Quem costurou o retorno dos Weintraub ao Brasil?

Qual foi o preço? Apoiar Moro?

Quem conhecia os irmãos Weintraub antes deles irem parar no governo Bolsonaro? Em especial, quem conhecia Abraham Weintraub, um executivo de mercado financeiro que foi parar no MEC?

Antes de me alongar no pensamento, fica o registro de que o trabalho do Abraham à frente do MEC foi de suma importância para que se revelasse ao Brasil o funcionamento e o financiamento da máquina doutrinária que até hoje funciona dentro do sistema de educação do Brasil. E talvez sua virtude na gestão da pasta tenha sido fruto de seu maior defeito.

Uma coisa que sempre me incomodou no Abraham foi a dependência que ele tem da figura do irmão. Mais do que isso, porém, a soberba com que ele sempre tratou "os Weintraub", como se fossem eles oriundos de uma casta, ou elite, brasileira cujas capacidades intelectuais e de realizações fosse algo muito acima de nós, meros mortais. E essa soberba é a tal virtude a que considero também o maior defeito, uma vez que, de fato, eles só se tornaram as figuras conhecidas que são graças a oportunidade que tiveram no governo Bolsonaro.

Se não podemos dizer que os irmãos Weintraub saíram do Brasil "fugidos", não é errado afirmar que Bolsonaro criou as condições necessárias para que saíssem, pois naquele momento, independente de concordar com o que Abraham disse na reunião ministerial, ele, principalmente, corria o risco de ser preso, e provavelmente seria.

Se ambos os irmãos têm capacidades intelectuais que os qualificam para exercer as atividades que exerceram, nenhum dos dois reunia cacife político para tanto. Foi a porta aberta pelo governo Bolsonaro que jogou luz sobre ambos, independente de serem previamente bem sucedidos profissionalmente.

No exterior, ambos exploraram ao máximo a fama que obtiveram por terem participado do governo e pela maneira que saíram do Brasil, pela qual o presidente foi diversas vezes acusado de protegê-los quando os indicou para cargos que dificilmente ocupariam apenas pelos seus belos olhos.

Sim, Bolsonaro protegeu os irmãos Weintraub ao mandá-los para os Estados Unidos, protegeu do STF que, por enxergar na fala de Abraham o mesmo "crime de opinião" que prendeu Oswaldo Eustáquio, Daniel Silveira e Roberto Jefferson, teria perturbado suas vidas mesmo que fosse de maneira injusta.

O retorno dos irmãos ao Brasil, portanto, acontece de maneira muito estranha. Por que agora e sem medo? Quem costurou o retorno deles com o judiciário para que voltassem seguros de não serem incomodados pela justiça? Mas, o mais estranho: por que retornaram em oposição a Bolsonaro e apoiando Sérgio Moro?

Teriam os irmãos Weintraub encontrado com Sérgio Moro nos EUA? Teriam eles articulado esse apoio ao ex-juiz lá e por isso em dado momento Abraham começou a falar em oposição ao presidente que não apenas o projetou como também garantiu condições de sair do Brasil para não correr o risco de ser preso?

As redes sociais parecem ter dado aos irmãos Weintraub a certeza de que seriam eles os salvadores do Brasil. Alimentados por seguidores ávidos por idolatrar alguém, de entrevista em entrevista, live em live, entenderam eles que bastaria voltar e Abraham se candidatar ao governo de São Paulo já estaria eleito? É algo que eles mesmos terão que descobrir. Para isso, porém, terão que pagar o preço de ser vidraça depois de tanto tempo sendo pedras.

A curiosidade agora fica por conta de ver até onde ambos estarão dispostos a chegar em nome desse delírio soberbo, além de cuspirem com tanto desprezo no prato que comeram, começando por tratar mal pessoas que abriram espaço para eles na vida pública e nas redes sociais.

Novamente reafirmo que não há como retirar méritos das qualificações de ambos. Mas a questão agora não é de meritocracia e sim de caráter, e nesse quesito, até então, eles começam a mostrar realmente quem são.

Se for confirmado o apoio dos irmãos Weintraub ao ex-juiz Sérgio Moro, estaremos diante de um quadro de ingratidão e traição dignas do apoiado, e não será errado pensar que a costura desse retorno foi tramada em solo norte americano e concluída nos bastidores de um judiciário sempre disposto a acolher traidores.

O curto prazo vai nos mostrar em detalhes a verdade sobre os fatos.

Deixo como última consideração que era favorável a candidatura de Abraham Weintraub ao governo de São Paulo por entender que ele teria mais "caixa" político do que Tarcísio de Freitas para enfrentar os outros postulantes ao cargo. Mas tenho que admitir: Bolsonaro tinha razão.

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