Terceira Via – O chove não molha de 1,5 bilhão de reais
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Terceira Via – O chove não molha de 1,5 bilhão de reais

Desde que a famigerada Terceira Via nasceu todos sabem para onde ela levaria: os cofres do fundo partidário. A junção de PSDB, MDB, União Brasil e Cidadania é acima de qualquer coisa um negócio de 1 bilhão e meio de reais extraídos dos pagado...

HS Naddeo
7 min
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Agora a Terceira Via vai. Opa! Não! Pera! Acho que vai dessa vez. Ufa! Quase! Será que agora vai?

Desde que a famigerada Terceira Via nasceu todos sabem para onde ela levaria: os cofres do fundo partidário. A junção de PSDB, MDB, União Brasil e Cidadania é acima de qualquer coisa um negócio de 1 bilhão e meio de reais extraídos dos pagadores de impostos, concordem eles ou não. O que emperrou, de fato, a parceria até agora não tem nada a ver com quem seria ou será cabeça de chapa nesse juntamento, mas com quem vai entrar com quanto e quem vai ficar com o controle do caixa. Eis a verdade, e eis aí o motivo pelo qual foram expelidos Sérgio Moro e João Doria. Não que Moro quisesse controlar o caixa, mas seu nome suscitaria investimentos maiores mesmo sabendo que ele não ganharia. Já João Doria solicitaria investimentos e a chave do caixa.

Ontem, 8/6/22, sem a presença do União Brasil, PSDB, MDB e Cidadania anunciaram que Tebet seria a candidata do grupo à presidência e Tasso Jereissati o candidato a vice compondo a chapa. Mas nada na Terceira Via tem durado mais de 24 horas, e hoje já existe a conversa de que o União Brasil pode voltar a agregar seus 785 milhões de reais de fundo partidário aos 787 milhões dos 3 partidos, elevando novamente o montante para 1,5 bilhão de reais. Contudo, porém, entretanto, voltaria-se à estaca zero quanto aos nomes que estariam nas urnas para perder juntos representando o grupo.

Segundo matéria da revista Carta Capital, apesar de ter sido anunciado como candidato à presidência por um União Brasil independente, Luciano Bivar teria dito que estaria disposto a apoiar Fernando Haddad para o governo de São Paulo, o que convenhamos, não faz o menor sentido. Como esse apoio provavelmente não estaria restrito a subir no palanque de Haddad, mas sim, também, pôr dinheiro nesse disparate, talvez essa seja uma boa explicação para a retomada da conversa com a Terceira Via.

Entre outras coisas, essa postura atrapalharia os planos destes partidos na disputa pelo governo paulista, criando um racha que favoreceria ainda mais Tarcísio de Freitas, que conta com o apoio e incentivo de Bolsonaro que, certamente subirá no seu palanque quantas vezes forem necessárias. Segundo o site Metrópoles, há inclusive uma ala do União Brasil da qual Moro faz parte que sugere que o partido apoie a candidatura de Tarcísio ao governo de São Paulo, quebrando assim um acordo de apoiar as pretensões à reeleição de Rodrigo Garcia.

Não vai.

E como tudo é muito dinâmico nessa história, enquanto escrevo este artigo o site Diário do Poder informa que o União Brasil se afastou novamente do PSDB. O imposto único, bandeira defendida por Bivar e completamente rechaçada pelo PSDB seria o grande entrave, mas, muito provavelmente, o entrave maior se dá pelo caixa único, pois, volto a lembrar, sozinho o União Brasil entraria com metade do bilhão e meio de reais que comporia a Terceira Via caso o partido se agregasse a ela.

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Convenhamos. É muito difícil conciliar tantos interesses distintos, em tantos estados, com tantas pretensões regionais absolutamente díspares das pretensões nacionais, ainda mais com um caixa tão vultuoso quanto o do União Brasil. Há conflitos de interesses em diversos estados, dentre eles estados eleitoralmente importantes como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, além de rivalidades e vaidades que teriam que ser driblados com maestria demais para tão poucos talentosos articuladores. Bivar não tem essa capacidade. Nada hoje em um fundo partidário obtido às custas da figura de Bolsonaro e que ele sabe que não se repetirá nessa eleição. As chances do União Brasil fazer o mesmo número de deputados e senadores que fez em 2018 é de improvável à impossível.

Bruno Araujo padece do mesmo mal de Bivar. Fosse ele um grande articulador o PSDB não teria vivido tantas disputas e indefinições internas como vem vivendo. Pelo MDB então é ainda pior. Baleia Rossi é o presidente de um partido que tem uma ala comandada por Renan Calheiros que vai apoiar Lula de qualquer maneira e que desde o início trabalha para sabotar a candidatura de Simone Tebet. Sem falar no morto/vivo Michel Temer, outro sabotador nato que ainda dá suas cartadas no partido. O Cidadania… Não vou perder tempo com Cidadania. Não serve para nada, não manda em nada e vai aonde o dinheiro do fundo partidário dos outros mandar. Roberto Freire é um parasita de dinheiro público e vai morrer assim.

De fato, o que veremos nas eleições de outubro, tanto do lado da Terceira Via quanto do lado do União Brasil é uma gastança de dinheiro desnecessária, improdutiva e sem força suficiente, juntos ou individualmente, para mudar uma realidade provável que é a falta de nomes e confiabilidade para almejar algo mais do que eleger deputados estaduais, federais e alguns poucos senadores. Posso até estar enganado, mas não consigo enxergar diferente disso.

Rodrigo Garcia não tem força para se reeleger governador em São Paulo, Marcos Pestana não tem chance de se eleger governador no Rio de Janeiro, Eduardo Leite dificilmente consegue um segundo mandato ao governo do Rio Grande do Sul, esse quadro se estende à Santa Catarina, ao Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas… Estes partidos não tiveram competência para produzir políticos capazes de se firmarem como lideranças em seus estados e pagarão o preço por terem passado 3 anos e meio fazendo campanha contra o governo federal ao invés de governarem para o povo e, assim, se afirmarem como partidos e políticos capazes de algo além de tentar, em vão, sabotar Bolsonaro. Estão entre eles, PSDB, MDB, Cidadania e União Brasil, os principais responsáveis por promover lockdowns, geração de desemprego, quebradeira de empresas e empresários e desvio do dinheiro federal destinado ao combate à pandemia, e o povo sabe disso.

O lado mais triste disso tudo é que além do fato de ser líquido e certo que nenhum dos presidenciáveis deste grupo chegará a um segundo turno é que se Bolsonaro não fechar a fatura já no primeiro turno todos se alinharão contra ele não importa quem seja seu oponente, inclusive Lula – que, mais uma vez insisto, sou convicto de que desistirá de sua candidatura de um jeito que possa se transformar em mártir e assim transferir votos para um poste qualquer, muito provavelmente Fernando Haddad novamente. E Lula tem dado sinais subliminares de que isso pode acontecer, mas só acontecerá nos acréscimos do segundo tempo para que a militância não disperse. A insistência do TSE em manter Daniel Silveira inelegível pode ser uma boa pista (e um enorme favor da corte) para isso, o atual quadro de covid de Lula outra.

Em se tratando de tanto dinheiro, convenhamos, Terceira Via é um nome bem bonito para Caixa 2, não é?

*Artigo publicado originalmente em nopontodofato.com no dia 9/6/2022


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