Cumbre Vieja e governo: qual dos riscos é maior?

        Não basta a sucessão de notícias explosivas envolvendo o governo. Surgiu uma novis que impactou os brazucas: a de que nosso amado litoral possa ser atingido por tsunamis vindos do outro lado do oceano Atlântico.

        Emitida por várias mídias, a notícia explodiu nas redes, e foram muitas exclamações de temor e surpresa. A midiatização do tema, já carregada de certo tom sensacionalista, foi ainda mais sensacionalizada em muitos comentários. Vários canais do YouTube também exploraram o tema, alguns sugestivos de conspirações, outros nem tanto.

        O causador desse possível tsunami - se é que existirá - é o vulcão Cumbre Vieja, nas ilhas Canárias, território autônomo da Espanha. Situado diante da costa marroquina, no noroeste africano, o arqupélago das Canárias se juntam ao da república de Cabo Verde e os lusitanos Acores e Madeira para compor a Macaronésia, espalhada por toda a dita costa noroeste. 

        Todas essas ilhas têm em comum a origem vulcânica, oriunda de processos tectônicos no fundo do cobiçado mar Mediterrâneo. É, este só atrai pelo azul e pelos corais mesmo, mais nas profundas ele assusta. Tem uma falha geológica enorme e é cheia de vulcões, atrativo para os vulcanólogos e geofísicos.

        O Cumbre Vieja dá um toque a mais na bela paisagem de La Palma, a ilha mais ativa das Canárias, que por mais ou menos uma semana foi palco de dezenas de milhares de tremores de terra, alguns destes localizados até no fundo marinho próximo de seu litoral. Domingo último, dia 19, ele entrou em erupção, em estilo à moda dos vulcões havaianos ou da Islândia, com rios de lavas a queimar e engolir tudo à frente e a causar evacuações.

        Enquanto isso, a comitiva do governo Bolsonaro viaja para os EUA, ara participar da reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), para tratar de vários temas, como a C19 e outros desafios sociais, econômicos e ambientais. Cheio de marra, disse não ter se vacinado e se recusa a vacinar. Apesar de oficial, a justificativa das autoridades de ser Bolsonaro chefe de Estado é criticável, pois ele se recusou mostrar o obrigatório comprovante de vacinação.

        Enquanto a tal tsunami é aguardada no litoral, o sinistro Guedes asisste placidamente as votações de suas ameçadoras "reformas", bem como a notícia de que os segurados do INSS vão pagar perícias a partir do dia 23/9, e nos EUA Bolsonaro e sua caterva são barrados na pizzaria, em casa de cultura e são alvos de protestos populares em Nova York, sede da ONU. Hoje o presidente seguiu à tribuna para verborragiar mentiras e distorções  conspiratórias sobre tudo que acontece no Brasil, por mais de meia hora.

        O desfile de mentiras repercutiu feio nas redes e nos grandes meios de comunicação. Se soube à meia boca que vários chefes de Estado ou seus representantes saíram da tribuna em meio à verborreia. Pois todo mundo lá fora sabe do que realmente acontece aqui, fazendo com que as mentiras do governante sejam apenas esfarrapados panos frios inúteis que só valem para seus apoiadores fanáticos.

        De que podemos saber ser tácita verdade é a capacidade de distribuir maldades e ódios por todos os lados. Mesmo que o feitiço se vire contra o feiticeiro incontáveis vezes desde 2019. E também de que o litoral brazuca pode ficar tranquilo, garantem os geólogos - em triste constatação de que o maior perigo risco ao Brasil está na entranha Brasília, lotada de parasitas comedores de direitos, de justiça social, de vidas. Até a tsunami nos evita.