Sobrevivencialismo, autossuficiência e o processo
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Sobrevivencialismo, autossuficiência e o processo

Você sabe o que é sobrevivencialismo? Nos EUA, os mais famosos são os que se preparam para os grandes desastres ou apocalipses (e tem para todo gosto: meteoro, vírus, colapso financeiro, guerra atômica, etc.) e muitas vezes são motivos de pia...

Pedro Fornaza
5 min
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Um texto que eu escrevi

Você sabe o que é sobrevivencialismo? Nos EUA, os mais famosos são os que se preparam para os grandes desastres ou apocalipses (e tem para todo gosto: meteoro, vírus, colapso financeiro, guerra atômica, etc.) e muitas vezes são motivos de piada. Basicamente, o propósito é se preparar para sobreviver a uma grande catástrofe. E não só ficar vivo, mas como prosperar depois.

Você pode não concordar com eles, ou com a certeza da catástrofe que eles têm (fique tranquilo, eu também não concordo haha), mas uma coisa é fato: essas pessoas se sentem muito bem e são felizes quando conseguem atingir seus objetivos e “se preparar”. Uma grande parte dessa felicidade, na minha opinião, vem do fato de que, além da segurança que eles supostamente têm, eles agora tem mais autossuficiência, ou seja, eles podem contar com eles mesmos para suas necessidades.

Quanto do que você consome hoje é você mesmo que produz? Com sorte, talvez 1%. Hoje vivemos em um grande sistema, que proporciona a todos um conforto maior e mais recursos, com o custo de que tudo hoje é especializado, separado, e poucas pessoas conhecem o processo inteiro de alguma coisa.

Essa especialização traz consigo exatamente a falta de autossuficiência. No trabalho viramos executores de um processo. Apertamos botões, empurramos carrinhos, imprimimos papéis e falamos ao telefone. Tudo isso torna o trabalho muito mundano e repetitivo, e quando qualquer problema ou anomalia acontece, é só você parar e chamar o responsável.

A falta de autonomia vira uma força para alguns negócios, já que é fácil substituir as peças (pessoas), mas ao mesmo tempo acaba com a satisfação das mesmas peças. Quem tem perfil e inclinação, vira empreendedor, e mesmo com todos os altos e baixos, é feliz, sabendo que só depende de si mesmo para avançar e se perder, a culpa é só sua.

No livro “A coragem de não agradar”, os autores discutem a psicologia adleriana (as teorias do psicólogo Alfred Adler), em que Adler define que os objetivos fundamentais do ser é a autossuficiência individual e a cooperação dentro da sociedade. Ou seja, sem isso, a pessoa não vai ser feliz. Pelo menos não por completo. Ela deve buscar a sua independência. Seja dos pais, dos amigos, do trabalho, etc.

Vivemos hoje um mundo diferente de 50, 70 anos atrás. Lá, a fidelidade à empresa era valorizada. Você deve escolher uma empresa que paga suficientemente bem, ficar de cabeça baixa, fazer o que mandam e ir para casa quando der a hora. O quanto você gosta ou não do trabalho não importa. Contanto que você execute sem problemas a sua tarefa, tudo vai estar bem.

A mecanização, melhoria do ensino e a modernização da sociedade foi mudando essa percepção. Os trabalhos se tornaram cada vez mais criativos e menos repetitivos, mais intelectuais e menos manuais. Essa diferença na natureza do trabalho cria necessidades diferentes nas pessoas também. Antes, o que satisfazia era o hobby, hoje deve ser o trabalho. Antes o importante era a estabilidade, hoje é o pertencimento, o alinhamento cultural.

Acredito que parte das necessidades das pessoas no trabalho hoje, podem ser resolvidas com mais autonomia e autossuficiência. É nosso papel como líderes capacitar as pessoas, permitir que elas experimentem, errem e aprendam.

Entregar essa tão sonhada “liberdade”, mesmo que parcial, pode fazer mágica na produtividade das pessoas e consequentemente da empresa. O ambiente altamente controlado das linhas de produção podem dar espaço aos estúdios e salas de reunião, lousas e folhas de papel.

Apesar dos grandes benefícios dessa mudança cultural, quando ela acontece temos que enfrentar outras dificuldades, como o burnout, mas é história pra outro dia…


Um insight que eu tive

https://www.youtube.com/@MySelfReliance

Esse canal é de uma pessoa que foi viver em uma propriedade isolada e ele mesmo construiu a casa, etc. Eu gosto muito dessa pegada de vida “fora do sistema”, viver uma vida mais pacata e isolada. Uma parte dessa atração, provavelmente venha exatamente dessa sensação de autossuficiência que falamos antes e a percepção diferente do tempo. Em um dos vídeos, enquanto ele construía a casa, eu pensei assim: “ele está fazendo do jeito mais difícil, vai demorar muito mais, tem ferramenta melhor pra usar”. E eu tinha razão. Pelo menos do meu ponto de vista. Mas pensando um pouco mais eu percebi que esse não era o objetivo. Por que ele faria mais rápido? Onde ficaria o prazer de fazer, se ele não pudesse aproveitar cada segundo? Ele teria pressa pra quê?

Fica ai um convite para você viver uma vida um pouco mais lenta, com menos relógio cronológico, menos pressa e, quem sabe, mais prazer.


Uma série que eu gostei

F1: Dirigir para Viver na Netflix
F1: Dirigir para Viver na Netflix

Uma das coisas que sempre me impressionaram foi a competitividade e a capacidade de dedicação de algumas pessoas, principalmente atletas. Na série, é possível a gente ver que os pilotos e os gestores têm muita paixão pelo esporte, às vezes acabam tendo conflitos por isso e nem tudo é racional. Por outro lado, vemos que o lado “business” é sim muito forte, e faz toda a diferença em muitas decisões que são tomadas e favoritismos. De qualquer forma, é sempre interessante poder ver atrás das cortinas de um negócio tão grandioso e que move tantas pessoas e dinheiros. Sempre há lições que podemos tirar de lá. Para mim, a principal foi: não importa quem você é, no final o que vale é sempre o resultado.

Fique tranquilo, você não precisa gostar de F1 para gostar da série (ou quem sabe pode até descobrir que gosta).


O que você achou? Me conta a sua opinião.

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