Zezinho era um aluno muito esperto, mas um tanto disperso. Pensava no seu próprio futuro. Sua professora já sabia desse perfil, mas não se contentava, pois o rendimento escolar dele estava medíocre. Por outro lado, entendia que aquela dispers...
Zezinho era um aluno muito esperto, mas um tanto disperso. Pensava no seu próprio futuro. Sua professora já sabia desse perfil, mas não se contentava, pois o rendimento escolar dele estava medíocre. Por outro lado, entendia que aquela dispersão podia ser genialidade. Sabia que ele não parecia afeito a nenhuma das disciplinas de escola, mas porém, criatividade ele tinha e muita. Nos jogos ele ganhava praticamente todas, e respondia às perguntas difíceis com facilidade. |
- Zezinho, tenho prestado muita atenção e você e sei que deve pensar na profissão futura. O que você quer ser quando adulto? |
- Fessora, tenho pensado muito... a única coisa que gosto mesmo é mexer com grana. |
- Quer ser economista? |
- Não sei... |
- Seria bom você fazer um teste vocacional. Se você quiser, a gente consulta um psicólogo pra saber melhor. |
- Beleza, fessora. |
E assim foi feito. Com aval da mãe, que ficou feliz em saber que o filho já pensa no amanhã, eles foram ao consultório de um psicólogo não muito longe da escola e da residência. Lá, o psicólogo mostrou ao menino uma série de formulários para preencher, e perguntas para responder. No final dos testes, ele disse para pegar o resultado em 3 dias. Zezinho e a professora assentiram. Três dias depois, professora e aluno retornaram ao consultório para pegar o resultado. O psicólogo notou que a professora parecia mais curiosa do que o menino, mas simplesmente mostrou os papeis, para completar depois: |
- Ele disse que deseja ter ficha corrida. |
A professora quase teve um piripaque. Ficha corrida!, vê se pode! |
- Ah, fessora, aqui no Brasil é a melhor profissão que existe. Olha o presidente da Câmara dos Deputados em Brasília! |
ROSSINI, Salete. Teste vocacional, in: ______. Cenas da vida urbana, crônicas do real. Outubro de 2021. |