Lidar com o sucesso é muito mais fácil do que lidar com a fama.
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Hoje, aos 58 anos, fico lembrando de posições que tinha aos 20, 30 anos, visões de mundo restritas ao que eu tinha de experiência de vida, acesso ao conhecimento, quando nem existia internet, e vejo quanto mudei, quantas crenças foram jogadas no lixo e substituídas pela realidade que a vida foi me apresentando. Tal qual disse Paulo Francis, "passei de criança a adulto", e a maneira de enxergar o mundo, a vida, é completamente diferente. E, claro, isso não se restringe a mim, o natural é que qualquer pessoa evolua a partir das experiências que a vida traz. | ||
Lembro de Kim Kataguiri quando ele apresentava o Folha Política na internet. Um japinha descolado, lia bem, falava bem, mas não emitia opiniões naquele jornal. Aparecia, falava, e mal se sabia o nome dele. Posteriormente ele apareceu junto ao MBL, um movimento que combatia o PT, a corrupção, e fazia eco ao que o povo brasileiro pensava naquele momento. Parecia, de fato, uma personalidade promissora quando não se apresentava como candidato a alguma coisa. Parecia, até ali, um jovem que queria, como todos nós, um Brasil melhor. Mas não demorou e ele apareceu candidato, abraçando Doria, abraçando Bolsonaro, e assim foi eleito e se tornou deputado federal. | ||
Passei a prestar atenção a ele de maneira diferente, e não demorou muito para que aquele jovem promissor passasse a ser um "Lindberg Farias esperando para acontecer", definição que usei inúmeras vezes ao me referir a ele. E aconteceu muito mais rápido do que eu poderia imaginar que aconteceria. O japinha do Folha Política virou um político com pouquíssimos escrúpulos, virou as costas para a carona que pegou no nome de Bolsonaro para se eleger, e se transformou um algoz daquele Brasil que ele mesmo defendia nos tempos de Folha Política. Até desculpas ao PT ele pediu pelos milhares de insultos que proferiu aos políticos do partido, que agora tinham virado seus colegas de trabalho. | ||
O que sabe um jovem de 26 anos além dos livros que leu, das poucas lições que aprendeu e das imaturas experiências que viveu? Tudo bem, existem jovens de cabeça excelente, maduros para a idade, mas que, mesmo assim, passarão por inúmeras novas experiências que, queiram ou não, os farão repensar conceitos e ideias, e lhes trarão novos conhecimentos e realidades que obrigatoriamente provocarão mudanças em seus pensamentos e comportamentos, se para melhor ou pior, vai depender do caminho que cada um escolher. E, penso eu, Kim Kataguiri, por enquanto, por suas posturas e atitudes, vem escolhendo os piores. | ||
Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, é um youtuber especialista em games que ficou famoso por postar vídeos sobre o tema, além de falar sobre curiosidades. Ganhou mais notoriedade quando passou a apresentar o podcast Flow ao lado de Igor Coelho, também conhecido como Igor 3k no mundo dos games. Ambos passaram a conduzir entrevistas com diversas personalidades, tornando o Flow o podcast mais assistido do Brasil. Eu mesmo assisti vários, nunca na íntegra, mas os diversos cortes que são postados depois que o programa na íntegra vai ao ar. Porém, nunca assisti em função dos apresentadores, mas pelos convidados, cuja seleção sempre foi interessante, não se atendo a um tema específico e oferecendo aos espectadores uma variedade capaz de agradar a gregos e troianos. | ||
Uma das questões desagradáveis de assistir o Flow é ter Monark fumando maconha durante os programas na frente dos convidados. E raros foram os que falaram alguma coisa. Inclusive, mais recentemente, esteve lá o ex-juiz federal e pré-candidato à presidência Sérgio Moro, que em nenhum momento (pelo menos do que eu vi) sequer levantou a sobrancelha com relação ao fato de ter na sua frente alguém fumando maconha, o que, até o presente momento, é um ilícito penal que dá cadeia, e que ele, como ex-juiz e ex-ministro da justiça, que se vangloria da quantidade de apreensões de drogas realizadas pela Polícia Federal durante sua gestão no ministério, deveria ter repudiado ou, no mínimo, ter feito algum acordo pré-entrevista para que o Monark não fumasse durante sua presença ali. Mas o personagem aqui não é Sérgio Moro, é Monark. | ||
Uma coisa que sempre me causou espécie foi o quanto ele é vazio, com opiniões baseadas no achismo dos baseados que fuma, sem profundidade, sem conhecimento sobre coisas básicas que qualquer pessoa com 31 anos de idade deveria saber se tivesse tirado algum proveito da formação que teve no ensino fundamental e médio. Não consegue tirar proveito nem do conhecimento que os convidados do Flow levaram, e falo isso pela insistência na defesa de opiniões e temas que contrariam não apenas o bom senso, mas também as leis vigentes no nosso país, além de mostrar que ele não estuda os assuntos dos quais trata nas entrevistas. | ||
Então, como não poderia deixar de ser, ao juntar Kim Kataguiri com Monark, saiu um desastre. A prepotência e a ignorância de dois jovens que, na tentativa de lacrar, resolveram defender o que é historicamente e mundialmente indefensável a fim de se mostrarem modernos, liberais, ou nem eles mesmo sabem o que quiseram mostrar. Contaram ainda com a presença da deputada Tábata Amaral, outra criança travestida de política que defende ideias e ideologias que mal conhece além dos livros, porque sequer tem idade e experiência de vida para conhecer mais do que isso. | ||
O que fica claro nos personagens principais desse imbróglio é que jovens como Kim Kataguiri e Monark se perderam com a fama que conquistaram. Já ouvi dizer em algum lugar que lidar com o sucesso é muito mais fácil do que lidar com a fama, e penso que os dois são bons exemplos disso. Nenhum deles representa o futuro do Brasil ou de qualquer país civilizado no mundo. São apenas dois peões de xadrez em um tabuleiro jogado por gente grande, com capacidade de persuasão que os movem de acordo com interesses que nem eles mesmos sabem o propósito. Dois moleques bobos, um maconheiro que não pensa e um deputado que se acha o suprassumo do pensamento, o que faz deles dois grandes idiotas, cada um ao seu pior estilo. | ||
Fica de curioso nessa história, e é bom prestarmos atenção nisso, é que Monark pagou o preço da sua imbecilidade ao ser retirado do programa e da sociedade, saindo disso tudo com sua imagem como pessoa ainda menor do que era, independente do número de seguidores que possa ter em qualquer rede social. Essa turma, inclusive, não vai abandoná-lo, afinal ele representa uma geração de jovens que cresceram com a cara enfiada num computador jogando Minecraft e vivem em uma realidade paralela acreditando que falta de valores tem valor. Já o deputado, até agora não sabemos o que vai acontecer com ele, mas que, graças ao corporativismo e a importância que tem como peão no tabuleiro, dificilmente perderá o cargo, o que não significa, entretanto que será reeleito. | ||
Minha previsão é que tanto o maconheiro como o deputado em breve cairão no esquecimento da opinião pública em geral. Ganharam dinheiro, um, dinheiro privado, o outro, dinheiro público. Ambos foram competentíssimos em perder o respeito e a fama que haviam conquistado até então, porque perderam uma das coisas que só quando a gente chega a uma certa idade consegue entender com a clareza devida: a chance de ficar de boca fechada. | ||
Finalizando, sou completamente a favor da liberdade de expressão, mas ela só ganha valor quando é usada para proteger e elevar o debate e o ser humano, o que não é o caso quando usada para defender o nazismo ou qualquer outra ideologia que precisa matar pessoas para existir, como, por exemplo, o comunismo. | ||
Se a Câmara dos Deputados não definir o destino de Kim Kataguiri, que as urnas o façam, e se for reeleito, que seus eleitores paguem o preço de não entender que quem brinca com criança acorda molhado. Na minha opinião, o novo Lindberg Farias já aconteceu. | ||
Quanto ao Monark, o melhor caminho é procurar uma clínica de reabilitação para acabar com o vício que claramente o emburrece. Estudar um pouco também não lhe fará mal. | ||
Muhammad Ali cunhou uma frase que deixo aqui para a reflexão de vocês. | ||
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