A hipocrisia do sertanejo brasileiro
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A hipocrisia do sertanejo brasileiro

Quem diria que uma tatuagem no "tororó" gerasse tanta confusão!!

Gerson Bima
6 min
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No começo do ano passado, surgiu e viralizou rápido nas redes sociais um vídeo que mostrava a cantora Anitta tatuando seu ânus. Como tudo que é fútil, fez barulho durante três, quatro dias, e logo depois foi substituído por outra futilidade nacional, caindo no esquecimento do brasileiro.

Passado mais de um ano desse fato, eis que um show na cidade de Sorriso (MT) no último dia 12 de maio, o cantor Zé Neto (não conheço), que faz dupla sertaneja com Cristiano (ah sim...também não conheço) resolveu do nada, mandar uma indireta para alguém aleatório (como ele mesmo postou de forma irônica logo após seu declaração), arrotando uma moralidade sobre como faz seus shows (“Nós estamos aqui e não dependemos de Lei Rouanet, o nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no 'toba' para mostrar que a gente tá bem ou não").

É óbvio que a única pessoa pública que tatuou o “toba” foi Anitta, e após essa declaração, tanto os fãs da cantora, como qualquer pessoa que tenha e use o cérebro começou a fuçar o histórico desse homem íntegro, que preza pela moralidade.

Antes de continuar, um pequeno registro: esse Zé Neto é o mesmo que tem várias fotos em redes sociais de sunga de praia atochada, marcando seu órgão genital, como se não fosse de propósito que as fotos foram tiradas; isso sim é um “cidadão de bem”!

E como tudo que o Bolsonarista defende é falso, logo começaram a surgir as “mamatas” que essa vertente “musical” apoiadora do atual governo tem: show milionários, feitos sem licitação, em cidades paupérrimas, sendo que em algumas delas o dinheiro destinado para a educação e saúde foi usado para o pagamento dos cachês desses seres puros, íntegros e honestos, já que seus shows “movimentam a economia (venda de cachorro-quente, pipoca e cocadas) dos lugares que os recebem”, como os passadores de pano alegam em suas defesas.

Sobre a Lei Rouanet, tão criticada pelo atual desgoverno(e seus apoiadores que nunca leram como ela funciona, obviamente), fica aqui um breve resumo de como ela funciona: A lei é um mecanismo de incentivos fiscais, ou seja, uma forma de estimular o apoio da iniciativa privada ao setor cultural.

Dessa forma, o governo abre mão de parte dos impostos (que recebe de pessoas físicas ou jurídicas), para que esses valores sejam investidos em projetos culturais que ajudam a mudar e até transformar o cenário da comunidade.

As propostas passam, inicialmente, pelo MinC, que faz uma análise da proposta e a encaminha para especialistas ou a alguma entidade afim à área do projeto, que vão verificar a viabilidade do projeto.

Depois de um parecer, a proposta vai para a CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura), que vai decidir em votação pelo deferimento da proposta.

Aí começa a busca do proponente por empresas que se disponham a investir no projeto em troca de isenção fiscal.

Ou seja, o governo não coloca NENHUM CENTAVO DO DINHEIRO PÚBLICO para que os artistas façam seus shows; eles apenas, de posse da aprovação do apresentado, passam a correr atrás de patrocínios, que serão abatidos pelas empresas patrocinadoras quando da prestação de conta nos pagamentos de impostos.

Resumindo: a MAMATA que os Bolsonaristas tanto falam, não verdade não existe da forma que eles berram; ela existe sim, porém através de shows pagos por prefeituras sem regras para determinados cantores, que normalmente apóiam...o atual governo!! Coincidência né?

Bastou que a sociedade tivesse acesso a essa MAMATA dos sertanejos, para que o meio ficasse em polvorosa: Gusttavo Lima ameaçou “jogar a toalha” (estamos na torcida para que ele cumpra a promessa), e chegou ao ponto da hipocrisia de afirmar que “não tinha como saber de onde vem o dinheiro de seu cachê”, sendo que ele cuida de sua carreira há anos, ou seja, uma mentira; mas é claro que ele não sabe, saberia apenas se fosse um defensor da ”esquerda-comunista-socialista-vermelha brasileira”. Isso sem citar sua live chorando, se fazendo de vítima, como se receber R$ 1 MILHÃO de uma prefeitura como a de Magé (RJ), não fosse um crime, vide a realidade da saúde e da educação na cidade.

Porém o show de aberrações não acabou: Sérgio Reis, o morto-vivo do setor veio a público afirmar que o “dinheiro das prefeituras não é público”, e público somente seria o dinheiro da Lei Rouanet. Se você tem e usa o cérebro, sabe que essa declaração foi mais uma idiotice dita pelo integrante brasileiro do seriado “The Walking Dead” (como zumbi, para não ficar nenhuma dúvida).

E o chororô dos sertanejos pelo visto continuará: algumas prefeituras já cancelaram os shows contratados após toda a polêmica, como o que o “Embaixador da Mamata” Gusttavo Lima faria na cidade de Conceição de Mato Dentro (MG) no dia 20 de junho, e que lhe renderia “apenas” R$ 1,2 MILHÃO!!!Bruno e Marrone também tiveram seu show (valor de R$ 520 mil) cancelado na mesma cidade.

Após a polêmica, o “cidadão de bem e moralista” Zé Neto veio a público pedir desculpas pela frase dita:     

“Nunca, pela vida dos meus filhos, a nossa intenção foi incitar o ódio. A gente se expressou de uma maneira porque quis mostrar o lado de quem vive do agro, da roça. De quem vai tirar leite, monte em um trator”. Claro, em um país divido desde 2019 como o Brasil, esse tipo de frase jamais incitaria o ódio, que isso!!

O “cidadão de bem arrependido” continuou: “Em algumas coisas confirmo meu ponto de vista, em outras não. Acho que a gente é livre para escolher o que é, cada um tem seu ponto de vista. Cada um tem seu posicionamento e independentemente disso acho que estamos aqui representando música. Me desculpem as pessoas que se sentiram ofendidas”, disse o sertanejo, em tom mais pacífico. Falou, falou, e para variar, não disse nada!

Ou seja, apesar de ter pedido desculpas, ele defendeu seu ponto de vista; isso é a famosa desculpa para agradar os fãs. É a mesma coisa que ter falas racistas, e depois fazer vídeo e postar no Instragam falando que “eu até tenho amigos negros” ou a clássica “quem me conhece sabe que não sou racista”.

Agora, o “moralista” Zé Neto está sendo alvo de todos os integrantes do meio sertanejo-mamateiro, já que devido a sua alfinetada sem motivo, a mamata do setor com o dinheiro público começou a ser fiscalizada.

Porém isso não é novidade; quem é alienado e fanático pelo atual desgoverno age exatamente assim: eles precisam estar sempre criando casos, ressuscitando assuntos já ultrapassados, para demonstrarem uma moralidade, uma honestidade e um respeito que somente na mente deles existem. Porém quando os demais se aprofundam esses assuntos que eles tanto defendem, vem à tona o oposto do que eles defendem, mostrando que em matéria de hipocrisia e mau-caratismo, não tem para ninguém quando a disputa envolve os fanáticos apoiadores da direita brasileira.