DENTINA
DENTINA | ||
A dentina é composta por aproximadamente 70% de material inorgânico, 20 % de material orgânico e 10% de água. As porcentagens são aproximadas em virtude da mineralização constante da dentina, sendo, portanto, variável com a idade e condição bucal. | ||
A porção inorgânica da dentina constitui-se principalmente de cristais de hidroxiapatita - Ca 10 (PO4)6 (OH) 2 . Os cristais são formados por milhares de unidades possuidoras da fórmula química destacada. Já a porção orgânica é constituída principalmente por colágeno (91%). A maior parte do colágeno é do tipo I, mas existe uma quantidade pequena de colágeno tipo V. | ||
A matriz de dentina é constituída basicamente de colágeno e proteínas não colágenas. O colágeno representa 90% da constituição da matriz orgânica dentinária e forma a base para deposição de cristais de fosfato de cálcio para formar hidroxiapatita. Por outro lado, as proteínas não colágenas (fosfoproteínas e sialoproteínas dentinárias-DPP e DSP, osteocalcina, proteína da matriz dentinária I– DMPI, osteoproteína, osteonectina e fatores de crescimento) estão relacionadas com o controle do cálcio extracelular, regulação do crescimento e forma dos cristais e adesão celular à pré-dentina. DPP e DMPI são fosfoproteínas ácidas que estão provavelmente envolvidas no controle do processo de mineralização. A DSP é expressa inicialmente por odontoblastos jovens enquanto a pré-dentina é sintetizada. | ||
A osteopontina (OPN) e a osteonectina (ONN) também são sintetizadas pelos odontoblastos. A Osteopontina tem alta afinidade por colágeno e hidroxiapatita e a maior quantidade parece estar associada com os locais primordiais de calcificação que ocorrem dentro da dentina do manto. | ||
Os fatores de crescimento (fator de crescimento epidermal - EGF, fator de crescimento de fibroblasto - FGF, proteína morfogenética óssea - BMP, fator de crescimento tumoral beta I - TGF-β1) são produzidos por diferentes tipos celulares e possuem várias funções como: estimulação ou inibição de proliferação celular, direção da migração celular, promoção da diferenciação celular, estimulação da síntese proteica. | ||
A dentina formada durante o desenvolvimento dental é denominada de dentina primária, enquanto a dentina que se forma fisiologicamente durante o desenvolvimento completo do dente é chamada de dentina secundária. A dentina secundária relaciona-se diretamente com a dentina primária que é altamente mineralizada, mas há alguns sinais de diferenciação entre elas. | ||
A formação da dentina secundária é lenta e contínua e reduz o volume da câmara pulpar. O número e o trajeto dos túbulos dentinários são mais irregulares devido ao agrupamento progressivo dos odontoblastos á medida que caminham em direção à polpa. Quando de restaurações ou cárie, ocorre a formação de dentina subjacente à área de contato com a área exposta. Essa dentina é mais irregular e pode ser denominada de dentina reacional. A sua estrutura é irregular, podendo inclusive conter inclusões de células e em algumas áreas pode-se não observar túbulos dentinários (dentina atubular). | ||
Espaço Periodontoblástico | ||
Localiza-se entre a parede do túbulo dentinário e o processo odontoblástico. | ||
Este compartimento contém líquido tecidual e alguns constituintes orgânicos como fibras colágenas, importantes no desenvolvimento das mudanças no tecidodentinário. O processo odontoblástico e o material orgânico no interior dos túbulos dentinários representam o tecido mole da dentina. | ||
O fluido presente no espaço periodontoblástico ocupa aproximadamente 22% do volume total da dentina e sua composição assemelha-se ao plasma sanguíneo. Sabe-se que a pressão interna da polpa é de aproximadamente 10 mmHg. | ||
Dentina Peritubular | ||
Parte da dentina mineralizada que desenha os túbulos dentinários é denominada de dentina peritubular. É caracterizada pelo alto conteúdo mineral, pois uma quantidade escassa de matriz orgânica remanesce após a desmineralização da dentina peritubular, consistindo praticamente de algumas fibras colágenas. A remoção dessa porção da dentina pelos agentes condicionadores ácidos, durante os procedimentos restauradores aumenta o diâmetro dos túbulos dentinários e consequentemente a permeabilidade dentinária. | ||
Devido ao alto grau de mineralização, a dentina peritubular serve de reforço estrutural para toda a dentina intertubular dando mais resistência mecânica ao dente. | ||
Dentina Intertubular | ||
A dentina intertubular é encontrada entre os aros de dentina peritubular que forma o arcabouço dos túbulos dentinários e constitui o corpo da dentina circumpulpar. Sua matriz orgânica contém uma quantidade abundante de fibras colágenas orientadas em ângulo reto em relação aos túbulos dentinários. | ||
Permeabilidade Dentinária | ||
Os túbulos dentinários representam a via de difusão de fluido através da dentina. À medida que se tem um aumento no diâmetro e no número de túbulos dentinários, tem-se um aumento da permeabilidade dentinária. | ||
A concentração de túbulos dentinários no corpo da dentina aumenta em direção ao tecido pulpar, sendo que próximo à junção amelo-dentinária representa somente 1% da área total da superfície dentinária, enquanto próximo á polpa chega a 45%. Assim, deve-se considerar que num preparo cavitário profundo a dentina da parede pulpar é muito mais permeável que aquela dentina encontrada num preparo mais raso. | ||
Quando de uma lesão cariosa, é possível observar histologicamente uma alteração pulpar mesmo sem constatação de infecção. O que denuncia que produtos tóxicos do metabolismo bacteriano atingem o tecido pulpar antes que os corpos bacterianos o façam. |