Giro do final de semana #3, 29/08/2022
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Giro do final de semana #3, 29/08/2022

Haaland, Manchester City, Grêmio, Antony, Paquetá, De Ketelaere, Lewandowski, Barcelona... Giro do final de semana!

Jorge Luiz Filho
6 min
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Haaland no City - Seu início de 2022/23 entrega sua qualidade e também a do time

No início da temporada, comentei que achava que Haaland demoraria a se adaptar ao City, dizendo inclusive que o arranque de 2022/23 de Darwin Nunez, no Liverpool, seria melhor que o do norueguês.

Isso por conta de uma questão de estilos.

Haaland sempre mostrou sua melhor versão jogando com espaços, correndo para atacar eles, trombando muito, sendo uma grande ameaça sem bola e, quando não na frente do gol, não uma grande ameaça com a bola no pé.

No City, em 99,9% do tempo o cenário será oposto: pouco espaço, vs defesas muito fechadas, jogando muito de costas, tendo menos buracos para atacar e tendo que jogar mais de costas, dando passes.

Darwin é mais ou menos esse jogador, mas o Liverpool é mais direto e joga mais no cenário em que esses atacantes estão acostumados.

Bom, Haaland ainda não está adaptado, ainda tem muito o que melhorar, mas eu claramente estava errado.

E não pela análise em si, mas sim por ter ignorado o principal: o talento, que é o motor do esporte. Haaland tem isso de sobra.

Mesmo não adaptado, numa Liga diferente, segue com a sua média de gols absurda.

Mantém um grande nível mesmo não estando no melhor dos contextos (ainda), o que também diz muito sobre o City, que oferece argumentos pra Haaland marcar e recebe em troca uma constante ameaça ofensiva.

Sigo ansioso pra acompanhar a evolução de Haaland na Inglaterra.

A tendência é só melhorar.

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Grêmio - Um conjunto de jogadores nem sempre é um time

Venho acompanhado um pouco do Grêmio nas últimas semanas, muito pela minha recente participação na Rádio Guaíba.

Após mais uma derrota, reforço o que comentei na rádio: complicado gerir expectativas jogando a Série B.

O Grêmio é um dos maiores times do mundo.

Como explicar para a sua torcida que um revés ou outro contra Ituanos acaba sendo normal? Sim, estranho, mas um tanto normal um ou outro, pois a Série B tem outro estilo, que não o do seu treinador e nem o do seu time, até porque seu time parece não ter um estilo definido.

Não que tenha que ter, mas falta uma identidade ao Grêmio.

Um tropeço contra um Ituano é normal. Já uns 5, não.

A nível de material humano, pensando numa possível Série A em 2023, há que contratar basicamente um outro time.

Mas o problema atual não é técnico, longe disso, até porque os jogadores do tricolor são melhores que os da média da Série B.

O problema é identidade mesmo, caráter, uma cara, um conjunto, uma sintonia.

O Grêmio é um conjunto de jogadores, não um time.

Não parecem estar na mesma direção porque nem deve ter uma direção, e no meio dessa confusão toda, vem Ituanos, CRBs, Chapecoenses...

O Grêmio deve subir. E terá que trocar grande parte do time.

Mas será preferível manter os mesmos jogadores e ter uma cara do que contratar um time novo e seguir parecendo um conjunto de peças.

Antony e Paquetá - Já que não é a melhor, a Europa compra os melhores

Para fechar a janela, após Casemiro e cia, mais dezenas de milhões em Antony e Paquetá.

Não vou nem puxar os dados de grana aqui, até porque a mensagem desse tema é curta: a Europa não é a melhor; ela compra os melhores.

Os melhores estão aqui, na América do Sul, na África...

A Europa precisa comprar o talento, o diferente, o algo novo. E isso ela encontra aqui.

O sonho de um Manchester United era ter a base de um Fluminense, mas lamento informar que nunca vão conseguir.

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De Keteleare - Mais um da linha de Griezmann, Dybala e João Félix?

No primeiro giro do final de semana, há 2 semanas (acessar aqui), falei sobre Dybala, Griezmann e João Félix.

Basicamente, comentei que são jogadores especiais e diferentes, pois não se encaixam em grupos e características da maioria.

Não são meias, não são pontas, não são atacantes, não são muito velozes, não fazem 1 gol por jogo, não driblam como um Neymar... mas pensam e jogam como ninguém, sendo capazes de serem os centros de grandes ataques, ativando companheiros e criando gols.

Bom, Charles De Ketelaere parece ir por aí.

Tem porte pra ser uma 9 de muita movimentação, mas não é 9.

Também não é muito veloz. Também não parece ser um cara para cifras goleadoras de um Mbappé. Acho que também não é um grande driblador.

Mas tem a capacidade de jogar por dentro, liderar um ataque e produzir gols. 

Me parece um jogador pior que os 3 citados anteriormente, com um estilo mais direto e simples de jogar. É até mais grosseiro, digamos.

Só que joga. E pensa. E cria.

Isso o faz estar acima da maioria absoluta dos pontas, meias e centroavantes, que não conseguem ter o conjunto de qualidades e valências de um De Ketelaere.

Que 2022/23 mostre a evolução de um jogador muito diferente. 

Será legal o acompanhar com Rafael Leão no Milan.

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Lewandowski em Barcelona - Sua simples presença maltrata adversários

Assim como no tema anterior, volto a citar um texto antigo.

Também no Giro#1 (acesse aqui), falei de Lewandowski no Barcelona.

Sua simples presença gera medo e respeito nos adversários, que sabem que podem fazer uma atuação impecável por 89 minutos e 59 segundos e ver o polonês jogar tudo fora no único segundo de bobeira.

Vivemos a Era da tática, dos números, que são importantes e ajudam no futebol.

Mas essas sensações são insuperáveis e mais decisivas que qualquer tática.

A insegurança que um atacante do nível do Lewandowski gera num zagueiro, muitas vezes, gera mais perigo que qualquer boa jogada trabalhada.

E falando em jogada, citei no texto antigo uma que o Barcelona pode tirar muito proveito na temporada: o cruzamento pra trás e/ou pra entrada da área.

Pedri fez seu gol assim neste final de semana, colocando 2-0 no placar.

Na jogada, apenas 1 zagueiro acompanhou Lewandowski, mas foi suficiente pra abrir o espaço pra chegada de Pedri.

Mesmo que apenas um marcador tenha se preocupado com o Lewan, os 11 do time sabiam que o foco era marcar ele.

E ele foi marcado, mas quando as atenções estão em um, surgem outros.

Com certeza veremos alguma jogada do Barça pelo lado em que Lewandowski vai se movimentar e arrastar toda uma defesa, ou mais de um jogador, consigo.

Quando fizer isso, outros estarão livre, e cabe ao responsável pelo cruzamento caprichar para transformar o passe em assistência.

Mesmo que esteja mal em algum jogo, Lewandowski é daqueles que nunca podem sair.

Ter um Lewan em campo é dar um golpe mental constante no adversário.

Como quem diz: faz o jogo da tua vida, se tu bobeares por 1 segundo... tchau.