"Teje preso!" O Viagra da desmoralização.
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"Teje preso!" O Viagra da desmoralização.

Derrotado, Omar Aziz precisava encerrar o ciclo de desmoralização da CPI com um Gran Finale.

HS Naddeo
4 min
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Roberto Dias! 👀
Roberto Dias! 👀

Foi com essa cara que Roberto Dias, ex-assessor de logística do Ministério da Saúde, exonerado na semana passada por supostamente ter pedido a um PM de Alfenas, Minas Gerais, que ninguém entende como mas estava ofertando vacinas ao governo federal, ao ouvir o senador acusado de desviar 260 milhões de reais da saúde do Amazonas dar-lhe voz de prisão.

Roberto Dias foi preso pelo crime que, segundo a advogada Ludmila Lins Grilo, não existe. E o mundo jurídico parace concordar com ela. Até mesmo alguns dos comparsas de Omar Aziz discordaram dele, porque sabem que ele estava cometendo um crime. A imprensa, claro, aplaudiu. Enfim prenderam alguém nessa CPI. Essas seriam as manchetes se não ficasse tão escancarado escrever assim.

Omar Aziz prendeu um sujeito porque definiu por convicções próprias e sem uma prova cabal que o depoente mentia. Ele, ali, definiu o que é mentira e o que é verdade. Saiu do papel de inquiridor e assumiu o papel de juiz. Ele, um senador investigado por desvio de dinheiro da saúde prendendo um sujeito por uma propina que ele nunca que recebeu e que não é possível saber ainda se pediu ou não.

Não há aqui nenhuma defesa prévia do senhor Roberto Dias. Nunca tinha ouvido falar e provavelmente não ouviria ou não daria importância ao nome se não fosse esse caso esdrúxulo que gasta tempo para investigar o que possivelmente não aconteceu e que definitivamente não se concretizou. A palavra de um quadro técnico do ministério da saúde contra a palavra de um PM de Alfenas, interior de Minas Gerais, que teria disponibilidade de vender 400 milhões de doses de vacinas enquanto o mundo se degladia atrás delas.

A confirmação de que foi indicado/escolhido por Mandetta através de currículo, e a total dissociação dele com o deputado Ricardo Barros desmontou  a outra parte da falácia de que Roberto Dias faria parte de um conluio para roubar dinheiro da saúde. A sensação é de que esses senadores devem se sentar e imaginar como fariam para roubar dinheiro, então aplicam essa tese nas acusações que fazem. Ou, no mínimo, conhecem bem como funcionava na época em que eles eram os "vendedores de vacinas".

Então, não teve jeito. Derrotado, Omar Aziz precisava encerrar o ciclo de desmoralização da CPI com um Gran Finale. Se é pra desmoralizar, que seja com demonstração de autoridade. E mandou prender Roberto Dias para provar que é macho. Mas não ficou nisso. O trem foi tão feio que foi parar no plenário da casa, e Omar Aziz, ainda sob efeito do Viagra da sua falsa honradez, emparedou o presidente da casa, senador Rodrigo Pacheco, rebaixando o colega a substrato de pó de mico diante de seus colegas, dos jornalistas, e dos desavisados que assistiam a TV Senado no momento e não tiveram tempo de tirar as crianças da sala.

Até advogados que não tenha lido livros de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes na sua formação sabem que nessa CPI estão sendo cometidos diversos crimes, como constrangimento, ameaça, coerção, abuso de autoridade, além da produção industrial de calúnias e difamações contra diversas pessoas e instituições públicas e particulares.

Não bastasse a atuação espúria do judiciário brasileiro nas altas cortes, uma CPI que se avoca de direitos de juiz e de polícia em nome da perseguição descabida a um presidente da república tem que ter um limite. É comum nós referimos à CPI como espetáculo circense, mas é na verdade uma tragédia, mais triste que as gregas. Uma encenação diária de falsidades, inverdades, ataques aleatórios, nulidades travestidas de autoridade científica e política, desinformação, sensacionalismo. A CPI já concorre com os programas de TV que exploram a miséria humana, porque o povo gosta disso.

Omar Aziz é a prova da falta de representatividade que tem muitos e muitos políticos que, sabe-se lá como, se elegem e reelegem em prol de seus interesses pessoais, nada a ver com município, estado, país, povo, democracia ou salvar vidas. As únicas vidas que realmente importam são as deles.

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Se pessoas como Omar Aziz não foram estirpadas da vida pública, além de responsabilizadas e punidas pelos seus crimes e desvios, essa será a nossa cara, ao menos pelos próximos 20 anos. O Brasil não suporta mais políticos dessa estirpe, gângsters reais, e eles estão se recusando a sair do jogo, e não se importam em quebrar um país ou sapatear em cima de mais de 500 mil vítimas de uma doença com a qual colaboraram para sua disseminação.

Mas está é só uma face do problema que vivemos. Só uma frente da guerra para derrubar Jair Bolsonaro a qualquer custo, de preferência antes das eleições de 2022, porque nas urnas, honestas, com votos auditáveis, com contagem pública de votos, eles sabem que não levam. Por isso precisam derrubar o voto impresso auditável agora.

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