Esta semana foi preso no Rio um poderoso traficante conhecido como Imperador do Amapá.
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Ando com nojo de comentar a política brasileira. Estendo até para a política mundial, mas vou ficar só no que acontece no Brasil. | ||
Lamento pelos jornalistas que tem que escrever diariamente para garantir seus empregos, mesmo que isso signifique mentir, inventar, aumentar e ser criativo o suficiente para fazer isso dia após dia como se fosse a primeira vez, para si e para quem o lê, ouve ou assiste. | ||
O que de novo pode-se falar sobre Renan Calheiros, Lula, Gilmar Mendes, Doria, Ciro Gomes, Sérgio Moro, Alexandre de Moraes? A gente sabe de tudo, quem é amigo de quem, quem defende quem, quem protege quem, quem é protegido por quem, quem se articula com quem... Sabemos os crimes, os artigos, as penas, que juiz do supremo cuida do caso de quem, quem já soltou bandido na canetada monocrática, quem já cometeu abuso de autoridade, ilegalidade, inconstitucionalidade; sabemos ou não sabemos? Mas e daí? O que tem, de fato, mudado a nossa vida com tanto saber? | ||
Há 2 anos e 10 meses vemos o Congresso Nacional (especialmente nós dois primeiros anos) e o Supremo Tribunal Federal perverterem as leis e impedirem que grandes reformas estruturais para o país fossem adiante. Sabotagem política de todos os lados, incluindo a bancada de apoio e alguns ministros, que depois se afastaram do presidente ou foram estirpados do governo, agentes do caos como Santa Cruz e Mandetta. Mas, não bastava. Precisava vir ainda uma pandemia que empoderasse também governadores e prefeitos, esvaziando a capacidade de agir do presidente da república e jogando nas suas costas todas as responsabilidades. Acusações irresponsáveis e ativistas como o "desgoverno" dito pela ministra Cármen Lúcia sobre o atual governo. | ||
O plenário do STF também tem o seu G7. O G é se Gilmar mesmo, e o número se refere aos 7 sabujos que estão lá para fazer política ao invés de justiça. Se pudessem estariam vestidos de togas brancas como os senadores romanos, e que copiava o que o imaginário e a arte definiam como vestimentas dos deuses em pinturas ou esculturas. | ||
Confesso que por muito tempo entendia que ministros do STF penam que são deuses. Entretanto, os últimos dois anos me fizeram repensar essa visão. Não há mais auto-endeusamento no STF. Eles sabem exatamente o são. Sabem que seus poderes são organizacionais e não divinos. Atuaram nos últimos dois anos sob um plano detalhadamente traçado e seguido à risca, e ainda ganharam uma pandemia para ajudar a atrapalhar melhor. Deram o melhor do pior que tinham para dar. | ||
A política do Brasil sempre viveu do atraso. Promessa dá mais voto que realização porque é renovável, dá para viver uma vida política inteira só prometendo a mesma coisa, um dia ela acontecerá, um dia. O nordeste foi a região mais castigada pela promessa. Milhões de pessoas mantidas na miséria para que a promessa de melhor a vida delas pudesse ser renovada na eleição seguinte. Perguntei-se, no entanto, quantos políticos ou juízes conhecem de perto a realidade dessas pessoas? E se conhecem, como dormem tranquilos sabendo que estão enriquecendo dessa miséria humana? Perguntas retóricas, bobas, eles mais estão nem aí. | ||
Mas também assusta como nós, que aparentemente estamos aí, também não encontramos coragem para um enfrentamento mais duro do que manifestações presenciais eventuais e despejos de indignação nas redes sociais. E essa letargia nos deixa cada dia mais vulneráveis aos controles, às censuras, aos custos do caos que esse sistema arbitrário de fazer leis e fazer cumprir as leis, nem que precise reiterpretá-las para o plano dar certo, fazendo com que mesmo que sejamos muitos, ainda somos fracos. Reunimos vozes, mas não conseguimos reunir força. Sem força não conseguimos enfrentar o sistema. | ||
As eleições de 2022 serão as mais sujas da história brasileira. A começar pela hipótese de um condenado em três instâncias da justiça, ex-presidente ex-presidiário com mais de 3000 provas atestadas por 10 juízes diferentes, 2 em colegiado, estar participando como candidato a presidente depois dos juízes do STF terem jogado a constituição no lixo e assim reabilitado o meliante. Só isso já resumiria a precariedade da nossa democracia, mas isso é só o começo. | ||
Uma reforma eleitoral vagabunda, um verdadeiro deboche com o cidadão/contribuinte/eleitor, que, entre outras coisas, traz de volta a indecência das coligações, cria um libera geral no uso do fundo partidário e não mexe em questões essências como o imoral quociente eleitoral, responsável pela eleição de 486 deputados federais eleitos graças a ele, já que somente 27 se elegeram com seus próprios votos. De modo que com a regra atual corre-se o risco de nem 27 conseguirem ser eleitos com seus próprios votos. | ||
E só para finalizar essa conversa, o que dizer do Moraes mandando prender Alan dos Santos? Bem, eu digo. Vozes da minha cabeça apenas. Esta semana foi preso no Rio um poderoso traficante conhecido como Imperador do Amapá. Logo 5 dias depois foi preso por envolvimento com tráfico de drogas Isaac Alcolumbre, cuja investigação começou quando André Mendonça era ministro da justiça. Isaac vem a ser primo de Davi Alcolumbre e tem sua esposa nomeada no gabinete do senador que, misteriosamente, não quer marcar a sabatina de André Mendonça. Além disso, a Polícia Federal apreendeu grandes quantidades de drogas no último mês, aí o PCC não aguenta tanto revés e parte para cima afrontando o governo e seus apoiadores com seu poderoso braço jurídico. E tem gente que não entende que vivemos num narco-estado sob uma ditadura policialesca. | ||
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