Não dá mais pra empurrar as reformas com a barriga
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Não dá mais pra empurrar as reformas com a barriga

Com a recente rejeição da PEC do voto impresso pela Câmara dos Deputados para as eleições de 2022, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro, é hora de o Brasil se voltar para questões mais urgentes. As...

Paulo Mathias
3 min
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Com a recente rejeição da PEC do voto impresso pela Câmara dos Deputados para as eleições de 2022, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro, é hora de o Brasil se voltar para questões mais urgentes. As reformas estruturantes necessitam ser retomadas e votadas para o país andar pra frente. Não se tolera mais empurrar essas mudanças com a barriga.

Congresso Nacional 
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Desde o Plano Cruzado, na década de 80, em que se buscou criar soluções mirabolantes para a economia brasileira estagnada, com os erros e acertos cometidos na época, entendeu-se que a solução, ao longo do tempo, para esses problemas, deve partir do controle, otimização e redução da carga tributária, que pede a mudança de incentivos político-econômicos. O país se vê em meio à urgência de reformas, que parecem esquecidas por conta de banalidades que não contribuem em nada para o avanço do Brasil. Hora de o povo exigir que essas mudanças tomem lugar das notícias sensacionalistas que entopem os canais de comunicação e desviam a atenção de problemas que pedem solução há muito tempo.

Segundo o “Terraço Econômico”, espaço para discussão de assuntos que afetam nosso cotidiano, são seis as reformas mais urgentes para fazer o Brasil andar pra frente. Em primeiro lugar, destaca-se a Reforma Tributária, para a qual, segundo o site, deve haver uma simplificação tributária, reduzindo custos da população, referentes a ações estatais, otimizando o uso desses recursos, com o corte daqueles que não nos beneficiem. Hora de mudança. Outra reforma, no meu olhar, uma das mais urgentes para o país, é a Política. Sabe-se que, independentemente de quem ocupa um cargo político de destaque, o Brasil detém recursos disponíveis diversos, além do foro privilegiado, que oferece aos parlamentares o direito de expor suas ideias, sem punição, o que o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) considera uma “licença para cometer crimes e não ser julgado com rapidez”. O retrato do país em que “tudo pode e nada se deve”. Assim fica difícil tentar mudanças a curto prazo. Mas devemos atentar para essa realidade e votar de forma consciente – se é que isso basta – a fim de que se consiga reverter um status estagnado há tempo. Além disso, urge uma Reforma Econômica, em que, como diria o economista Fabio Giambiagi: “O Brasil precisa decidir se é capitalista ou não”. Com isso, deve-se discutir a respeito de uma abertura comercial, permitindo a aquisição de melhores tecnologias, abrindo o mercado para novas transações, assim como facilitar o acesso de pequenos empreendedores a recursos que são direcionados a grandes grupos empresariais do país para financiar seus empreendimentos por bancos denominados de “desenvolvimento econômico e social”. Esta reforma vem aliada à Reforma Orçamentária, em um período de crescimento do nosso PIB e da arrecadação. De acordo com o ex-presidente americano John Kennedy, “A melhor hora de se consertar o telhado é quando o sol está brilhando”. Pena que nossos governantes não tenham o mesmo pensamento e que se prendam a questões de menor interesse para o brasileiro, mas que certamente satisfazem a si próprios, no comando de uma nação que espera por essas reformas e que se depara com promessas em lugar de ações.

Para tanto, não basta que coloquemos essas expectativas em nossos candidatos às eleições. É nossa responsabilidade como cidadãos, ter uma participação mais ativa para questionar as ações realizadas pelo poder público, desde atos que possam causar algum dano posterior, como outros em que se veem omissões surpreendentes, como a postura da ex-presidente Dilma Rousseff que levou mais de um ano, em seu mandato, para admitir que o país se encontrava em uma complicada crise econômica. E nós, como sociedade, temos obrigação, diante de fatos como esse, de exigir nossos direitos e pressionar o setor publico a tomar decisões que sejam favoráveis à maioria, exigindo as reformas – o que sabemos não ser nada fácil. É hora de agirmos para modificar a realidade caótica que se apresenta no nosso país, ou iremos reeditar a década de 80, com alta de desemprego, redução da renda familiar, crise na saúde e educação e tantas outras questões que desfilam à nossa frente. Essas reformas precisam sair do papel. Chega de demagogia, o Brasil pede ação. Hoje, vivemos as consequências de nada termos feito para isso. Hora de arregaçar as mangas e partir para atitudes que nos tirem do marasmo atual. Em frente.