar alguns fatores que devem jogar toda essa ganância e miopia eleitoral ladeira abaixo: novos nomes na disputa como Datena, Janaína Paschoal, Carla Zambeli, e seja lá qual deles for, o apoio explícito de Bolsonaro, da mesma maneira que tratam com desdém a candidatura de Tarcísio de Freitas para governador, também com o apoio do presidente e com um rol de realizações em apenas 3 anos que nem juntando todas as administrações petistas e pessebistas é possível competir. | ||
Mas não fica nisso. Se Moro tinha chances mais reduzidas se candidatando ao governo de São Paulo ou ao Senado pelo estado, sendo ele obrigado a se candidatar pelo Paraná, seu estado natal e lugar onde ele se projetou nacionalmente, suas chances crescem exponencialmente, o que diminui sobremaneira as chances do candidato petista Roberto Requião, um político aposentado em exercício, antipático, asqueroso, cujas chances já não seriam lá essas coisas, por ser ele quem é, por estar filiado ao PT e por estar à tiracolo de Lula e Gleisi Hoffamann, cujas personas non gratas todos conhecemos e não preciso elencar os motivos. | ||
Chegamos então em Sérgio Moro, e antes de tratar da sua candidatura pelo Paraná, seja lá a que cargo for, precisamos lembrar que o ex-juiz da Lava Jato, ex-ministro traidor de Bolsonaro, ex-candidato à presidência e traidor do Podemos, foi parar no União Brasil certo de que seria ele o candidato a presidente pela terceira via em nome do partido. Porém, tão logo chegou na legenda foi vendo seu sonho de ser presidente desmoronar. De salvador da pátria descobriu não ter condições de salvar nem a si mesmo. Passou de solução a estorvo, sendo jogado de um lado para o outro dentro do partido e vendo seu parco capital político escorrer pelos dedos sem poder fazer absolutamente nada, o que fez com que a solicitação do PT e a sentença do TRE impedindo sua mudança de domicílio eleitoral viessem a ser, talvez, uma redenção ao invés de um castigo. | ||
No Paraná Sérgio Moro tem mais chances reais de se eleger ao Senado. Mas, vai ter que bater de frente com o maior patrocinador de seu nome em todos os tempos, que pretende concorrer à reeleição, que é Álvaro Dias, o que faz dessa disputa um questão moral antes de eleitoral. Foi Álvaro Dias que no debate presidencial em 2018 primeiro falou em ter Moro como ministro da justiça, assim como foi ele o grande patrocinador de seu nome como candidato à presidência da república pelo Podemos. Assim, para ficar com a vaga, Sérgio Moro terá que bater de frente com Álvaro Dias para justificar-se como uma opção melhor que seu "padrinho político", e de outro lado, Dias terá que bater de frente com seu "afiliado" político, a quem tanto exaltou e defendeu, para conquistar o eleitorado. Contudo, mesmo que consideremos os dois como nomes fortes para ocupar a vaga no senado, ambos terão que lidar com a forte candidatura do atual deputado Paulo Martins pelo PL, que já tem declarado apoio de Bolsonaro ao seu nome. | ||
O que se pode tirar disso tudo é que Moro não é mais um nome privilegiado a concorrer a nada. E mesmo que até possa ganhar uma vaga para alguma coisa, ele volta derrotado ao seu domicílio eleitoral totalmente derrotado, e eu seria capaz de apostar que se ele tivesse a chance de retomar sua vida no ponto em que abandonou a magistratura para virar político, assim o faria e reassumiria suas funções na 13ª vara federal de Curitiba, de onde, talvez, nunca devesse ter saído. | ||
Finalizando, então, obrigado PT. | ||
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