Não existe conflito entre ciência e religião!
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Não existe conflito entre ciência e religião!

A ciência e a religião parecem não se entenderem muito bem, e poucos assuntos deixam isto tão evidente quanto as questões: De onde viemos? E para onde vamos?

NCP
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A ciência e a religião parecem não se entenderem muito bem, e poucos assuntos deixam isto tão evidente quanto as questões: De onde viemos? E para onde vamos?

Curiosamente, estas são questões das mais diversas religiões e das mais diversas ciências. Não há religião que se construa sem tentar responder estas questões e não há ciência, seja básica, ou aplicada que, a seu modo,  não tente dar alguma colaboração a estas dúvidas existenciais.

Quando o assunto é criação x evolução, chamamos até de dualidade. E a dualidade aqui implica que se uma estiver certa, a outra está errada. Curiosamente, há outra dualidade famosa na física, a onda x partícula, e neste caso, algo pode ser ao mesmo tempo onda e partícula. E, talvez, a dualidade onda x partícula tenha explicado  a dualidade criação x evolução, sem que tivéssemos percebido.

O conflito parece existir e há uma infinidade de conteúdos que se valem desta pseudo verdade. Para muitos a busca pela verdade se justifica mais pelo provar que o outro está errado do que qualquer razão mais proveitosa.  Ainda que não se possa provar a teoria que se defende, o importante é afirmar que a outra está errada.

Criação x Evolução - imagem pública
Criação x Evolução - imagem pública

A dualidade onda x partícula é observada no comportamento da luz, ela se propaga como uma onda, mas ao ser observada de forma microscópica ela também apresenta comportamento de partícula, e os dois comportamentos são observados ao mesmo tempo.

Já a dualidade que envolve a ciência e a religião tem a propriedade inversa, a existência de uma nega e possibilidade da realização da outra. De forma mais clara seria dizer que se Deus criou o mundo ele não pode ter surgido de forma autônoma, natural, e por extensão isto nega a existência de um criador.

A partir destas duas propostas cada um toma um partido e aí é tratar da existência de forma isolada, seja pelo olhar científico, seja pelo olhar religioso. Mas não perdendo de vista que um necessariamente é a negação do outro.

Daí o debate ir parar no que aprendemos nas escolas é só questão de tempo, em algum momento as sociedades questionam se aquilo que é dito às crianças nega a religião, seja ela qual for, ou se nega a ciência.

Imagine se pudéssemos pensar a dualidade criação x evolução como verificamos a dualidade onda x partícula. Como seria entender que as duas concepções podem ser possíveis ao mesmo tempo?


Mas como isto poderia ser razoável?

A resposta deve estar na forma que a religião e a ciência é concebida.

A religião é uma concepção da relação do homem com o divino, e esta concepção parte do divino. É a divindade, em qualquer religião, que se revela e, nesta revelação nos conta como tudo foi criado. Estou desprezando aqui o fato da revelação ter sempre a intermediação humana. O que vale neste ponto é a crença de que aquilo veio de alguém que observa a criação de fora.

A ciência, por sua vez, é a relação do homem com a criação, está concepção parte da observação. É a capacidade humana de identificar padrões e variações que torna o entendimento da natureza possível. De dentro para fora.

Em nenhum momento as duas narrativas são, por si só, conflitantes, elas só se tornam contrárias quando se tenta contrapô-las. O fato é que elas não são teorias de mesmo tipo, elas partem de pressupostos muito distantes.

No primeiro caso, é o todo olhando para o particular, é o de fora para dentro. No segundo caso, é o particular olhando para o todo, é o de dentro para fora.

Não precisa haver ponto comum entre criação e evolução, mas isto não implica que elas não sejam duas possíveis explicações do mesmo fato, vistas de perspectivas não só diferentes, como distantes entre si.

E ainda podemos ir além, não raro, um estudante da religião se encontra com a negação da divindade, como também não raro, um cientista intui que não é possível não haver um criador. E nenhuma destas posições é estanque.

A dualidade onda x partícula explica essa variação no comportamento humano, eu e você podemos em momentos distintos da vida, sermos criacionistas ou evolucionistas, bem como podemos estudar a religião, como algo que nos aproxima de um ser criador, enquanto que, em outro momento, estudamos a evolução, como algo útil em outro contexto.

Quantos conflitos desnecessários há neste mundo? Quão raro não vemos guerras intransponíveis por questões tão sem sentido? A ciência e a religião tem sido a pólvora e o combustível destes eventos. 
Será que faz algum sentido alimentarmos esta quirela?