Todos fecham os olhos para os crimes de Lula.
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Todos fecham os olhos para os crimes de Lula.

...se Alckmin vai para o PSD ou PSB, quem.vai decidir é Lula.

HS Naddeo
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O abraço está entre os gestos mais significativos desenvolvidos pelo ser humano. Raramente se abraça um estranho ou um inimigo. Medimos o calor da nossa relação com outra pessoa através de um abraço, ou quando ele não acontece. Abraços podem até ser protocolares em alguns momentos, e são praticados protocolarmente, e, nesses casos, não se espera que haja expressões sentimentais nesse tipo.

O contraponto do abraço entre Lula e Geraldo Alckmin registrado nessas duas fotos deixa claro quem manda e quem obedece. Enquanto Lula não esboça o menor vestígio de sentimento enquanto abraça Akckmin, este fecha os olhos enquanto dá e recebe o abraço (totalmente protocolar) de Lula, como quem abraça o redentor. Vir a ser vice de Lula é a redenção da carreira política de Akckmin, e até de ambos. Alckmin, porém, tem tudo para ser rapidamente esquecido pela história. Até mesmo nesse intervalo de 2018 para cá mal nos lembravam os dele. Lula, porém, não importa o tamanho da derrota, ainda vamos ouvir muito esse nome. A história ainda fará os registros corretos desse embuste. Então, para quem tem uma carreira acabada como Akckmin, tem pouco a perder.

Lula não tem sentimentos. Para ele tudo é negócio. Não faz muitas demonstrações de carinho em público, e quando faz é na base do discurso, geralmente exagerando ou mentindo, quando vale dizer qualquer coisa que faça a plateia aplaudir. E seu olhar enquanto é abraçado por Alkmin evidencia que trata-se apenas de mais um negócio. Lula não tem afeto por Alckmin e sabe que Alckmin não acrescenta nada sendo seu vice na chapa candidata a presidência, portanto temos que entender melhor que negócio está por trás desse abraço.

São três os partidos envolvidos nessa maracutaia. O PT, que não deixaria de estar encabeçando a maracutaia, o PSB e o PSD de Kasssb, esse um personagem importante na história. Kassab é o político sem mandato que mais manda nesse país. Seu partido fez alguns prefeitos em cidades importantes como Belo Horizonte. Tem 12 senadores: Omar Aziz, Anastasia, Angeli Coronel, Carlos Fávaro, Carlos Viana, Irajá, Lucas Barreto, Nelsinho Trad, Sérgio Petecão, Vanderlan Cardoso e ninguém menos que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Se Alckmin se filiar ao PSD de Kassab, traz, em tese, essa bancada em apoio a sua candidatura. Anastasia está indo para o TCU, portanto uma vaga a menos. Dos 11 que faltam, apenas Omar Aziz e Otto Alencar terão que disputar a reeleição, com o PSD mantendo um mínimo de 9 senadores, 11,11% do total de senadores, o que não é nada mal. O PSD governa o Paraná e Sergipe. Já o PSB não tem senadores e governa 3 estados, Espírito Santo, Maranhão e Pernambuco, sendo os dois últimos muito estratégicos para as pretensões de Lula. O PSD governa três capitais, e está entre os partidos que governam 43% da população brasileirs. Já o PSB governa duas capitais e não tem a mesma capilaridade que seu concorrente para brigar pela alma penada de Akckmin.

No entanto, se Alckmin vai para o PSD ou PSB, quem vai decidir é Lula. O PSB vem de Márcio França para o governo de São Paulo, que ainda terá Boulos, Haddad e o vice de Doria, Rodrigo Garcia, na disputa. Lula ganha em qualquer cenário que não seja Rodrigo Garcia, mas dependendo do segundo turno presidencial, fica bem em São Paulo até com ele. O partido ainda terá Marcelo Freixo tentando o governo do Rio e Flávio Dino deve tentar o senado pelo Maranhão. O PSD tentará o governo de Minas Gerais com Kalil - que só ganha se Romeu Zema não estiver no páreo. Aí, de repente, não mais que de repente, Sérgio Moro cogita Romeu Zema para vice, que, se a pegadinha dá certo e mexe com os brios do mineiro, deixa a porta aberta para Kalil, e para Kassab. Da mesma maneira, ter Akckmin como vice, mesmo que não acrescente nada mas saia dos cenários nos quais poderia ser competitivo e inimigo, casos dele tentar o Senado ou o governo do Estado, passa a ser uma boa jogada. O paulista ainda manifesta certa admiração pelas administrações de Akckmin. Melhor tê-lo debaixo da asa e sob controle.

Não se engane. Esse não é um simples abraço de afogados, e é bem mais do que a criatura abraçando seu novo mestre. O contraponto dessa imagem é a expressão do que só pensa em si contra a expressão do que não pensa em ninguém, ambos sinalizando as duas coisas ao mesmo tempo. Alckmin quando fecha olhos em sinal de redenção tanto se sente salvo quanto se compromete e abraça a causa que ele disse combater até então. Lula quando não move um fio de sobrancelha enquanto sente o abraço derrotado de Alkckmin. É ele e sabe-se o resto.

Geraldo Alckmin apaixonou-se por Lula. Deu um humilhado abraço de arrependimento, uma cena melancólica - até para o político melancólico que ele sempre foi. Lula devolveu um humilhante abraço de "eu te perdoo". E assim a psicopatia e a Síndrome de Estocolmo andarão de mãos dadas em uma campanha eleitoral na qual um vai mentir deslavadamente e o outro será apresentado como testemunha, o antigo inimigo que reconheceu ser Lula o caminho para salvar o Brasil.

Um conselho. Sempre que um nome, que você considera bom, estiver sendo cogitado para ser vice de alguém ou sair do cargo para uma candidatura não muito promissora, tente olhar o que pode ter além desse fato em si. É muito comum lançarem candidaturas que servem para tirar personagens de disputas nas quais eles têm boas chances. Muitos acabam cedendo à tentação ou orientação do partido e entrando em roubadas que lhes custam uma reeleição segura ou a própria reputação.

O jantar entre Lula e Akckmin tem o mesmo valor que o jantar entre Moro e Dória. Cada lado articulando uma frente para disputar com Bolsonaro e não entre eles mesmos. Serão duas frentes que irão fortes contra o presidente, e por esse abraço da foto podemos esperar de tudo, principalmente em um segundo turno. Já não duvido que possamos ver um abraço desses entre Doria e Lula, ou porque não de Moro em Lula? E eu aposto que ambos fechariam os olhos como Akckmin fez. Contra Bolsonaro, todos fecham os olhos para os crimes de Lula.

Ainda teremos muitas surpresas até outubro de 2023, e temo por muitas das hipóteses factíveis. Vejamos o que acontece. De olhos bem abertos.

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