No último fim de semana fui assistir à nova versão de “Space Jam: O jogo do século”, de 1996, e saí do cinema bastante decepcionado. Trata-se da sequência do famoso filme da década de 90, que une Michael Jordan, astro do basquete norte-americ...
No último fim de semana fui assistir à nova versão de “Space Jam: O jogo do século”, de 1996, e saí do cinema bastante decepcionado. Trata-se da sequência do famoso filme da década de 90, que une Michael Jordan, astro do basquete norte-americano e a turma dos Looney Tunes. Filme que marcou minha infância e me fez reprisá-lo por um bom tempo. Com o passar dos anos e a crescente imposição de regras pelos “politicamente corretos” e a turma dos mimimis, era de se esperar que o resultado do novo filme deixasse a desejar. Mesmo assim, eu ansiava por algo melhor. O que fica pra mim do novo filme é uma produção de motivação rasa, com uma única intenção: a de usar um ídolo do basquete, no caso, LeBron James, ao lado de grandes personagens, com oobjetivo de promover o estúdio. Além de envolver outras questões que contribuem para o insucesso da saga, exagerada em efeitos visuais, porém de conteúdo fraco. Um verdadeiro “pastel de vento”. | ||
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Após o ex-astro do Chicago Bulls ter reunido, em 1996, o Looney Tunes para um épico jogo de basquete, o que trouxe sérias consequências para seus destinos, tentou-se fazer o mesmo com o astro de Los Angeles Lakers, no atual filme de “Space Jam”. Porém, embora possa entreter as crianças com seus efeitos coloridos e a dinâmica das cenas, não vai além. O filme, que se propõe a ser uma história de conexão entre pai e filho para aprendizagem de valores como empatia e respeito pela individualidade, acaba falhando em razão da pobreza do roteiro e da interpretação dos protagonistas. Outro ponto que contribui para o fracasso da nova versão é a atuação morna de personagens do Looney Tunes, como Pernalonga, que em nada contribui para elevar a imagem de “King James” na quadra, como fez com Jordan, na versão anterior. O que se sente é que, desde a primeira cena, “Um Novo Legado” não se preocupa em criar uma verdadeira relação entre os personagens que ultrapasse uma ou duas frases. Com esperança de que algo pudesse mudar ao longo da exposição do filme, permaneci até o final, porém a cada nova cena minha insatisfação aumentava e surgiam novas contestações. | ||
O que fica nítido para o público é a real motivação do filme – que deixa transparecer isso o tempo todo – o de promover o estúdio, por meio de um astro do basquete, ao lado de grandes personagens. Quem assistiu à primeira versão, de 1996, lembra que Jordan, a NBA e a Nike eram o foco, ao contrário do que ocorre com a nova versão, para uma geração mergulhada na estética dos jogos. Assim, “Um Novo Legado” segue a velocidade que os feeds das redes sociais pregam atualmente. E o meu desencanto não para por aí. Senti falta de um personagem, banido das telas pelos que se consideram “politicamente corretos”, o “Pepe Le Gambá”, acusado de assediar a coelha, Lola Bunny, na saga anterior. Segundo a turma do “não me toque”, Pepe estaria relacionado à cultura do estupro e, por isso, a cena em que o personagem se encontra em uma ambientação parecida com o filme “Casablanca” (1942), e, como barman, tenta beijar o braço de uma personagem, no caso, a atriz brasileira Greice Santo, que daria um tapa em Pepe, foi cortada do filme atual. Além da repreensão que sofreria por parte de LeBron James. E assim, caminha a Humanidade, em meio aos cortes e proibições, de acordo com critérios que podem desagradar muita gente. | ||
Não bastando tudo isso, o filme possui somente protagonistas negros, mas que tem, no Brasil, uma divulgação apenas por influenciadores brancos, o que vai contra a atual “filosofia” do cinema, que é a inclusão das diferenças, tanto nas telas quanto nas campanhas publicitárias do filme. Nesse sentido, o influenciador Gerson Saldanha escreveu: “Não estou querendo dizer que apenas negros devem falar de filmes negros, as distribuidoras precisam ter um pouco mais de senso, ou assistir a filmes que elas distribuem”. Na verdade, o que ele quis dizer é sobre a unanimidade de divulgadores no Brasil serem brancos. Para Gerson, o que falta é a “mistura” de raças em ambas as situações, em que cada um possa dar o seu recado. Mais uma falha da produção do novo “Space Jam”. Para completar a série de pontos negativos que tornam o filme uma “chatice” é o novo visual da coelhinha, Lola Bunny, por sinal, bastante antropomórfico, em que foram substituídos os shortinhos curtos e um top revelador da primeira edição, por um uniforme comportado do time. Muitos fãs se manifestaram, dizendo que a aparência sexy da personagem deveria ter sido mantida, mesmo que seus valores feministas aflorassem na nova versão. Assim com as piadas sem consistência que surgem ao logo das cenas. Ou seja, situações inúteis que só levaram a perder. | ||
Quem tiver em mente reviver momentos da infância, que marcaram gerações como a minha, com certeza, vão sair decepcionados, como eu. Cansado dos mimimis que ocupam espaço da mídia atual, em diferentes canais, como reflexo dos “falsos moralistas”, para quem tudo tem um senão, só posso lamentar que clássicos como “Space Jam”, da década de 90, se percam no tempo, envoltos em uma censura desmedida, que busca apagar memórias que fizeram época. Prefiro guardar comigo a primeira versão, que tantas alegrias proporcionou a mim e a muitos que tiveram o privilégio de acompanhá-la. |