No Ponto do Fato
No Ponto do Fato
O quê nossas autoridades têm na cabeça.
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O quê nossas autoridades têm na cabeça.

Demos muita liberdade para que pudessem ameaçar a nossa liberdade. Agora temos que arrumar meios de nos livrar deles...

HS Naddeo
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Por mais que um político ou magistrado tenha convicções políticas (o que é constitucionalmente impedido para magistrados) e ideológicas que vão na contramão dos anseios da população, isso ainda é muito pouco para justificar tantas mudanças de entendimentos, jurisprudências, leis e atitudes das nossas autoridades. O buraco é mais embaixo, e eles rezam diariamente para que não seja em cima, para não atrapalhar o velório.

Tenho sido firme na visão de que vivemos em um narco-estado e que a perpetração de tantos crimes desorganizados sendo praticados sem sincronia por nossas autoridades tem o crime organizado por trás. A corrupção não se dá apenas em desvios de verbas de obras e receitas dos cofres públicos. Há um tipo de corrupção maior reinante no Brasil que faz os bilhões desviados pelo Mensalão e Petrolão serem reduzidos a trocados. Os braços do tráfico de drogas e armas são muito mais longos e abrangentes do que nós, pobres mortais, cidadãos comuns, conseguimos ver e entender.

A pauta do voto impresso mostra claramente que as mudanças de posicionamento de diversas autoridades os obriga a desdizer suas convicções anteriores a respeito de um assunto com a mesma convicção que disseram antes. E, cá pra nós, ninguém muda diametralmente de posição e convicção por mera ideologia. Para um político, e especialmente para um magistrado, a coerência é um fundamento, e uma mudança radical de posição, sem que nada de novo tenha sido acrescido ao contexto, é uma sinalização explícita de que alguma anormalidade pesou em sua cabeça.

Desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, as polícias de um modo geral, mas, principalmente a Federal e a Rodoviária Federal, têm batido seguidos recordes de apreensão de drogas e armas, o que incomodou e incomoda muita gente. Não é à toa o ativismo judicial e a pressa de parlamentares em alterar e aprovar leis que transformam os mocinhos em bandidos, a ponto do juiz que desvendou o maior escândalo de corrupção do país se tornar suspeito, enquanto o maior ladrão que já passou pela história ocidental, quiçá mundial, foi livrado de suas penas. Eles estão cumprindo ordens para garantir não apenas suas reputações "ilibadas" mas, também, possivelmente, suas próprias vidas e a de seus familiares.

Não foi também um acaso que mais de 70 mil presos pertencentes à facções criminosas, dentre eles os chefões, tenham sido colocados em liberdade "em nome da Pandemia". Assim como, também, não é fato isolado que um ministro do STF, seguido por unanimidade pelos seus pares, tenha, também "em nome da Pandemia", proibido a ação da polícia nas favelas do Rio de Janeiro sem que ninguém questionasse o motivo dessa proibição se restringir só as favelas desse estado. Sinto-me, inclusive, uma voz quase isolada nessa questão.

O Brasil tem mais de 800 municípios com aglomerados e favelas, mas só os moradores dessas comunidades no Rio de Janeiro foram poupados "do vírus" através da proibição de ações policiais em suas vielas e becos. E eu já falei claramente sobre isso em outro artigo - deixo o link no fim do texto.

A briga não é política ou ideológica. É logística. Objetiva ter as pessoas erradas nos lugares certos. É sobre o poder de fazer ou alterar leis, impedir que leis que desagradam sejam aprovadas. É sobre processar, julgar, criar e alterar entendimentos e jurisprudências. E é para isso que pessoas erradas chegam aos mais altos cargos da república, o lugar certo para pessoas erradas fazerem o errado continuar dando certo.

Obviamente essas são impressões de um falastrão que acompanha os fatos. Se me pedirem para provar, não consigo. Não tenho alcance ou acesso para produzir provas. Mas entendo que o desencadear dos comportamentos de nossas autoridades falam por mim. São elas que fazem e não se explicam de maneira convincente. São elas que soltam bandidos e prendem cidadãos honestos, e até parlamentares em pleno gozo de seu mandato e de sua imunidade parlamentar. São elas que violam nossa cidadania suprimindo nossos direitos de ir e vir, de opinar e expressar o que pensamos nos taxando de antidemocráticos e propagadores de mentiras e fake news, coisa que nem existe no nosso ordenamento jurídico . E, penso eu, não fazem apenas pelo mero prazer de exercer seus poderes ou para garantir holofotes e exercer seus cargos como bem entendem, ou apenas em benefício próprio.

Foi assim que aconteceu na Venezuela. Aparelharam o judiciário, expurgaram os bons políticos através desse judiciário, e hoje o país é dominado pelo tráfico de drogas, loteado entre milícias, e o povo e os políticos de oposição calados à bala. E vem acontecendo assim também na Argentina, na Bolívia, e é o que pretendem para o Brasil.

Temos 176 portos (75 deles em terra firme) de onde diariamente saem mercadorias para o mundo todo. Temos 31 aeroportos internacionais nos quais acontece o mesmo. Na América do Sul somos o caminho mais fácil para a Europa. Temos 15 mil quilômetros de fronteiras terrestres, sendo que a maior parte muito mal vigiadas, e boa parte delas fazendo fronteiras com nossos vizinhos que são notórios produtores de drogas e necessitam de portos e aeroportos para fazerem seus produtos chegarem ao destino. E essa é a realidade.

E o que vemos é que as autoridades que boicotam os avanços sociais e administrativos, que combatem o governo, que produzem leis e jurisprudências que vão contra a vontade popular e contra as necessidades mínimas e óbvias da população, são pessoas com profunda ligação com governos e lideranças desses países que produzem drogas e usam as fragilidades de nossas fronteiras para encher a bandidagem de armas que nem nossas forças de segurança possuem.

Entender que a soma dos acontecimentos e o aparente atraso representado pelas nossas autoridades é tão somente sobre política, ideologia e divergentes noções de futuro para o Brasil é como colocar um objeto diante dos olhos e perder a noção de profundidade da cena. E é exatamente por isso que eles produzem fatos e factóides que ofuscam nossa visão de profundidade.

A situação não é fácil de resolver. Permitimos que tudo isso fosse longe demais. Demos muita liberdade para que pudessem ameaçar a nossa liberdade. Agora temos que arrumar meios de nos livrar deles, e parece que eleições, ainda que venham a ser limpas e auditáveis, não serão suficientes, pois, como falei, isso não tem nada a ver com política ou ideologia.

Não sei que o que passa pela sua cabeça ao ler isso tudo. Talvez você possa me considerar louco, alarmista, charlatão. Mas digo sem muito medo de errar, e até torço para estar errado: o que, de fato, têm nas cabeças das nossas autoridades é o desejo de que elas permaneçam inteiras sobre seus respectivos pescoços, pois estão a prêmio. Nenhum deles quer ter um velório de caixão fechado.

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