Dois fatos importantes ocorreram nessa semana, e apesar de sua suma importância, e foram rapidamente divulgadas pela mídia. Esse caráter rápido (e talvez maquiado) tenha impedido o chamamento da atenção coletiva sobre esses dois fatos...
Dois fatos importantes ocorreram nessa semana, e apesar de sua suma importância, e foram rapidamente divulgadas pela mídia. Esse caráter rápido (e talvez maquiado) tenha impedido o chamamento da atenção coletiva sobre esses dois fatos: os cortes no Orçamento de 2022 e a interdição de doses da Coronavac pela Anvisa. Vamos aos detalhes. |
Cortes no Orçamento 2022- No início dessa semana, o governo, por iniciativa do presidente Jair Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes, entregou o documento do Orçamento 2022 para ser analisado pelo Parlamento. Guedes, o Sinistríssimo elaborador do documento, adiantou que o "orçamento está dentro dos limites impostos pelo teto dos gastos". |
Enquanto os congressistas ainda não terminam a sua apreciação, as mídias adiantaram a informação de que o texto do Orçamento apresenta, entre outras coisas, o reajuste salarial exclusivamente para os militares mantendo congelados os salários dos civis, e alguns cortes, que já sabemos de antemão a atingir os serviços públicos essenciais à população. Mais do que já estão. |
Enquanto ainda não chega resposta dos congressistas, Bolsonaro adiantou que para as contas do Orçamento serem aprovadas, "foram necessários alguns ajustes". Com base nessa alegação, o próprio já adiantou uma velha novidade já constada no documento: um corte de 85% dos recursos destinados à vacinação contra a Covid19 para 2022. |
Apesar da alegação de "não ultrapassar os limites do teto dos gastos", o anúncio não só revela um um corte em si, mas uma verdadeira tesoura voadora no futuro da saúde dos brasileiros já a partir do ano vindouro, pois pode representar uma verdadeira ameaça com os já esperados novos cortes nos aportes de recursos para a saúde em 2022. |
Interdição- Como desgraça pouca é bobagem, as mídias divulgaram essa: a Anvisa interditou mais de 12 milhões de doses da Coronavac enviadas ao Ministério da Saúde pelo Instituto Butantã, que fabrica a vacina em parceria com a farmacêutica Sinovac, que cria e fornece o IFA e os insumos à instituição paulista. Suspensa a distribuição aos Estados, as doses seguem retidas no MS até segunda ordem. |
Alegação da Anvisa é a de que a unidade fabril dos lotes interditados não tinha sido autorizada para essa função, ocasionando a reação do diretor da instituição paulista Dimas Covas, de que a referida unidade atende aos rígidos requisitos de controle de qualidade exigidos, e ainda soltou convidou os "técnicos da Agência de revisitar as instalações da Sinovac" na China. |
Em paralelo, em 5/9 a Globo News revelou ter havido atendimento com doses de um dos lotes interditados na cidade do Rio de Janeiro, o que sugere uma distribuição prévia à decisão da Anvisa. De imediato, a Secretaria Municipal de Saúde suspendeu o lote após vacinar 1206 pessoas, até nova ordem da agência reguladora. O Butantã respondeu a isso insistindo na segurança das doses já aplicadas. |
Reflexão- Nessa situação toda, é fácil reparar que a área mais nevrálgica inerente aos dois fatos é a saúde pública. Como desgraça pouca é bobagem, os cortes ocorrem justamente em época de explosão da nova onda de Covid19 protagonizada, até o momento, pelas variantes dos grupos Delta (indiano) e Gama (Brasil). |
Em se tratando de Covid19, aliás, vale salientar que os cortes no Orçamento 2022 para a saúde pública vão afetar tão severamente a aquisição de vacinas que correremos um sério risco de simplesmente não termos vacinação contra a sindemia no ano que vem, enquanto vários países já aplicam a terceira dose (reforço). |
Nesse sentido, corremos risco de africanização da nossa situação, uma contradição inaudita na curva da histórica tradição de vacinação em massa como uma das nossas políticas públicas mais aplaudidas em todo o mundo: o exemplo que sempre fomos para o mundo cai por terra na era Bolsonaro. |
Por culpa da inconteste e proposital incoerência do governo, pois a geral do próprio MS entrou em negócios bilionários irregulares de supostas aquisições de vacinas "fantasmas", reveladas e cuidadosamente arquivadas na CPI da Covid - tudo isso na conivência de Guedes, que agora se desculpa o teto de gastos para justificar seus cortes assassinos. |
Não há como apontar adjetivos positivos para 2022 na temática sociopolítica envolvendo o governo Bolsonaro. Seriamente ameaçados de ficarmos sem vacinas no ano vindouro, nos tornaremos do povo mais vacinado para o mais pestilento do mundo. Só o ditador da Guiné-Bissau teria inveja de nós. |