Como já disse em outros artigos, a candidatura de Sérgio Moro tem função e não propósito. Sua função é falar mal e tentar tirar votos de Jair Bolsonaro. Não há propósito de se eleger.
Sérgio Moro foi o entrevistado de ontem de Augusto Nunes no programa Direto ao Ponto na TV Jovem Pan. A bancada foi composta também por José Maria Trindade, Leda Nagle, Paula Leal e Fábio Zanini. Augusto Nunes costuma se referir às sabatinas do Senado como "chá de senhoras". Me aproprio da ironia para dizer que foi isso o que vimos em duas horas de Sérgio Moro. | ||
Esperar consistência das respostas de Moro é querer demais. Quando o chamo de "o genérico" é porque ele é incapaz de ser profundo ou diferenciado em qualquer coisa que fala. "Temos que reduzir a inflação, cortar gastos públicos, gerar empregos, combater a corrupção...". Quem nunca ouviu um político falar isso em campanha eleitoral que atire a primeira pedra. Mas de preferência nele por ser tão cara de pau. | ||
Como já disse em outros artigos, a candidatura de Sérgio Moro tem função e não propósito. Sua função é falar mal e tentar tirar votos de Jair Bolsonaro. Não há propósito de se eleger. Moro reúne o ódio da esquerda e da direita, e não existe um centro capaz de viabilizá-lo como concorrente sério à vaga de presidente. Vai morrer no primeiro turno se levar até lá essa candidatura. O mais provável é que saia candidato ao senado, e que torça para ser eleito. | ||
O que chamou a atenção, no entanto, não foi a obviedade de Moro, mas a parcimônia dos entrevistadores. Um verdadeiro chá de senhoras. Perguntas amenas, respostas evasivas e falaciosas, e nenhum aperto, nenhum confronto sério que o constrangesse diante da verdade dos fatos. Foi tipo "minta à vontade que nós não vamos apertá-lo". E assim ele fez. Um contraste enorme com os comentários que nos acostumamos a ouvir de Augusto Nunes e José Maria Trindade em Os Pingos Nos Is, Leda Nagle no seu canal do YouTube, Paula Leal na editoria da Revista Oeste e Fábio Zanini na Folha de São Paulo. | ||
Não se pode dizer que Sérgio Moro foi adulado pelos entrevistadores, mas foi poupado de temas como desarmamento, aborto e liberação das drogas e não foi devidamente apertado quando se falou de STF e MBL, deixando assim que a superficialidade do entrevistado revelasse o quão cru e desonesto ele é politicamente. Quem sabe foi de propósito para que pudéssemos vê-lo exatamente como ele é? | ||
O fato é que Sérgio Moro não é via nenhuma, nem terceira, nem quarta, nem última. Aparece nas pesquisas empatado com Ciro Gomes, mas como confiar nessas pesquisas que colocam Lula em primeiro lugar? Aliás, mal falou de Lula, mas não perdeu uma única oportunidade de falar mal de Bolsonaro. Atribuiu a inflação mundial à Pandemia e à guerra, mas no Brasil a culpa é de Bolsonaro. Não falou de seu posicionamento a favor das prisões arbitrárias durante a pandemia, não falou de sua aliança com Mandetta e Doria, não falou de sua associação explícita com Diogo Mainardi, mal falou de si mesmo, porque nem tem mesmo o que falar. | ||
Não tenho receio de inferir que foi a pior entrevista produzida pelo Direto ao Ponto desde sua estreia. Mas realmente o convidado não ajudou, só foi ajudado. | ||
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